sexta-feira, 12 de maio de 2017

O Laço Mental - Alexandre Cardia Machado

O Laço Mental




Krisnamurti de Carvalho Dias no seu livro O Laço e o Culto fala sobre a religião como um laço, uma união entre pessoas que comungam da mesma ideia.

Muitas vezes nos perguntam se o jornal ABERTURA tem uma pauta, uma reunião de definição de assuntos que devem ser escritos. A verdade é que isto não existe, temos sim em muitas edições um laço mental entre os articulistas.

Esta edição é uma delas, temos dois artigos que tratam profundamente do livre-pensamento, um de nosso editor Alexandre Machado e outro de Ricardo Nunes, na coluna do CPDoc. São artigos que se complementam e ajudam a propagar nossa maneira de pensar o mundo.

Reinaldo di Lucia tem seu trabalho, apresentado no SBPE em 1995 citado no editorial abaixo e também parcialmente reproduzido na coluna Espiritismo para o Século XXI.

Roberto Rufo, na coluna Fato Espírita comenta o livro Revolução Espírita de Paulo Henrique de Figueiredo, este que estará em Santos em Março no 12° Forum do Livre-Pensar da Baixada Santista, vejam os detalhes na capa do Abertura.

Creio que estas coincidências, são na verdade união de pensamento, demontra a força de nosso pensamento plural, livre-pensador. Na página 8, Roberto Rufo aborda a questão do preconceito de cor algo que ao tempo de Kardec, já haviam algumas considerações, mas que nos dias de hoje, todo este modo de ver e pensar foi atualizado e o Espiritismo não pode ficar para trás. Hoje nosso grupo enfrenta de frente todo e qualquer ataque à liberdade do ser humano.

Esta força plural, aberta, nos motivou a mudar um pouco nosso logotipo, queremos reforçar a ideia de abertura de pensamento e de pluralidade. Nosso jornal tem o subtítulo Jornal de Cultura Espírita o que nos impulsiona para a necessidade de nos abrirmos aos fatos. Tem também em sua barra azul a frase Espiritismo – Ciência da Alma, pois o que importa mais ao espiritismo são as coisas que afetam o ser humano e sua alma encarnada.

Já temos hoje um conjunto de ideias estabelecidas que cada vez mais nos aprofundamos, buscando com isto desenvolver o progresso do Espírito, foco da Ciência da Alma. O nosso movimento progressista já é um segmento separado do Espiritismo à Brasileira, somos um grupo que trabalha, dedica-se a ratificar a ideia de um Espiritismo Livre-Pensador.

NR: Artigo publicado no Jornal Abertura - Janeiro/Fevereiro de 2017


quinta-feira, 4 de maio de 2017

Kardec e os desertores - por Eugenio Lara

KARDEC E OS DESERTORES, por Eugenio Lara

Nota do Redator: Destacamos neste mês o trabalho apresentado por Eugenio Lara, em 2013 no 13° Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, Lara ressalta a dificuldade de manter alinhadas as diversas personalidades que participaram da construção do Espiritismo.

Daremos ênfase a dois sub-capítulos, esperamos capturar o sua atenção e para a leitura do trabalho completo é só visitar o blog do ICKS. Fiquem com Eugenio Lara


***
Nos últimos escritos de Allan Kardec, podemos observar sua preocu-pação para com os rumos do Espiritismo, com os desertores, com as divi-sões que o incomodavam. Segundo ele: “Se todas as grandes ideias tiveram apóstolos fervorosos e devotados, mesmo nas melhores tiveram desertores. Não poderia o Espiritismo escapar às consequências da fraqueza humana”. (Os Desertores, em Obras Póstumas). Neste texto, o fundador do Espiritismo desenvolve interessante caracterização dos vários tipos de desertores:

1. Os primeiros desertores consideravam o Espiritismo apenas como divertimento, passatempo, distração social. No século 19, com o modismo das mesas girantes ou dançantes, o Espiritismo como fenômeno ocupava o tempo da elite nos salões parisienses, atraindo a curiosidade e o interesse pelo oculto. No entanto, quando essas mesmas pessoas viram que o Espiritismo era algo sério e não simples objeto de entretenimento, se afastaram.

2. Na segunda categoria se inserem os que viam no Espiritismo uma forma de ganho pessoal, um negócio vantajoso. Seu desejo era obter dos espíritos informações que lhes desse algum tipo de benefício: ganhar na loteria, achar algum tesouro escondido etc. qualquer tipo de vantagem material, pecuniária. Porém, logo se afastaram quando perceberam que o Espiritismo emergia como ciência e filosofia, como uma doutrina séria, racional e, portanto, jamais se prestaria aos seus interesses frívolos. “É destes que se constitui a categoria mais numerosa dos desertores, mas vê-se perfeitamente que não se pode, conscienciosamente, qualificá-los de espíritas”, conclui Kardec.

3. A terceira categoria se caracteriza pela ação dos espíritas de contrabando (spirites de contrebande): “Pregam a união e semeiam a cisão; atiram ardilosamente à arena questões irritantes e ofensivas; excitam a rivalidade de preponderância entre os diferentes centros.” A única utilidade dessa categoria de desertores foi a experiência obtida: “Ensinaram o verdadeiro espírita a ser prudente, circunspeto e não se fiar nas aparências.”

4. E por último, aqueles espíritas que, por divergirem do Espiritismo, se afastaram e seguiram outro caminho. Allan Kardec os divide em dois tipos: a) Os que são guiados pela sinceridade e b) Os que são guiados pelo amor-próprio.

Os primeiros não podem ser considerados desertores porque têm o pleno direito de divergir e buscar outro caminho, pois são sinceros e guiados “pelo desejo de propagar a verdade”.
Quanto à segunda subcategoria, Kardec é bem claro e incisivo: “Seus esforços tendem unicamente para se porem em evidência e captarem a atenção pública, satisfazendo seu amor-próprio e seu interesse pessoal.”

O fundador do Espiritismo enfrentou todo tipo de desertor, desde o mais frívolo até o mais preparado. Essa categorização é fruto da experiência, de seu olhar perspicaz e observador, podendo inclusive ser aplicada na aná-lise do movimento espírita contemporâneo.

O caminho apontado por Kardec para a superação dos conflitos e da rivalidade entre grupos e pessoas é moral, ético: “Espíritas! Se quiserdes ser invencíveis, sede benevolentes e caritativos. O bem é uma couraça contra a qual sempre se anulam as manobras da malevolência.” E, para finalizar, não deixa de lado seu ufanismo e o otimismo exagerado ao ver o intenso desenvolvimento do Espiritismo num curto espaço de pouco mais de dez anos: “A vulgarização universal do Espiritismo é questão de tempo, e, neste século, o tempo caminha a passos de gigante, sob o impulso do progresso”.

Allan Kardec era um homem prático, empreendedor. Ele apontou um caminho moral, ético, mas não se limitou a esse discurso. Ciente da força filosófica do Espiritismo e de sua capacidade de penetrar no âmago das consciências, propôs o Projeto 1868. Publicado inicialmente na Revista Es-pírita (dezembro de 1868) e posteriormente ampliado, em Obras Póstumas, Kardec estabelece nesse texto parâmetros seguros a fim de que as inevitáveis cisões e deserções pudessem comprometer o futuro do Espiritismo, como veremos a seguir.

CHEFE COLETIVO

Allan Kardec tinha plena consciência de que as fraquezas humanas não poderiam ser ignoradas em se tratando do futuro do Espiritismo, tanto que elaborou o Projeto 1868 com a intenção de neutralizar sua ação insidiosa.

A fim de evitar dissidências, procurou dotar o Espiritismo de uma linguagem aberta, objetiva, que desse pouca margem a interpretações. Precisão e clareza foram dois critérios adotados por ele na elaboração de toda a Kardequiana: “Podem formar-se, paralelas à Doutrina, seitas que não adotem os seus princípios, ou todos os seus princípios, mas não dentro da Doutrina por questões de interpretação do texto, como se formaram tantas pelo sentido que deram às próprias palavras do Evangelho. É este um pri-meiro ponto, de importância capital”.

Manter-se no círculo das ideias práticas, deixando de lado teses utópicas que poderiam ser rejeitadas por homens positivos e abrir as portas doutrinárias ao progresso do conhecimento foram outros dois critérios bem definidos pelo fundador do Espiritismo.

Kardec propõe em detalhes a criação de um comitê central dirigente, gestor, encarregado de manter a unidade doutrinária e o caráter progressivo do Espiritismo, sempre sob a responsabilidade exclusiva dos encarnados: “Que os homens se contentem em ser assistidos e protegidos pelos bons Espíritos, mas não descarreguem sobre eles a responsabilidade que lhes cabe como encarnados”.

Esse comitê central teria suas ações controladas por assembleias ge-rais, congressos, a fim de desempenhar o papel de “chefe coletivo que nada pode sem o assentimento da maioria.” A proposta kardequiana fundamenta- se em ações de caráter democrático, sem esquemas hierarquizantes e centralizadoras.

O mais interessante de sua proposta é a relação libertária desse comitê central com os grupos espíritas, que funcionariam num esquema de au-togestão, de independência e liberdade de ação, como células autônomas, cada qual com sua forma peculiar de organização, porém fiel aos princípios doutrinários aceitos por todos, princípios estes que Kardec não pôde finalizar em razão de sua súbita desencarnação.


O profundo respeito à liberdade de pensamento, a tolerância e a alteridade não poderiam ficar de fora, fatores que nos conduzem ao respeito por todas as crenças: “Se estou com a razão, os outros acabarão por pensar como eu; se estou errado, acabarei por pensar como os outros. Em virtude desses princípios, não atirando pedras em ninguém, não dará pretexto a represálias e deixará aos dissidentes toda a responsabilidade de suas palavras e de seus atos”. 

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Uma dor que parece não ter fim por Roberto Rufo

Uma dor que parece não ter fim 



" O Maior é o que serve " . ( Jesus de Nazaré ) .


                                                       " Não é tudo dizer ao homem que ele deve trabalhar , é preciso ainda que aquele que espera do seu labor encontre em que se ocupar, e é o que nem sempre ocorre " ( comentário de Allan Kardec à pergunta 685 ).

                                              O Brasil já tem 14,2 milhões de seres humanos à procura de uma vaga de emprego , praticamente o equivalente à população dos Estados de Pernambuco, Sergipe e Piauí juntos . A taxa de desemprego alcançou a marca recorde de 13,7% no trimestre encerrado em Março/2017.

                                              Isso se deve à péssima gestão econômica de bandidos travestidos de políticos que assaltaram o poder nas esferas municipal , estadual e federal e que hoje se traduz em dor e sofrimento para milhares de famílias.

                                            " Quando a suspensão do trabalho se generaliza, toma as proporções de um flagelo como a miséria " . ( comentário de Allan Kardec à pergunta 685 ) . Agora assistimos na televisão os delinquentes culpando uns aos outros pela grave situação . Assumir responsabilidades nunca foi o forte deles . Falta-lhes a educação que consiste na arte de formar caracteres e com isso adquirir hábitos de pensar no próximo como um ser que merece atenção e respeito.

                                                                                                                                           Roberto Rufo .
                                            

sábado, 29 de abril de 2017

Os três anos que mudaram o Brasil - por Alexandre Cardia Machado

Os três anos que mudaram o Brasil

Não há como parar de pensar em como a operação da Polícia Federal denominada Lava-Jato mudou o país, e refletir no porquê chegamos a este ponto e no que mudará após o seu término?

Começaríamos listando uma série de acontecimentos relacionados à operação Lava-Jato:
Escândalo envolvendo altos escalões do governo, mostrando um descontrole proposital ou não na gerência das empresas do governo. Não foi a causa básica mas contribuiu para o impedimento  da Presidente da República.

Os ex-presidentes do Senado e da Câmara foram removidos do cargo, sendo que o ex-presidente da Câmara dos Deputados já foi condenado em primeira instância.
Dois ex-governadores do mesmo estado, presos no mesmo dia.
Muitos empresários de sucesso e as diretorias de grandes construtoras foram presos e condenados.
Dezenas de políticos acusados, em delações premiadas.
Foro previlegiado de parlamentares em discussão.
Vários parlamentares que já perderam o mandato.
Incontáveis Ministros de Estado precisaram deixar o cargo por serem acusados ou por tramarem contra a operação Lava-Jato são alguns exemplos disto.

Mas o que isto afeta o cidadão comum. Como nós leitores do ABERTURA reagimos a tudo isto, e o país de uma forma geral?

É evidente que nem todos reagem da mesma forma, uns acham que a legislação existente hoje é ainda muito frouxa, permitindo brechas para os que buscam vantagem ilegal, outros entretanto, pensam que foi dado poder demais para a Polícia. Tudo isto porque a avalanche de corrupção nos deixa atordoados, culpar a polícia seria equivalente a culpar o guarda por nos multar, quando estamos com excesso de velocidade. A origem da multa está no egoísmo e não no controle exercido pelas autoridades.

Estamos todos mais atentos e isto nos fortalece como sociedade. Todas as grandes coorporações se já não dispunham de um sistema de “compliance” ou integridade passaram a adotá-los. Esta é uma mudança importante.

Poderá acontecer uma mini reforma do legislativo, alterando as regras de formação de chapas de candidatos  ao parlamento e a forma de  financiar campanhas, mas nada disso funcionará se não passarmos a acreditar que realmente temos vóz, que somos ouvidos e respeitados.

Acreditamos que pouco a pouco é maior a percepção de que o crime, pode não compensar. 

Especialmente esta classe de crime de colarinho branco que quase nunca se dava mal. Isto mudou.
Como tudo terminará, quantos anos mais teremos de conviver com estas notícias é uma resposta que não saberíamos dar, mas fica a convicção de que ao passarmos por isto geraremos uma Nação.

Tomando as palavras de Allan Kardec, nossas esperanças estão depositadas nas novas gerações que estão encarnando na Terra,  sejam elas “ compostas de Espíritos melhores, ou Espíritos antigos que se melhoraram, o resultado é o mesmo. Desde que tragam disposições melhores, há sempre uma renovação ... “. Que nossos jovens absorvam tudo o que está acontecendo e tirem disto uma lição,  conseguindo a partir desta vivência seguir um caminho mais positivo. Tornando  sua vida mais proveitosa e mais focada no bem comum, menos imediatista e egoísta.


As novas gerações trazem este potencial renovador, com mais disposição, pois a velha guarda de hoje, fracassou, esqueceu os seus sonhos de juventude na amargura da busca do luxo, sem ética.

NR - texto originalmente publicado no Editorial do Jornal Abertura de Março de 2017

domingo, 9 de abril de 2017

Recuperação Econômica - por Roberto Rufo "dialogando" com Domenico De Masi

Domenico De Masi .

Entrevistado pelo reporter Ubiratan Brasil do Estadão o sociólogo italiano Domenico De Masi falou de seu novo livro " Alfabeto da Sociedade Desorientada " , onde analisa a desorientação do mundo, a queda das ideologias e o impacto dos avanços tecnológicos na sociedade atual . Cabe uma análise levando-se em consideração os conceitos espíritas da resposta dada à seguinte pergunta :

. Por que o senhor acredita que a expressão " recuperação econômica " não passa de uma invenção da elite governante ?

" Em nenhuma nação do mundo a elite governante demonstra ter a inteligência adequada para resolver os problemas que estão à sua porta . O comunismo perdeu, mas o capitalismo não ganhou . O comunismo sabia distribuir a riqueza, mas não sabia produzí-la, enquanto o capitalismo sabe produzir a riqueza, sem saber distribuir . São gastos bilhões na publicidade da comida de gatos , mas faltam financiamentos mínimos para garantir a nossas crianças o direito ao estudo ou à saúde .

O PIB do planeta cresce de 3% a 5% . Apesar disso , o Brasil, como em grande parte do mundo, não se consegue acabar com a pobreza, a violência, a corrupção e o analfabetismo . Sobretudo, as elites governantes não conseguem considerar a felicidade dos cidadãos como principal objetivo de todo bom governo " .

  Minha contribuição ( Roberto Rufo) : partindo da moral de Jesus de Nazaré , o Espiritismo defende o amor ao próximo e a busca de concialiação entre todas as classes sociais . No campo da educação , por exemplo , em se tratando do Brasil ,a busca de nossas elites pelo ensino particular e caro , afastou o contato das crianças de todas as classes . É notório o " temor " de certas pessoas em colocar seus filhos numa escola pública . É como se estivessem " diminuindo " a categoria de seus filhos .

A partir daí seria ingênuo imaginar que os " winners " (os vencedores )  olhariam frontalmente para os problemas dos " loosers " ( os perdedores ) . Tanto isso é verdade , que no ranking da educação o Brasil aparece num lugar humilhante . As consequências são do conhecimento de todos . 

A doutrina espírita é rica no impulso ao avanço social . A presença dos dirigentes espíritas no debate nacional é paupérrimo .


                                                                                                                                                 Roberto Rufo .

sábado, 18 de março de 2017

EXPOSIÇÃO - SBPE 26 ANOS ABRINDO ESPAÇO PARA NOVAS IDEIAS – XIV SBPE – Grupo de Estudos do ICKS

 EXPOSIÇÃO - SBPE 26 ANOS ABRINDO ESPAÇO PARA NOVAS IDEIAS – XIV SBPE – Grupo de Estudos do ICKS

Adaptado para este espaço do Jornal Abertura

Exposição - SBPE 26 anos abrindo espaço para novas ideias. O ICKS fundado em 3 de outubro de 1999, por Jaci Regis, é uma instituição cultural criada para divulgar a Doutrina Kardecista que é a designação de um segmento que encara o legado do Espiritismo como um processo dinâmico de compreensão dos problemas humanos, sem conotações místico-religiosas.

Introdução

O grupo de estudos do Instituto Cultural Kardecista de Santos - ICKS, com este presente trabalho, teve o objetivo de pesquisar um quarto de século de trabalhos apresentados nos Simpósios Brasileiros do Pensamento Espírita, com mais de 170 trabalhos, alguns deles inéditos, escritos numa nova visão espírita  e abordando temas como: artes, ciência, filosofia, relação com o mundo dos espíritos, mediunidade, evolução do espírito, bases do espiritismo, pluralidade dos mundos habitados entre outros.
Foi atendido o chamamento inicial de Jaci Régis em 1989 no SNPE ( Simpósio Nacional do Pensamento Espírita) em seu discurso de abertura disse que procurou convidar pessoas que defendiam diferentes linhas do pensamento dentro do Espiritismo para um encontro de controvérsia, mas não de confronto num primeiro momento.

Dizia ainda que esperava no futuro, que eventos fossem promovidos como um espaço para a exposição de trabalhos originais de pesquisa que funcionaria como uma corrente de ideias, um caminho para renovação e evolução das ideias alinhadas com o contexto atual da sociedade moderna.
Todos os trabalhos foram importantes para este objetivo traçado em 1989, no entanto, neste estudo buscamos avaliar quais trabalhos contribuíram de forma mais impactante e que geraram ações multiplicadoras no ambiente espírita laico e livre pensador.

Desenvolvimento

Iniciamos nossa pesquisa dividindo entre os integrantes do ICKS, os anais de todos os simpósios para leitura dos textos. Após a leitura preenchemos uma ficha de classificação caracterizando-os por área (científicos, filosófico, social). Ainda buscamos se eles tinham ideias inovadoras, pontos novos ou de impacto, e tratando de desenvolver um pequeno resumo sobre o tema.

Passamos então a escolher por votação livre e aberta, em cada ano de Simpósio, 2 ou 3 trabalhos que em nossa opinião tinham uma ideia inovadora e de grande impacto. Esses trabalhos foram apresentados, em planilha excel, filtrados pelas condições acima descritas e defendidas por aquele que leu e preparou as fichas do referido simpósio.  Ao todo elegemos 31 trabalhos da primeira à 13ª edição, pois este trabalho seria apresentado no XIV SBPE.

Durante algumas semanas,em nossa reuniõs de estudos, alguns desses trabalhos foram expostos ao grupo, para que pudéssemos recordar o tema e os pontos abordados para uma nova discussão.
O grupo decidiu também entrar em contato com os autores encarnados para que estes revelassem se seus trabalhos pós simpósio tiveram repercussão das ideias, tais como: lançamento de livros; palestras; participação em outros eventos, etc.

Pesquisamos nos jornais Abertura fatos relevantes ocorridos pós simpósios para recordar momentos marcantes.
Como reconhecimento especial e também como uma homenagem, destacamos os trabalhos de Jaci Régis o criador do SBPE, pelo brilhantismo, inovação das ideias, pela incansável persistência no trabalho de renovação e grande amor demonstrado ao Espiritismo.

Metodologia de Apresentação

Com todo material compilado foi apresentado da seguinte forma:
·         Através de vídeo / fotografias fazer um documentário com a seguinte títulos “26 anos da nossa história”.
·         Levantamento estatístico através da linha do tempo – “ 26 anos consolidando o movimento laico e livre pensador” - onde vamos situar o simpósio com os acontecimentos no Brasil e no mundo em cada ano.
·         Trabalho escrito detalhando todo processo.
·         Escultura – “ 26 anos construíndo o DNA do espiritismo livre pensador” - representando o total de páginas estimada dos trabalhos do SBPE.
·         Banners - “ 26 anos de contribuiçoes representativas” - com depoimento de alguns autores dos trabalhos escolhidos. Além de depoimento de grupos que são parceiros dos simpósios (CEPA, CEPABrasil e CPDOC).

A seguir apresentaremos alguns destaques de alguns dos trabalhos escolhidos:

Influência das ideias de Emmanuel no Pensamento Espírita Brasileiro
I  SNPE – 1989  - Jaci Régis

"A partir da década de trinta quando Francisco Cândido Xavier publica sua obra Parnaso de Além-Túmulo, torna-se figura central no movimento Espírita, nacional e internacional.  Com ele surgia uma outra personalidade marcante - Emmanuel - que imprimiu um perfil ao Espiritismo, como contribuiu para a consolidação do projeto de tornar o Espiritismo uma religião.”

Abaixo mostramos como este trabalho foi apresentado ao público




Passe: discussão e propostas
III SBPE – 1993 - Reinaldo di Lucia

“A mudança dos nomes "passe" e "passista" ocorreu efetivamente para "emissão energética" e "emissor" em parte dos centros mais próximos da CEPA. Com isso houve toda uma reavaliação prática e teórica sobre o papel da emissão nessas casas.”

Da mesma forma apresentamos o exposto no Simpósio





domingo, 12 de março de 2017

Sobre o Racionalismo Científico - por Manoel Carlos Saraiva

Coluna Opinião do leitor:
Manoel Saraiva  por email:
Olá amigos do Abertura ! 
Aproveitando este espaço democrático estou enviando em anexo um texto de minha autoria que gostaria de ver publicado neste importante jornal de cultura espírita. 

Um abraço a todos, 
Manoel Carlos Saraiva
...  mas quem disse que a onisciência é para os “mortais”?
“ O racionalismo científico dos Modernos é nada mais que uma ilusão um modo de, no fundo, perseguir a ilusão das cosmologias antigas”.
(Transcrição do pensamento do filósofo alemão Friedrich Nietzche feito por Ricardo Nunes para o jornal Abertura nº 325 em setembro de 2016).
O artigo, muito bem elaborado por Ricardo Nunes, nos proporciona o ensejo de uma análise daquilo que, para nós, é uma tentativa de harmonizar esse “monstro de forças”, Tentar com o que conhecemos, descobrir uma “ordem no caos”.
Dessarte; na ciência e em todos os ramos desta, temos utilizado estruturas teóricas e tecnológicas em formatações que trazem-nos um certo “conforto”.
Dentro desses modelos, conseguimos um padrão da estrutura atômica clássica (Niels Bohr); a origem das espécies (Charles Darwin); a álgebra Booleana, mãe da era digital (George Boole).
Nessa epistemologia, alcançamos áreas como as ciências sociais e seus padrões sócio econômicos (Karl Marx), pedagogia (Jean Piaget), psicologia (Carl Jung), etc.
No Espiritismo, como nos falava Jaci Régis a “ciência da alma”, somos amparados pela metodológica obra de Allan Kardec, tendo o crivo da razão e do bom senso como vigas mestras.
Como ciência de observação utilizamo-nos hoje, com auxílio de algumas luzes lançadas pelas antigas filosofias orientais baseadas na reencarnação e da sobrevivência da alma , alguns autores se aproveitam regularmente de conceitos utilizados pela mecânica quântica. 
Dentro destes conceitos, mesmo presos a algumas limitações e fraquezas neles contidas, nos sentimos de certa forma seguros.
Teóricos argumentam que 23% de toda matéria do universo não é feita de prótons, nêutrons, elétrons, nem de outras partículas do modelo atômico.
Essa matéria desconhecida foi batizada de “matéria escura”, indicando que no futuro o modelo empregado poderá ser ampliado.
O físico e filósofo norte americano Thomas S. Khun (1922 – 1996) em 1952 responsável pela queda das fronteiras entre ciência e humanidades escreveu:
“A incomensurabilidade, é justamente a condição necessária para que a ciência continue progredindo, no sentido de investigar parcelas da realidade até então desconsideradas”.
Provavelmente, nossa curiosidade jamais será saciada, nada axiomático, nada incontestável; ou como disse Nietzche:
“Nada de verdades absolutas”.
Mas quem disse que a onisciência é para os “mortais”? 
Um abraço a todos, 
Manoel Carlos Saraiva

Texto originalmente publicado no jornal ABERTURA de desembro de 2016


domingo, 5 de março de 2017

Livre Pensamento e Livre Consciência - por Egydio Régis

Revista Espírita em foco (LXXV)

Livre pensamento e livre consciência


Abrindo o exemplar de fevereiro de 1867, Kardec escreve um longo e denso artigo com o título acima. Trata-se de uma análise crítica à posição de dois jornais parisienses denominados:  Libre conscience e La libre penseé. Assim começa o mestre: “ Num artigo do nosso último número, sob o título de Olhar retrospectivo sobre o movimento espírita, fizemos duas classes distintas de livres pensadores: os incrédulos e os crentes e dissemos que, para os primeiros, ser livre pensador não é apenas crer no que se quer, mas não crer em nada; é libertar-se de todo o freio, mesmo do temor a Deus e do futuro; para os segundos, é subordinar a crença à razão e libertar-se do jugo da fé cega”. Obviamente o cerne dessas publicações era desacreditar toda e qualquer crença de ordem metafísica ou espiritual, pois sua orientação é absolutamente materialista. Claro que o Espiritismo e suas ideias era um dos alvos preferidos. Kardec argumenta com muita propriedade que não existe livre pensamento quando se pretende limitar seu campo a aspectos puramente materiais e simplesmente ignorar tudo o que está fora da possibilidade de comprovação científica. Diz Kardec: “ Desde que o pensamento é detido por uma convicção qualquer, não é mais livre. Para ser consequente com vossa teoria, a liberdade absoluta consistiria em nada crer, nem mesmo em sua própria existência, porque isto seria ainda uma restrição... Encarado deste ponto de vista, o livre pensamento seria uma insensatez”  E dá uma noção mais ampla do que seria o livre pensamento: “ Em sua concepção mais larga, o livre pensamento significa: livre exame, liberdade de consciência, fé raciocinada: simboliza a emancipação intelectual, a independência moral, complemento da independência física...” Kardec reforça a impossibilidade de livre pensamento quando se restringe sua atividade, escravisando-o  à matéria. Significa dizer: “ Tu és o mais livre dos homens, com a condição de   mais longe do que a ponta da corda a que amarramos”. E em relação ao Espiritismo, o que dizer quanto à sua filosofia de livre pensar e de livre escolha, vejamos o que ensina o mestre: ” É o Espiritismo, como pensam alguns, uma nova fé cega substituída a outra fé cega? Por outras palavras, uma nova escravidão do pensamento sob nova forma? Para o crer, é preciso ignorar os seus primeiros elementos. Com efeito o Espiritismo estabelece como princípio que antes de crer é preciso compreender. Ora, para compreender há que usar o raciocínio... Não se impõe a ninguém; diz a todos: Vede, observai, comparai e vinde a nós livremente, se vos convier”.

Egydio Régis

Artigo publicado no Jornal Abertura de Julho de 2016 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

O MITO DO PROGRESSO por Roberto Rufo e Silva

O MITO DO PROGRESSO

“O progresso roda constantemente sobre duas engrenagens. Faz andar uma coisa esmagando sempre alguém”. (Vitor Hugo).

“O progresso, sendo uma condição da natureza humana, não está ao alcance de ninguém a ele se opor”(Allan Kardec).
 Andrew Jackson foi um advogado e político americano. Foi o sétimo presidente dos Estados Unidos, de 1829 a 1837.  Jackson foi uma figura polarizadora, que dominou a política americana dos anos 1820 aos anos 1830. Sua ambição política, combinada com a ampliação da participação política por mais pessoas moldaram o moderno Partido Democrata. Famoso pela sua dureza, ele era apelidado de”Old Hickory”(Velha Nogueira).Talvez o aspecto mais controverso da presidência de Jackson tenha sido a sua política em relação aos índios americanos. Jackson foi um líder defensor de uma política conhecida como Indian Removal (Remoção Indígena). Enfim, Jackson imprimiu um grande progresso material aos EUA, todavia a um custo elevado de vidas indígenas, cujas terras possuíam riquezas minerais que precisavam ser exploradas.

Há palavras que adquiriram com o tempo um significado totalmente positivo, colocando suas palavras antônimas em situação de desprestígio. Progresso é uma delas. Quando se diz que um sujeito é progressista, logo definimos que”lá vai um cara bom ajudando o mundo”. Quanto ao seu contrário, o sujeito dito conservador, logo afirmamos que “lá vai um cara que não deseja um mundo melhor”. Isso acontece também na relação otimista/pessimista. Dizia um professor que o pessimista só é otimista quanto ao futuro do pessimismo.

Mas será mesmo que todo”progresso”( científico, social ou material ) é realmente um passo a mais na evolução espiritual, ou temos comido muito gato por lebre? 

 A Doutrina Espírita na sua Lei do Progresso nos oferece um balizador interessante quando os espíritos em resposta à pergunta 779 nos falam que o progresso tem que se fazer pelo contato social e que todo progresso intelectual tem que estar embasado num progresso moral, que infelizmente nem sempre o segue imediatamente. É isso que nos interessa conceituar quanto à Lei do Progresso. Outras afirmações, tais como, de que existem povos rebeldes que se colocam contra o progresso (os índios americanos por exemplo) e que por isso serão naturalmente aniquilados de alguma forma são datadas e ultrapassadas. Além disso os espíritos complementam seu pensamento dizendo que nós mesmos, os civilizados, um dia fomos rebeldes. Hoje já não se aceita mais essa relação”civilizados/selvagens”.

Atualmente o ser humano consegue destruir um”campo rebelde”em Alepo na Síria com foguetes teleguiados por satélites com uma margem de erro de aproximadamente três metros do alvo a ser atingido. Será isso um progresso? Mesmo assim às vezes os foguetes erram o alvo e acabam atingindo escolas ou hospitais com consequências dramáticas. Mas não percamos a esperança , novos ”progressos”virão e não erraremos mais o alvo. 

Em seu livro”O Mito do Progresso”, Gilberto Dupas não sem razão nos alerta que esse discurso dominante de que todo progresso é bom, traz também consigo a justificação indevida à exclusão, à concentração de renda e aos graves danos ambientais. A Doutrina Espírita nesse ponto é esclarecedora ao colocar o orgulho e o egoísmo como o maior obstáculo ao progresso. Faço aos leitores a indagação do Professor Gilberto Dupas :”O que significa, afinal, a palavra progresso no imaginário da sociedade global que vive o início do século XXI”?

Para o autor o que definitivamente consolidou a ideia contemporânea de progresso foi a revolução provocada por Darwin com sua Origem das Espécies, publicada em 1859.  A partir daí, nos ensina Dupas, o mundo produziu uma vasta literatura em ciência social em que progresso era sempre suposto como axioma. Ou seja, diz ele, a ideia de progresso permeou a quase totalidade da obra de Hegel, estruturada sobre a dialética, que seria uma fonte propulsora infinita do progresso.
Um dia ainda escreverei um artigo intitulado”O Mito da Dialética”. O Espiritismo dito progressista, a meu ver,abraçou em demasia esse mito como sendo algo intrínseco e inerente ao discurso espírita.  Marx também acreditou profundamente no progresso histórico e inexorável da humanidade.

Faz-se necessário um pouco de descrença nesse mito do progresso como algo essencialmente bom. Vamos voltar a ler Schopenhauer, Kierkegaard, pois um pouquinho de”pessimismo”é salutar. Duvidemos do que nos parece óbvio. Após a queda do socialismo real, passou-se acreditar que só existe um tipo de progresso. Alguém preconizou até que seria o fim da história.  
                                              
Faço uma pergunta a vocês : quem pode se dizer otimista e acreditar piamente de que qualquer sociedade complexa só se viabiliza pela auto-regulação da economia de mercado? Uma fábrica nos EUA pagava 20 dólares a hora aos seus empregados. Seguindo as leis do mercado transferiu-se  para o México, onde pagava 5 dólares a hora. Aperfeiçoando-se ainda mais pelas regras do mercado, agora impostas pela China, mudou-se para lá onde paga agora  2 dólares a hora. Podemos falar em progresso? Se sim, como fica o tal avanço moral? Causou desemprego nos EUA, aumentou o”círculo da ferrugem”em seu país (pesquisem), alimentou o trabalho aviltante na China e por tabela ajudou a eleger o Donald Trump, que soube explorar habilmente essa situação. 

Finalizo passando a vocês uma tarefa. Leiam por favor com atenção a resposta dos espíritos e os comentários de Kardec à pergunta 793. (Por quais sinais se pode reconhecer uma civilização completa?). É ótimo.


                                                                                                                                                   Roberto Rufo.