terça-feira, 3 de janeiro de 2017

A vida - como ela é bela - por Ricardo Nunes

 A VIDA

Como é bela e misteriosa a vida, caminhos e descaminhos, erros e acertos, encontros e desencontros. Amor, solidão, amizade, angustia, prazer, dor e felicidade, quantos sentimentos, quantas experiências...

Quantos se foram para nunca mais, quantos lábios queridos se calaram no silêncio da morte. Lábios que um dia estiveram presentes e que hoje estão ausentes. Quantos amigos que trilharam conosco a mesma estrada ombro a ombro, vivendo os mesmos ideais e sonhos e que nos deixaram.

Quantos projetos abandonados pelo caminho. Que tremenda luta entre os ideais, o desejo e a realidade!

Porém, a vida continua, e o dia seguinte sempre surgirá. É necessário estarmos prontos para recomeçar, aconteça o que acontecer. Devemos nos levantar e seguir em frente, sempre em frente. É necessário prosseguirmos demonstrando confiança e força interior. Sempre é tempo de sonhar um novo sonho, de viver um novo amor, de realizar um  novo projeto.

Talvez, o que realmente seja importante na vida não é o que alcançamos, mas sim os caminhos que percorremos. Na verdade, é muito melhor chorarmos por nossos fracassos, do que morrermos lentamente de apatia,  sem ousadia, sem força e coragem para viver.

Recordamos que um mestre do passado disse que seu reino não era deste mundo, afinal o que é este mundo, o que é esta vida, o que são os problemas ante o infinito do universo? O que significam os pequenos contratempos cotidianos ante a beleza da lua a clarear com seu brilho e luminosidade o caminho dos homens? O que é esta vida corpórea de um instante ante as múltiplas dimensões extrafísicas do espírito?

  Quando lembramos que este planeta é menos de um grão de areia no universo, não podemos deixar de pensar na pequenez de nossos problemas e angustias. Ficamos a imaginar, em um doce sonho, que para além desta terra devem existir outros mundos, outras galáxias, repletas de vida, inteligência e  amor.


No espiritismo, aprendemos que somos, em essência, imortais e que prosseguimos além da morte. Aprendemos, também, que há um sentido maior para a realidade e que a vida não é uma aventura vã.

NR: Artigo publicado no Jornal Abertura de Maio de 2016

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Obstáculos ao Progresso - uma reflexão por Alexandre Cardia Machado

Obstáculos ao progresso – uma reflexão

Confesso que me surpriendi pela semelhança de conteúdo, entre o texto que iremos reproduzir aqui abaixo, com o editorial escrito por mim na mês passado, hoje revendo jornais antigos me deparei com esta pérola editorial de Jaci Régis. Por acaso ou não, coincide com um momento de grandes quedas de políticos. O texto “ Obstáculos ao Progresso” é de setembro de 2009, publicado neste jornal.
“ Allan Kardec Perguntou:

781 – Tem o homem o poder de paralisar a marcha do progresso?
- Não, mas tem, às vezes, o de embaraçá-la.
O tema sugere pensar no progresso como necessidade ampla da sociedade e da pessoa.
Não apenas o progresso científico, econômico, mas o moral, do pensamento, da cultura.
No campo da moral, pública e particular, além do respeito às leis, sobretudo no respeito recíproco é a base real para que a pessoa cresça como ser e que se crie um ambiente social minimamente saudável.
As recentes e atuais controvérsias sobre o comportamento dos senadores da República, que têm motivado a repulsa e o escárnio da maioria da população.

Vemos homens públicos submetidos a constante investigação de sua propriedade, da sua moral.
Senadores de vários partidos, da situação e da oposição, foram flagrados em ilícitos fiscais e nepotismo, banalizando a serenidade do mandato de representantes de seus Estados.
Homens que envelhecem como protótipos de imoralidade, de uso indevido e criminoso dos bens públicos. Traçando um caminho tortuoso e irônico sobre a moralidade, sobre a capacidade do ser humano em se manter honesto.

A política é um exercício de cidadânia imprescindível para o beméstar social;
Esses homens, com comportamentos iníquos são pedras colocadas no caminho do progresso da sociedade, motivando os que tendem à fraude a buscar um lugar nesse sol sem calor que é a corrupção. E desanimando os que crêem na serenidade, no equilíbrio e na honestidade.
O inquietante é que são homens de fé. Vemo-los em missas e espetáculos religiosos empunhando o terço, ou seja, ajoelhando numa expressão externa de fé, que todavia não são paradigmas do comportamento diário. Alguns são sacerdotes de suas crenças.

Esse comportamento é um obstáculo ao progresso moral, à saúde social.
Claro que a sociedade tem meios de alijá-los do poder. Basta não votar neles. Expulsa-los pelo voto consciente.

Esse é o instrumento básico de democracia e deve ser usado positivamente pelo cidadão.
Em seu ensaio “ As Aristocracias”, allan Kardec projeta a utopia pe uma elite “intecto-moral”.
Porque, na visão dele “ A inteligência nem sempre constutui penhor de moralidade e o homem mais inteligente pode fazer péssimo uso de suas faculdades”.  O que aplica integralmente à maioria dos senadores e, por consequência, a certos políticos, cuja inteligência é notória, mas moralmente deficitária”.


Desde 2009 para cá algumas coisas mudaram e vários políticos foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal e, pleno gozo de seu mandato. Demonstrando que o voto além do voto a pressão do cidadão de alguma forma fez com que  a Justiça atuasse como deveria ser, protegendo a Constituição e o conjunto de normas legais que orientam a atuação de todos os cidadãos.

NR: Texto publicado no jornal Abertura de Maio de 2016.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

A Importância da Espiritualidade Laica no século XXI - por Roberto Rufo

A IMPORTÂNCIA DA ESPIRITUALIDADE LAICA NO SÉCULO XXI.

" O modelo cristão, assim com o os demais modelos teológicos erraram por irem ao contrário da Lei Natural ". ( Jaci Regis ).

" Uma nova espiritualidade laica nasce da sacralização do ser humano por meio do amor ". ( Luc Ferry ).



                                         Num brilhante artigo no jornal " O Estado de São Paulo " em 15.05.2016, o professor Celso Lafer trata da questão da laicidade no cenário internacional. Ainda existem nos dias de hoje fatos que complicam a geopolítica mundial, ocasionados diz o professor, por interpretações de caráter fundamentalista de religiões estabelecidas.  Hoje temos 75 deputados federais da bancada evangélica, sendo que em 1.962 tínhamos 20 cadeiras do Partido Democrata Cristão de inspiração católica.

                                No mundo ocidental, depois de um domínio acentuado do pensamento religioso, com o Iluminismo e a Revolução Francesa, surgiu um processo de secularização da vida terrena, junto com a laicidade em contraposição ao clero dominante, trazendo então a dessacralização da sociedade.

                               Luc Ferry em seu livro " A Revolução do Amor, por uma Espiritualidade Laica ", o pensador francês Luc Ferry acertadamente nos mostra que alguns princípios ditaram a ética de nossos ancestrais : o Cosmos dos gregos, o Deus dos judeus e dos cristãos, a Razão e os direitos do humanismo moderno e republicano, com seus prolongamentos políticos, o patriotismo, o colonialismo ou a ideia revolucionária. Acontece que com a secularização dos valores, quem nas novas gerações gostaria de morrer por Deus, pela pátria ou pela revolução? 

                               A meu ver a grande contribuição da laicidade foi a obtenção da autonomia dos seres humanos, citando como exemplo a liberdade de pesquisa científica livre do dogmatismo. Outro teor importante trazido pela laicidade foi o crescimento da importância da tolerância com a diminuição do poder ideológico sobre as pessoas.

                              Voltando a Luc Ferry, para quem, nos dias de hoje, o que dá sentido à nossa existência é o amor. O amor, segundo ele, é o novo grande princípio da nossa existência. Para além do humanismo está surgindo uma nova espiritualidade laica que nasce da sacralização do ser humano por meio do amor. Posição semelhante, o da necessidade do surgimento de uma nova visão da espiritualidade humana, é defendida pelo escritor Vargas Llosa. Obviamente não se trata da existência de espíritos ou de vida após a morte, mas de um novo poder que supere o pessimismo reinante nas correntes filosóficas a partir da segunda metade do século XX ou do materialismo sufocante das ciências mundiais.

                              Jaci Regis em seu livro " Novas Ideias " trata do tema ao lembrar que o Espiritismo declara que a Lei Natural é que governa o universo, abandonando-se o modelo judaico-cristão, onde o poder de Deus é arbitrário. Temos que nos posicionar sempre a favor de uma estado laico, pois só assim se cria uma plataforma comum de respeito mútuo em todos os campos da atividade humana. Na política preocupa-me o crescimento do pensamento religioso, pois este tipo de gente é inflexível na maneira de ver o comportamento humano, sempre sonhando com um mundo uniforme com suas ideias religiosas. 

                              A espiritualidade laica, à qual devemos nos ombrear, deseja refletir sobre a vida boa sem passar por um deus ou pela fé, apenas utilizando os meios de lucidez desenvolvidos pela avanço intelectual das pessoas. Fazendo parte desse novo mundo, Jaci Regis aponta que o Espiritismo pode colaborar na construção de uma nova civilização, pois quando se trata de Lei Natural a subsidiar uma espiritualidade laica a doutrina kardecista é precursora.


 NR: Este artigo foi publicado na edição de Julho de 2016 do Jornal Abertura, não deixe de assinar este importante veículo de valorização do espiritismo Livre-pensador.                                                                                                                                       


quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

O Processo de Mudanças do Espiritismo - por Roberto Rufo

O Processo de Mudanças do Espiritismo.

" Sua excelência atingiu o cume da ignorância, e no entanto prosseguiu ". ( Millôr Fernandes ).

" Aos vinte anos de idade eu achava o meu pai um completo idiota. Hoje aos 40 vejo como o velho evoluiu nos últimos 20 anos". ( Mark Twain ).

" O progresso moral é uma consequência do progresso intelectual, todavia não o segue imediatamente " ( Resposta dos espíritos à pergunta 780 do Livro dos Espíritos ).l


 Não sei se por falta de assunto, ou se devido a um tempo muito grande dedicado à organização do XIV SBPE, ou até mesmo a indisponibilidade momentânea de palestrantes, eu como Diretor de Estudos do ICKS, num momento de saudades inexplicável, resolvi que estudaríamos  três capítulos do Livro Segundo do Livro dos Espíritos, denominado " Mundo Espírita ou dos Espíritos ". Seriam eles o VII - Retorno à vida corporal, VIII - Emancipação da alma e o IX – Intervenção dos espíritos no mundo corporal . Depois desses estudos chegamos à conclusão que uma grande parte do que está nesses capítulos já não corresponde mais  ao progresso intelectual de que fomos participantes nos últimos 26 anos, com o consequente avanço moral apreendido.

O que deveríamos então? Não estudar mais esses capítulos?. Assim decidimos. Até o momento em que alguém, com capacidade para isso, faça uma revisão modernista dos mesmos. Ou deixá-los como está, mas informando aos participantes da Doutrina Espírita que existem modernas atualizações das situações ali abordadas. Lembrei-me então do V Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita de 1997 em Cajamar/SP, onde o pensador espírita Reinaldo di Lucia apresentou o trabalho de nome " O Processo de Mudanças do Espiritismo ", nome esse que me apropriei no título deste artigo.

Reparem que falamos de 18 anos atrás, período em que a juventude ainda corria em nossas veias. O Reinaldo di Lucia certamente ainda não havia chegado aos 40 anos e no entanto já se preocupava com o necessário processo contínuo de renovação do pensar espírita. Logo na Introdução, no seu primeiro parágrafo, ele alertava que " um dos principais problemas, senão o maior, com que o Espiritismo defronta-se hoje é a recusa por parte dos componentes do movimento espírita, seja no âmbito pessoal, seja no organizacional, em encetar uma busca por novos conhecimentos que culminasse com necessárias atualizações na estrutura doutrinária, em seus aspectos científico e filosófico ". Qual consequência desse tipo de comportamento? O próprio Reinaldo nos responde: " essa recusa em aceitar um processo de mudanças para a doutrina espírita, mesmo tendo este processo sido preconizado pelo próprio Allan Kardec, faz com que, cada vez mais, o Espiritismo esteja afastando-se da posição de ciência ou filosofia moral, com a qual ele próprio se define ". 

Nos capítulos seguintes do seu brilhante trabalho de 1997, Reinaldo trata da questão religiosa, do questionamento e atualização, da verdade espírita, do controle universal dos espíritos e nos três últimos capítulos aborda a questão das mudanças. Por quê mudar ; Para que mudar? Como mudar?
Hoje relendo este trabalho, vejo que andamos muito para frente. Os alertas e estudos avançados dos intelectuais espíritas surtiram efeito num bom número de pessoas e na criação de organizações com um pensar produtivo e avançado. Falta muito. Não importa. Os seis passos ensinados pelo pensador e autor espírita Jaci Régis têm servido de alicerce e horizonte a muitas pessoas: não fechar as portas a nenhum progresso ; não sair do círculo das ideias práticas ; apoiar a descoberta de novas leis ; assimilar todas as ideias reconhecidamente justas ; seguir o movimento progressista com prudência e não imobilizar-se.

Releiam o trabalho do pensador Reinaldo de 1997, e façam um balanço dos últimos 18 anos em suas, nas nossas vidas. Verão que avançamos bastante na mudança de comportamento o que facilitou a assimilação de novos conhecimentos. Até mesmo a nossa nova vida moral mudou para melhor. Aliás nesse sentido o mundo caminhou para melhor, principalmente na superação de tantos preconceitos.
Finalizo dizendo, apropriando-me de uma conclusão do Reinaldo, que os seis passos propostos pelo Jaci são importantes, mas prestem atenção que eles se referem à postura que o espírita deve ter para permitir a existência das mudanças. O Livro dos Espíritos é um marco importante. Seu conteúdo deve atualizar-se.




                                                                                                                                                                                                                                                                                    


terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Revisitando o Caderno Cultural Espírita - Outubro 2002 - por Reinaldo di Lucia

Revisitando o Caderno Cultural Espírita - Outubro 2002

O Perispírito
Uma abordagem do século XX

Reinaldo Di Lucia

Proposta: uma nova visão do perispírito

                       
                         Mas, se o modelo teórico do perispírito tal como apontado acima já não satifaz as modernas concepções científicas, é necessária, a proposição de um novo modelo, ainda que como uma hipótese, mais coerente. É o que se procurará fazer.
                         Este novo modelo baseia-se, cientificamente, nos conceitos físicos anteriormente explicados. Filosoficamente, parte do dualismo espírito-matéria, e da contínua inter-relação existente entre eles.
                         As essências dos principios material e espiritual, criados por Deus para formar o Universo, são apenas conceitos fundamentais, sem existência física real. Ocorre que essas essências individualizam-se, formando os diversos entes que compõem o Universo real. Estas individualizações é que formam os espíritos imortais a que nos referimos quando tratamos com os desencarnados.




                         As individualizações do princípio inteligente (que aqui chamamos de Espíritos, com maiúscula, seguindo a nomenclatura de Kardec) estão sempre e incessantemente interagindo com diversas formas de matéria. Isto ocorre graças a peculiar constituição do Universo (segundo os fundamentos da filosofia espírita), em que só pode haver evolução a partir dessa interação.
                         É exatamente isto que o espiritismo quer dizer quando afirma que o Espírito tem experiências em todos os reinos da criação. Esta afirmação costuma ser entendida como se o Espírito "encarnasse" numa rocha ou numa montanha, com todas as dificuldades lógicas que daí resultam. Na verdade, o que ocorre é que o Espírito, em contato íntimo com diversos tipos de matéria, aprende com todas essas interações.
                         Mas, se a matéria é essencialmente uma só (aquilo que Kardec chama de fluido cosmico ou fluido universal ), convenientemente modificada para adquirir as diversas propriedades funcionais nos diversos graus em que ela apresenta-se, então deve ocorrer um continuum material que vai da matéria mais "bruta" aquela mais "sutil". Alguma das propriedades da matéria (como, somente a título de exemplo, a frequência) deve apresentar um gradiente que diferencie estes diversos tipos de matéria.
                         O perispírito pode ser, então, formado por esta mesma matéria numa dada condição de frequência, que, atualmente, não conseguimos captar com nossos equipamentos nem nossos sentidos. Quanto mais evoluído o Espírito, tanto mais elevada a frequência desta matéria, e mais depurado é o perispírito.
                         Neste modelo, a matéria que compõe o perispírito (na verdade, um tipo de energia) é perfeitamente integrada com a matéria "densa", podendo, assim, interagir com partes dela. Da mesma forma, por ser muito mais sutil, é perfeitamente suscetível de ação direta pelo Espírito, que pode moldá-la segundo sua vontade.
                         O Espírito age como se fosse (numa analogia grosseira) uma carga. Tal como uma carga elétrica cria em torno de si um campo eletromagnético,  , o Espírito em torno de si um campo, que, a falta de nome melhor, pode ser chamado de campo espiritual.
                         Este campo espiritual é o lugar geométrico onde aglutinam-se as energias que constituem o perispírito. Este não seria, então, um corpo, um organismo propriamente falando, mas um aglomerado energétic-material com constante interação com o espírito.
                         Encarado sob este novo modelo, o perispírito passa a ter propriedades e funções mais adequadas aos conceitos atualmente aceitos pela ciência, sem descaracterizar as funções principais que lhes foram atribuídas por Kardec:

  • Permite ao Espírito adquirir experiências que lhe são absolutamente necessárias para seu progresso intelectual.
  • Age como individualizador dos Espíritos desencarnados, dando-lhes uma forma que lhes permita, especialmente em estágios menos avançados do processo evolutivo, seguir aprendendo e atuando. Pode ser modificado segundo a vontade do Espírito.
  • Age durante a encarnação, permitindo que o espírito consiga uma união perfeita com a matéria mais densa que compõe o corpo físico. Poder-se-ia dizer que, de certa forma, é intermediário entre o corpo físico e o espírito. A diferença é ser um intermediário estruturado como um continuum da própria matéria corporal, sob a forma energética, e não algo completamente distinto dela.
  • Tem papel importante nas manifestações mediúnicas de efeitos físicos, tais como a materialização. Sua atuação nas manifestações inteligentes ainda precisa ser estudada.
  • Recebe a influencia de energias externas, vindas normalmente de outros Espíritos, sejam elas benéficas ou não.
  • Não possui a função de transmissor de sensações do corpo para o Espírito ou de ordens no sentido inverso. Da mesma forma, não tem nenhuma atuação sobre a memória ou a inteligência. Não possui órgãos nem nenhuma constituição semelhante, que são exclusivas do corpo físico.
  • Modifica-se de acordo com as necessidades e capacidades do Espírito, mas não obrigatoriamente em mundos distintos (há de se verificar a questão da isotropia material do Universo).





segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Espiritismo para o século 21 - O que queremos - por Alexandre Machado

Espiritismo para o Século XXI - O que queremos

 “ Eu não tenho talento especial; eu sou apenas um curioso apaixonado” – Albert Einstein




Objetivo desta coluna

Iniciamos este mês esta coluna destinada a registrar contribuições feitas por espíritas livre-pensadores que através de seu trabalho de pesquisa, estudo ou elaboração filosófica produziram material inovador, contribuindo para o desenvolvimento do Espiritismo Laico.

Jaci Régis estava muito focado em estimular a atuação de nosso grupo livre-pensador, sua grande procupação estava ligada à nossa capacidade de produzir conhecimento. Este foi quem sabe o maior motivador da criação do Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, que neste momento está na fase de preparação para a sua 15ª edição.

Jaci assim se referia à questão da produção de novas ideias:

“ A resistência às novas ideias é um fato real, porque as pessoas tendem a se acomodar com o que aceitam como verdade. Embora a dinâmica da cultura, a tendência é manter e cristalizar as verdades conhecidas, o que sugere conforto e tranquilidade.” ( Resistência às novas ideias – Jaci Régis, Abertura Outubro 2007)

Evidentemente que este jornal, busca permanentemente trabalhar para a consolidação das ideias renovadoras, buscando agir conforme ensinado por Allan Kardec. Sabemos do enorme desafio que temos pela frente. Para reforçar a importância e a dificuldade da tarefa destacamos algumas considerações de Régis:

“Embora teoricamente o Espiritismo seja uma Doutrina progressiva e progressista, a tendência é manter o conhecimento atual num patamar estável, senão intocável”.

Todavia, o Espiritismo foi estruturado para manter-se atualizado, acompanhar o desenvolvimento das ideias e das alterações das verdades consagradas.

O ponto crucial é a estrutura mental do espírita.

Ele precisa mobilizar suas energias, sua inteligência, seu tirocínio para que o Espiritismo não permaneça à margem do progresso e, simultaneamente, manter seu eixo de consciência e consistência doutrinária.

Esse perfil do adepto do Espiritismo foi desenhado por Kardec ao criar uma Doutrina sui generis que se propõe a se auto revisar, evoluir e crescer”. ( Resistência às novas ideias – Jaci Régis, Abertura Outubro 2007)

Allan Kardec em seu livro Obras Póstumas, que como todo sabemos foi editado bem depois de sua desencarnação, utilizando-se de textos que Kardec haviavinha trabalhando e que nos deixa tres pontos importantes sobre o futuro do Espiritismo:

O primeiro ponto não tem a ver com o propósito deste artigo, e trata da formação de seitas ou dissidências que não considerassem todos os princípios espíritas.

O segundo trata de não sairmos, no processo de atualização, do campo das ideias práticas e em terceiro, trata do caráter essencialmente progressista da Doutrina.

Resumindo:
“ Se é certo que a utopia da véspera se torna muitas vezes a verdade do dia seguinte, deixemos que o dia seguinte realize a utopia da véspera” ou seja um pouco de prudencia não faz mal.

“Apoiada tão só nas leis da Natureza, não pode variar mais do que estas leis; mas, se uma nova lei for descoberta, tem ela que se por de acordo com essa lei, não lhe cabe fechar a porta ao progresso, sob pena de suicidar-se. Assimilando todas as ideias reconhecidamente justas, de qualquer ordem que sejam, físicas ou metafísicas, ela jamais será ultrapassada, constituíndo isso uma das principais garantias da sua perpetuidade.”(Obras Póstumas – páginas 348 e 349).

Complementamos com as palavras de Jaci Régis, ressaltando o trabalho que temos seria conveniente que realizássemos:

“Diante desse quadro, a pretensão de Kardec de criar uma mentalidade capaz de mudar, de aceitar o novo, de reconstruir, a cada momento específico, o conjunto de verdades aceitas parece cada vez mais distante”. ( Resistência às novas ideias – Jaci Régis, Abertura Out/ 2007)

Sobre como fazer isto, nos deixou um caminho que buscamos caminhar nesta coluna.
“ Os espíritas que se consideram progressistas, leigos, precisam pensar em pesquisas, releituras, descobertas de novos caminhos, novas linguagens.”

A inserção dos conceitos espíritas na discussão e solução dos problemas humanos atuais é uma necessidade crescente.

Porque, caso contrário, a Doutrina ficará à margem como uma religião estática, tendendo a seguir os passos da Igreja, como tem acontecido.

O trabalho é urgente, porque a cultura adotou uma visão do Espiritismo que o aproxima dos cultos religiosos mais atrasados. O Centro Espírita, tomado como pronto socorro, hospital, etc. Não consegue, de modo geral, adeptos, mas clientes”. ( Produzindo ideias – Jaci Régis, Abertura Abril 2009)

“Estamos carentes de produções com conteúdo, com respaldo em investigações e conexão com os temas da ciência, da política, da filosofia.

Mergulhar na reflexão, na investigação, na busca de respostas e apresentar suas descobertas, suas posições, provocando o debate, o questionamento”. ( Produzindo ideias – Jaci Régis, Abertura Abril 2009)

Portanto, o papel dos laicos em resumo é:

“ O grupo de espíritas que se auto-denomina de laico, compões uma fração pequena do movimento espírita.
Ser laico exige uma renovação mental para que  não se patine no mesmo refrão anti-religioso, mas avance no sentido de penetrar no pensamento de Allan Kardec e torná-lo atual, capaz de revolucionar o entendimento humano.
O dinamismo do pensamento espírita precisa ser acelerado e explorado pelos laicos de maneira muito mais agressiva e produtiva do que tem sido”. ( O papel dos Laicos – Jaci Régis, Abertura Agosto 2009)

Nesta coluna portanto estaremos trazendo uma releitura do vasto material produzido nas diversas edições dos Simpósios Brasileiros do Pensamento Espírita, que tiveram a capacidade de resignificar e avançar no conhecimento espírita.

Alexandre Cardia Machado

NR: Publicado originalmente no Jornal Abertura - novembro de 2016


Alexandre Cardia Machado

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Posicionar-se é viver - por Alexandre Cardia Machado e Bruna Régis Machado

Posicionar-se é viver

Estávamos em casa, fazendo uma limpeza de armários e nos deparamos com algumas redações escolares de nossas filhas, Cláudia sempre teve um carinho especial por estas recordações de um tempo onde elas viviam ao nosso redor. A Linha da vida é esta mesmo e os filhos saem para trabalhar.
Voltando às redações, uma nos chamou mais a atenção, talvez pelo momento em que vivemos, foi escrita pela Bruna, nossa filha mais velha em 2005 e tinha o título “Posicionar-se é viver” uma redação de cursinho pre-vestibular, corrigida pela professora, identificada como Lígia.




Transcrevo aqui algumas partes, pois nos permite mergulhar no tempo e na mente adolescente, mas já rica em observações do mundo ao seu redor.

“ O mundo é muito dinâmico. Tantas coisas se passam ao mesmo tempo, de forma tão diferente, e as pessoas são bombardeadas com informações a cada minuto. Dentre os milhares de acontecimentos que se tem conhecimento durante a vida, há sempre aqueles mais marcantes...

Cada pessoa tem um jeito único de encará-la, pois cada uma delas possui um histórico diferente de criação, educação e estrutura moral, e é isso que as torna tão singulares entre si. Embora as características pessoais existentes no homem sejam bastante diversas, existem certas posturas que são muito comuns numa sociedade. Uma delas é a acomodação, acomodação política, afetiva, 
profissional ou de qualquer outro setor que exija a reflexão e consequentemente a emissão de opinião.
Isso ocorre frequentemente pois não se posicionar é muito mais fácil, ser espectador da vida é tão mais simples do que atuar nela, afinal não exige esforço, não é preciso se arriscar, desistir, 
transformar e tentar de novo. É necessário apenas ser indiferente e não se importar com o que acontece ao redor, ignorando qualquer sinal de movimentação interna”.

Sabemos que não são todas as pessoas que se preocupam com o de onde venho? O que sou? Ou para onde vou? Perguntas básicas da filosofia tradicional. Nossa sociedade atual vive entre o imediato e não é comigo. Posicionar-se, requer um abrir-se ao mundo – olhar para frente, analisar, planejar e pela ação tentar mudar a realidade ao nosso redor.

Uma hipótese para a pequena ação política ou social, alguns podem pensar, seria porque as pessoas atualmente parecem não ter religião ou partido político. Mas pesquisando o número de Brasileiros que se auto denominaram ateus ou sem religião, não chegou nem a 2% no Censo de 2010. Portanto esta não é uma das causas. Ligação a partidos políticos, talvez o excesso deles, 36 seja uma das razões que não nos faça adotar um. O alto índice de abstenção nas últimas eleições assim o demonstra.

Mas de 2005 para cá, certamente que o interesse por política aumentou bastante, tomou conta dos noticiários e tivemos diversas manifestações populares, pessoas de todas as idades foram para as ruas, posicionaram-se, algo quem sabe impensável há meros 11 anos atrás, ainda que os manifestantes não tenham demonstrado associação clara e nenhuma organização política, foi muito mais um grito de basta.

Bruna discorre naquilo que entende sejam os componentes da falta de ação e investe na análise do que seria pior em termos de responsabilidades não compartilhada, enquanto seres socias que somos.
“ O acomodado tem uma postura pior do que a do alienado, porque o primeiro tem conhecimento do que se passa, mas se esconde atrás da falta de preocupação, já o segundo não quer saber o que acontece para não se ocupar. Aquele que não se manifesta não o faz não porque não o consegue, e sim porque não o quer, ele não possui ânsia de conhecimento e de discussão, já que se conforma com as coisas do jeito que elas estão. Acredita que não pode fazer nada para modificar a sua, ou a situação de outros, é como se vivesse em uma caixa de vidro, observando a vida correndo a sua volta”.
Ao que tudo indica, os acontecimentos recentes no Brasil, forçaram que até mesmo alienados e acomodados saíssem do armário e expressassem o seu pensamento. Na mais diversas formas de manifestações de pensamento, em todos os tons que vivemos nos dias de hoje, quer fisicamente, quer no mundo virtual da internet e redes sociais.

Bruna meio que detectou o mecanismo de resposta dos mansos, “ Entretanto, o posicionamento conformado é fácil, porém não leva a lugar algum. E, talvez, seja  este o seu objetivo, manter-se estagnado mas, esta realidade é finita. Em algum momento da vida, percebe-se que nada foi construído e que pode ser muito tarde para mudanças, porque, às vezes, quando a mente começa a funcionar, o corpo já não tem mais condições de acompanhá-la. Porém, quando se nota que a vida pode ter um sentido maior, mesmo sem a possiblidade de transformação, a consciência da acomodação é, por si só, uma forma de evolução e progresso humano”.

Este texto em sua ambientação original, não traz uma abordagem espírita. Pois trata-se de um exercíco visando uma redação para vestibular; mas o último mostra uma visão transformadora, que é a mola do Espiritismo, a possibilidade de não ficarmos parados, pois a cada dia que vivemos aprendemos algo que pode ser usado no futuro,  nesta ou em outra vida.

Kardec nos ensina que devemos ser moderados, calmos, agir com sabedoria, mas jamais nos acomodarmos, pois somos seres que transitamos pela Terra e devemos deixar a nossa marca.

NR: Este artigo foi originalmente publicado no Jornal ABERTURA de novembro de 2016

Posteriormente foi publicado em espanhol no jornal Flama Espírita.



quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

A Revolução do Amor - por Roberto Rufo e Silva

A REVOLUÇÃO DO AMOR. 

“O amor sempre foi para mim o maior dos negócios, ou melhor,o único”. ( Stendhal ) ;

“Doar-se é a atitude-chave para qualquer programa de vida, que pretenda desenvolver os potenciais do Espírito”( Jaci Regis ).


Sob o sugestivo título de “A Revolução do Amor - Por uma espiritualidade laica”, o filósofo Luc Ferry escreveu um livro muito interessante de ser lido e com uma conclusão ou constatação que merece ser analisada. Indo contra a maré pessimista oriunda desde a  segunda metade do século XX, Luc Ferry visualiza o surgimento de uma nova humanidade. Pelo menos no mundo Ocidental. Seria como Jaci Regis escreveu no seu estupendo livro”Comportamento Espírita”um novo personagem em transição.

Partindo da história da evolução da família, com destaque à conquista do casamento por amor, por escolha (algo recente na vida dos casais), Luc Ferry vê desde aí o embrião de uma nova dimensão do humano, o que ele chama de espiritualidade laica. Muito pouca gente hoje, e concordo com ele, quer arriscar a vida para defender um deus, uma pátria ou um ideal revolucionário. Mas vale a pena se arriscar para defender aqueles que amamos ou respeitamos, não importa em que local do planeta. Diz ele então que estamos vivendo a revolução do amor, e essa seria a melhor notícia do novo milênio.

Se não fala em espiritualidade laica, mesmo porque acreditava numa inteligência primeira com um grande projeto consubstanciado na Lei Natural, Jaci Regis em 1981 (há exatos 35 anos) no seu livro citado acima afirma que”considerando que a grande maioria dos Espíritos que vivem no Planeta Terra aqui vêm evolucionando há muito, formando uma humanidade mais ou menos permanente, compreende-se, pela História, que atingimos uma etapa do processo de crescimento individual e coletivo, em que os valores deverão definir-se”.

 Para Luc Ferry esses valores são chegados pois uma nova espiritualidade laica nasce da sacralização do ser humano por meio do amor. É o amor que dá sentido a nossa existência. Luc Ferry aponta que “no passado, princípios bem diferentes ditaram a ética de nossos ancestrais  : o Cosmos dos gregos, o Deus judaico-cristão, a Razão do humanismo moderno e o Ideal Revolucionário”. Ele aponta que ainda bem que os motivos tradicionais do sacrifício coletivo estão sendo literalmente eliminados pela grande destruição dos valores e das autoridades tradicionais que tanto marcou o século XX até Maio de 1968. Realmente, vamos parar para pensar e imaginemos os milhões de seres humanos assassinados em nome de Deus, do nacionalismo fanático e dos ideais revolucionários comunistas/socialistas.

No entanto esse lento, porém invencível processo de secularização dos valores, requer como nos ensina Jaci Regis que “agora,é necessário que o homem assuma sua natureza espiritual e desenvolva, no plano da vida terrena,novas formas de relacionamento e revolucione seu projeto de vida, a partir das premissas espirituais dinâmicas".

Luc Ferry explica que essa nova”espiritualidade laica”, significa uma concepção de filosofia que atribui ao homem uma tarefa essencial de refletir sobre o que seria uma via boa sem passar por um deus  ou pela fé, mas com os meios disponíveis, os de um ser humano que se sabe mortal, entregue a si mesmo e às exigências de sua lucidez. Há de surgir um novo humanismo. O Espiritismo pode ajudar e muito nesse novo humanismo, pois é da natureza da Doutrina Espírita motivar o indivíduo a transformações morais, nas sábias palavras de Jaci Regis.

Roberto Rufo.  

NR: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Julho de 2016, seja nosso assinante, valor da assinatura anual R$ 55,00 - mande um email para ickardecista1@terra.com.br e ajude-nos a manter viva a ideia de um Espiritismo Moderno e Livre-pensador.


quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Sobre a Morte e o Morrer - por Alexandre Cardia Machado

Sobre a Morte e o Morrer

Durante muitos anos o ICKS, através de Jaci Régis, promoveu seminários com este tema, sempre muito concorridos. A principal razão disto é que mesmo sendo a morte uma certeza, temos todos medo da mesma.

Como espíritas, não deveríamos temer a morte e filosoficamente não tememos. Mas no dia a dia é que a coisa pega.

Os médicos, enfermeiros, profissionais da saúde e socorristas são treinados para enfrentar o inevitável, fazem tudo o que é possível para evitar, mas ao mesmo tempo, precisam estar preparados para o pior.

Veja que ao nos referirmos à morte, falamos em pior, certeza, preparação. Como reencarnacionistas, sabemos que a vida física é apenas uma metade de nossa existência, sabemos que sobrevivemos à morte física e seguimos vivendo como espíritos imortais que somos.

Pela intensidade da vida cotidiana, muitas vezes nos esquecemos disto e pensamos igual aos não espíritas. Pode ser que seja pelo instinto, ou por amarmos muito a vida e os que aqui estão conosco, mas deveríamos nos esforçar para viver bem, considerando que a morte sempre é uma possibilidade presente. Valorizar o presente sem descuidar do preparo espiritual, sempre focados no fazer o bem, amar e ajudar nossos filhos e amigos.

Jaci Régis sempre repetia uma frase que incorporou em sua bagagem, durante sua proveitosa vida, “o que se leva desta vida é a vida que a gente leva”. Jaci nos deixou de forma inesperada, sem preparação... tudo em que trabalhava intensamente, de um dia para o outro, ficou órfão. Acredito que Jaci não ficou muito preocupado, pois sempre dizia que enquanto estivesse vivo, faria o máximo esforço para levar suas ideias e projetos em frente.

Todos os projetos seguiram em frente, outros ocuparam o seu lugar. Ninguém é insubstituível, por melhor que sejamos. O que for importante seguirá, se o mestre for bom, os alunos saberão o que fazer.

Jaci, sabemos hoje, está integrado em várias atividades no mundo dos espíritos. Os sucessores aqui estão no ICKS, na Lar Veneranda, já antes de sua desencarnação. O CEAK, onde foi presidente por muitos anos,  seguia seu caminho sem precisar dele.  Me refiro a Jaci por ser um exemplo à todos em nosso grupo livre pensador, de alguma forma ao citá-lo todos nós de certa forma nos sentiremos tocado. Mas muitos outros passaram por aqui e deixaram também as suas marcas. Esta é a lei da vida, é o projeto Divino, através da lei de progresso, da reencarnação e da evolução infinita.
Não precisamos morrer antes do tempo, com excessivos cuidados, não tomando vento, não comendo isto, não bebendo aquilo. Vivamos com equilíbrio encarando sempre novos desafios, esta é a melhor maneira de um dia morrer e reacordar no lado de lá,  percebendo que a encarnação valeu muito e foi gratificante.


Chorar, bem esta é a primeira coisa que fazemos ao reencarnar, nosso primeiro respiro vem acompanhado de choro.  Portanto vamos sim chorar os mortos, mas não vamos morrer antes da hora, pois a vida é infinitamente bela!

NR: Publicado originalmente no jornal ABERTURA em junho de 2016

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Imortalidade e Atemporalidade - por Jaci Régis

Imortalidade e atemporalidade – Jaci Régis

Um novo pensar sobre o ser humano, nominado “homem”, o definirá, essencialmente como um ser inteligente - um Espírito -  atemporal, temporariamente ligado a um organismo físico.
Essa atemporalidade sugere que o ser inteligente é permanentemente  atual. Ele não é de ontem, nem de amanhã, é de hoje. A atemporalidade o define como o ser que vive sua atualidade constante.
As experiências vivenciadas podem ser referidas ao passado e as projeções para o futuro. Mas são balisas temporais, necessárias para estabelecer um limite de compreensão do fluxo dinâmico da vida.
Essa condição  explica sua imortalidade.
A  imortalidade sinaliza a natureza espiritual do ser inteligente. Ela o define como um ente que permanece.
Analisando a experiência corpórea do ser inteligente, compreendemos a perfeita  sintonia entre ele e seu corpo, indispensável e necessária para sua atuação  no campo  das relações.
Esse ser atemporal, todavia, não depende de um organismo para ser.
Ele é.
E vive a sua experiência no nível mental, na expectativa de desenvolver potencialidades que lhe são inerentes.
A atemporalidade permite que o ser inteligente transite pelos mecanismos do nascimento e da morte do corpo, pois cada encarnação é sempre a primeira.



A seqüência evolutiva do principio inteligente

A condição de atemporalidade permite que tenhamos uma visão evolutiva do ser espiritual.
Sendo um ser natural, o ser inteligente percorre uma  seqüência progressiva.
A Lei Natural estabelece uma seqüência fundamental para o desenvolvimento dos seres:
sobrevivência, convivência  e produtividade.
O ser inteligente, na sua condição de ente espiritual permanente, possui estrutural e constitucionalmente, um impulso agressivo, graças ao qual consegue evoluir.
Sequencialmente, o impulso agressivo constitucional  transforma-se em:
vontade, que lhe garante a sobrevivência, desejo que permite a convivência e produtividade capaz de propiciar o prazer, em busca da felicidade.

No início ele é um principio

Criado como um ser potencial, incorpóreo, como um conjunto mental aberto, mas vazio. Para se tornar Espírito submete-se ao processo evolutivo.
Inserido no universo material, com ele interage, desenvolvendo um “corpo mental” como apêndice de armazenamento das experiências.
Realiza sua curva evolutiva, invariavelmente vivendo ligado a organismos que, em escala ascendente, lhe permitem o longo aprendizado até alcançar o nível hominal.
Submetido à alternância da vida, morte e renascimento nos organismos a que se liga, o ser inteligente mobiliza sua força intrínseca, a agressividade constitucional, que instintivamente o faz buscar a sobrevivência.
 Esse ligar-se a organismos e deles ser afastado pela morte destes, no decorrer do processo, é o motor básico de sua evolução,  desde as primeiras manifestações como Princípio Inteligente.
Dentro dessa visão, a atmosfera da Terra compreende um espaço  e um hiperespaço,  ambos compostos dos mesmos elementos atômicos, interagindo constante e permanentemente, embora de características diferenciadas. O espaço terráqueo chamaremos de plano físico ou corpóreo. O hiperespaço será chamado de plano extrafisico.
A descoberta do plano extrafísico ampliou o sentido da imortalidade e integrou as dimensões em que se manifesta o ser humano. O túmulo é receptáculo de um organismo que se desgastou. Com isso a imortalidade ganha um novo sentido e um novo horizonte, com a seqüência natural da pessoa, além do fenômeno da morte.
Essa reciclagem estabeleceu a continuidade natural da vida pessoal e coletiva, embora com suas características bastante diferentes e  dá ao ser inteligente um campo existencial praticamente ilimitado, em planos vibracionais ou dimensões energéticas que se interligam e interagem.

A corporeidade no plano extrafísico

No plano extrafísico existe uma corporeidade temporária constituída por um envoltório energético que Allan Kardec chamou de perispírito.
O perispírito  garante uma temporária corporeidade mantendo o ambiente de relação possível entre os Espíritos no plano extrafísico.
O perispírito reproduz a forma do corpo físico, o que permite a identificação no novo estágio vibracional. Ele é um produto do Espírito e se desenvolve em cada encarnação juntamente com o desenvolvimento do organismo físico do qual é uma espécie de clone, com características vibracionais específicas.

Nota da Redação: Ficou interessado, você pode ler tudo no livro NOVO PENSAR SOBRE DEUS, H0MEM E O MUNDO de Jaci Regis, o ICKS ainda possui alguns exemplares, entre em contato pelo email ickardecista1@terra.com.br. Enviado pelo correio, no Brasil sairia por R$ 30,00.