quinta-feira, 1 de agosto de 2013

XIII SBPE no Facebook

XIII  SBPE nas Redes Sociais


O XIII Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita agora está também no Facebook.

Além do blog do ICKS com informações atualizadas sobre o evento, a página do Facebook vem garantir ainda mais interatividade ao evento, proporcionando troca de informações e conteúdos entre aqueles que curtem a página do SBPE.

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Brincadeira do kadu julho/2013 Errata

Brincadeira do Kadu  julho/2013
Frase Oculta

Errata

Faltou publicar as instruções para realização da atividade.

Responda as referências de acordo com os números correspondentes.
Inicie a palavra onde o número está e siga no sentido da seta.
Nas fileiras mais escuras juntando as letras aparecerá um pensamento de Jaci Régis.

Faltaram duas divisórias no quadrado de número 6 (no 3º quadradinho contando do início) e no número 7 (no 3º quadradinho contando do início).

segunda-feira, 29 de julho de 2013

AS MUTAÇÕES DAS ESTRUTURAS MENTAIS por Jaci Régis

AS MUTAÇÕES DAS ESTRUTURAS MENTAIS COMO CONDIÇÃO PARA A MUDANÇA



Allan Kardec elaborou a Doutrina para um tipo de adepto capaz de mudar, de transformar, de aceitar o novo, sem desestruturar-se.

Uma exigência bastante difícil de ser aceita por um grande número, talvez a maioria das pessoas.

Porque, psicologicamente, as pessoas tendem a se acomodar, a ser conservadoras.

Cada pessoa, direi Espírito, para situar a construção dos conceitos através do tempo e encarnações, vai sedimentando conhecimentos e experiências Essa estrutura mental define a individualidade permanente, cerne, base, fundamento das personalidades que cada um de nós assume nas várias encarnações. E determina o perfil psicológico do ser.

É um processo complexo e desenvolve uma visão particular, um código com o qual o conjunto da vida é decodificado. Cria a própria e específica interpretação dos fatos, das idéias, a partir dessa maneira pessoal de olhar, sentir e perceber fatos e idéias.

As estruturas mentais se tornam, pois, consistentes, como fatores constitucionais do ser e vão sendo consolidadas:

a) pela força dos modelos culturais, insistentemente repetidos e mantidos, seja pela instituição familiar, pela classe social, pelos clãs, sobretudo pela crença religiosa, através processo evolutivo atemporal;

b) por convicções específicas que atendem à visão de mundo que cada um desenvolve por afinidades de afetos (perspectivas, sonhos) ou compensação (medos, angustias, etc.);

c) como forma de manter-se relativamente estável (mesmo na loucura) diante das incertezas naturais ou alucinadas.

Tais estruturas constitucionais, pertencem ao acervo espiritual e podem persistir encarnação após encarnação, com modificações pontuais, até que sejam abaladas por fatores variados.

Então, o abalo é assimilado ou rejeitado produzindo reações contraditórias:

a) às vezes as reações são violentas, agressivas, como recursos de salvaguarda da própria estrutura mental existente, surgindo condutas de confronto como medida de força e inibição da diversidade conceitual. São os choques religiosos, por exemplo, entre facções adversárias.

b) outras vezes, o ser desenvolve desvios conceituais, argumentação falaciosa para sustentar antigas convicções ou, também, pode simplesmente tornar-se indiferente negando-se a perceber os abalos da convicção nela permanecendo acomodado

c) não poucos entregam-se ao desalento e à descrença. Quando esse estágio move-se para uma busca de outras alternativas ou respostas, inicia-se um período de grande conturbação interior.

Abre-se um vazio existencial.

Medos, ansiedades estão na base desse processo de definição existencial. Mesmo nas mentes que possamos considerar razoavelmente sadias, subsiste, também, o medo de mudar.

A angústia do novo provoca um longo período de incertezas. Nem sempre a clareza de raciocínio é fator positivo no processo de mudança. Muitos apenas alcançam novo nível de acomodação mental. Refugiam-se numa determinada crença, seja espiritualista ou materialista e não chegam a elaborar uma nova visão de homem e de mundo.

Porque há uma diferença sensível entre a acomodação e a mudança. A mudança representa a descoberta, um novo caminho, um novo entendimento. A acomodação é uma forma sutil de manter as mesmas posições, com formas e modos meramente exteriores.

Além disso, a incerteza generalizada sobre as razões mais profundas da vida e a inevitabilidade da morte, desenham o quadro final desse complexo.

Mudar é, pois, um processo traumático.

Podemos, figurativamente, ilustrar esse processo na visão de uma árvore frondosa, cheia de folhas verdes no verão, que se desnuda e fica com galhos secos e nus, no outono e inverno, e que novamente refloresce e se enche de folhas verdejantes.

O primeiro momento é o tempo em que a pessoa está confiante e confortável com suas crenças, idéias, seu modo de ser.

O segundo momento é o tempo de transição, da dúvida, do questionamento, do abandono de crenças, idéias, acalentadas e muitas vezes muito sedimentadas.

O terceiro momento representa a recuperação das idéias, das crenças, em novo sentido, prisma e conceito.

Muitos temem o segundo momento, os galhos secos, a nudez das folhas, a exposição da alma ao incerto, à insegurança da transição e permanecem com suas velhas folhas, sem coragem, disposição ou necessidade de atravessar esse outono-inverno , esse trânsito da certeza para a incerteza em busca de novas certezas.

Entretanto, sem essa mutação a árvore fenece e não pode produzir flores e frutos.

Duro é o discurso da mutação, da mobilidade conceitual.

Transcrevo as linhas de carta que recebi, num momento de transição de nossa vida espírita, de um ex-companheiro de doutrina, dotado de inteligência e trabalhador assíduo do movimento, ao se despedir, ausentando-se da luta que travamos:

A revisão de valores que você tem comandado e que eu, em bem reduzida parte cooperei, ganhou um ritmo para mim acelerado, acima da minha capacidade de apreensão. Em alguns momentos, tudo isso tem me confundido a mente. O que era não é, o que valia não vale mais. Olhar para trás significa auto-acusação. Aí vem o desconforto duro, porque foram muitos anos de empenho, trabalho e crença, que chamamos ideal. E pôr outras coisas nesse espaço não tem sido fácil.

É preciso advertir que essa flexibilidade mental, que se permite examinar as contradições e ouvir as incertezas internas e não desestruturar-se com a queda de crenças, mitos e idéias a que se consagrou durante muito tempo, não tem uma relação objetiva com escolaridade.

Faço esse apontamento porque serão inevitáveis as críticas ao elitismo ou à ironia sobre os "doutores" e outros mecanismos de que se servem intelectuais que, não obstante, combatem a intelectualidade, supondo que os "simples" seriam excluídos, sendo que denominam "simples" os que não possuem condições mínimas de entendimento e, por isso, engrossam as fileiras dos freqüentadores e - pasmem! - de certos dirigentes dos centros espíritas.

Um pormenor importante nessa elucubração é que não se trata de pessoas "letradas" no sentido eufemístico ou pretensioso. Mas de pessoas capazes de refletir, de pensar e crescer, independente de títulos. É claro que, quando o país luta para livrar-se totalmente do analfabetismo, não seria a doutrina que louvaria a não-cultura.

É uma questão de amadurecimento e de assumir uma nova rota, quando a que se trilha se esgotou.

Friso isso porque muitos não evoluem, desiludem-se.

Não crescem, abandonam o caminho.

Não questionam profundamente; reclamam , mascarando o sofrimento e o medo de mudar.

O princípio do progresso das idéias inclui a negação simbólica para abrir espaço ao debate e à crítica, fertilizando as idéias.

Como afirmei, existe uma tendência à acomodação no processo de aprendizagem. E o progresso no que tange ao pensamento espírita é, sem dúvida, um processo de aprendizagem.

Como diria Mc Lhuan, referindo-se à escola dos tempos de mudança, que o aluno deveria saber aprender, desaprender e reaprender, dada a mutação constante dos fatores.

Na verdade, é preciso abrir um parêntese, para afirmar, segundo meu entendimento, que a mudança de paradigmas é um processo secular, enquanto a mudança dentro dos paradigmas é um processo de mutação constante. Ou seja, só se muda um paradigma quando este esgotou sua capacidade de aceitar a reciclagem das idéias, por estar saturado de obscurantismo ou cristalizado de tal maneira que não possibilita nenhuma forma de questionamento.

Nesse sentido, não creio que os paradigmas estabelecido por Kardec estejam superados, mas que permitem ainda uma reciclagem de linguagem e de sentido, sem perder as ligações originais.




O Adepto do Espiritismo



Como, pois, definir o adepto do Espiritismo?

Kardec disse :"Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas más inclinações" (O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XVII, item 4). Embora essa afirmativa tenha sido, quase sempre, entendida sob o aspecto moralista, verificamos que ela caracteriza o espírita como alguém que quer evoluir constantemente, inclusive moralmente.

Encontramos no O Livro dos Espíritos, uma análise interessante sobre o progresso.

779. O homem tira de si mesmo a energia progressiva ou o progresso não é mais do que o resultado de um ensinamento?

O homem se desnvolve por si mesmo, naturalmente, mas nem todos progridem ao mesmo tempo e da mesma maneira; é então que os mais adiantados ajudam os outros a progredir, pelo contato social.

780. O progresso moral segue sempre o progresso intelectual?

É a sua conseqüência, mas não o segue sempre imediatamente.

780-a. Como o progresso intelectual pode conduzir ao progresso moral?

Dando compreensão do bem e do mal, pois então o homem pode escolher. O desenvolvimento do livre arbítrio segue ao desenvolvimento da inteligência e aumenta a responsabilidade do homem pelos seus atos.

Nesses ensinamentos verificamos como o Espírito, ao longo de sua vida, desenvolve qualidades diferenciadas, retratando as estruturas psicológicas que constrói.

Idéias e sentimentos formam estruturas mentais, que são flexíveis ou inflexíveis, criando bloqueios a serviço da defesa do ser, sempre ameaçado pela incerteza e pelos acontecimentos.

Lembremo-nos que o ciclo nascimento, vida, morte, repetindo-se ciclicamente, é um processo de incerteza constante, até que o Espírito tenha plena e razoável compreensão de sua natureza e perceba a vida terrena como instrumento de sua ascensão, mas que não o reduz a um organismo.

Isso explica as dificuldades e as repetições dos mesmos sintomas, erros e idéias, vida terrena após vida terrena, porque nascer, viver, morrer, não representam, por si mesmos, rupturas estruturais. São condições necessárias para preparar o Espírito para essas rupturas, sob o impacto de descobertas, abalos de crenças e outros fatores externos que mobilizem motivações internas, único caminho para verdadeiras transformações das estruturas mentais.

Daí, a confirmação de que as mudanças são iniciadas na reelaboração de idéias, timidamente assumidas, para depois se tornarem reais, exigindo uma unidade de tempo.

Por isso, a diversidade de prontidão para mudar.

Alguns estão abertos a isso pela assimilação de experiências e porque encontraram um caminho de aplicação da liberdade de pensar e reelaborar.

Outros, retraem-se. Chegam, mesmo, a considerar novas idéias como sadias, excelentes para seus problemas e incertezas, mas titubeiam, hesitam e, muitas vezes, permanecem acomodados.

Por fim, há os que refutam, no momento em que vivem, qualquer possibilidade de mudar, mantendo inflexíveis suas estruturas e nem mesmo considerando a possibilidade de transformação.

O espírita que Kardec aspirava, precisa ensaiar a liberdade de pensar, suportar o medo da travessia, sem precipitação, mas sem relutância, num ritmo certo, pois as mudanças reais são amadurecidas e consubstanciadas.

Não é fácil, por vezes, fazê-lo.

Mas é inevitável fazê-lo.



Contudo, é preciso manter-se atualizado 



Quando Galileu Galilei foi obrigado a desmentir-se publicamente sobre o movimento da Terra. Teria dito, entre dentes "mas se move...". Também, diante da realidade do movimento espírita, muitos poderiam crer que o serviço ao próximo, a consolação que o Espiritismo dá, confere-lhe uma autoridade e uma aura de credibilidade que não pode ser mudada, sob pena de frustrar as milhares de pessoas que buscam nele a reposta para seus problemas e dores.

Esse raciocínio é um sofisma que, se aceito, reduziria o Espiritismo, num prazo relativamente curto, a uma seita marginal, alternativa, como muitas que surgem e desaparecem.

Embora a afirmação de que a "a vida é mais importante que a verdade" pareça justa, em termos do cotidiano, ela é inócua e injusta ao longo do tempo. Principalmente se pretender cercear a busca da verdade como não apenas desnecessária, mas como instrumento da vaidade.

O Livro dos Espíritos é claro.

O conhecimento da verdade fertiliza o sentimento. Senão, transformaremos o consolo da doutrina, em apelo à conformação, ao aceitar como determinação divina e, portanto, irrevogável, todos os acontecimentos da vida terrena.

Se não negarmos o sentido punitivo da lei de causa e efeito, acabaremos por nos tornarmos esquematicamente deterministas, sujeitos ao destino e às condições que nos cercam.

A conformação como sintoma de aceitação de que forças mais altas nos dominam, cercearia todo o esforço de progresso, que poderíamos definir como a descoberta de leis naturais desconhecidas e a construção de novas formas de convivência, conforto e bem-estar.

Isso também nos cega diante da realidade. A hanseníase, por exemplo, é doença que persiste nos países subdesenvolvidos e está erradicada dos países desenvolvidos. Para justificar esse atraso, poderíamos usar o velho estratagema de que os Espíritos que aqui reencarnam ainda "precisam" dessa prova, enquanto os que lá encarnam já não necessitam desse aguilhão. A assertiva é um sofisma porque os habitantes dos países desenvolvidos não apresentam um comportamento ético sublimado, nem suas sociedades estão longe do crime, dos erros e da violência.

Nesse, como em outros casos, não precisamos criar uma explicação engenhosa para "salvar" a Justiça Divina. Em primeiro lugar, as condições sanitárias são básicas para o desenvolvimento de certas moléstias. Além disso, não dispomos de todos os elementos para fazer um julgamento realista das modificações do comportamento humano.

Devemos lembrar que coexistem, no fim do século vinte, esplendores científicos, tecnologias de ponta, projetos quase fantásticos para a informática, viagens interplanetárias, estudos adiantados sobre a natureza do universo, com a crença nas grandes cidades e países do primeiro e de todos os mundos, no vudu, na cartomancia, nas adivinhações e exotismos de toda espécie.

Esses segmentos oferecem a fantasia e a magia que milhares de pessoas cultuam no frenesi de resolver seus problemas sérios ou fúteis, através de sortilégios, rituais e práticas primitivas.

O Espiritismo precisa também definir o papel dos Espíritos na Doutrina Espírita. Aliás, Allan Kardec deixou bem clara a variedade dos graus evolutivos dos desencarnados, eliminando o fascínio sobre um suposto domínio ou sabedoria dos "mortos". Como ele, não podemos, sem dúvida, desprezar a participação dos espíritos na atualização e no progresso do Espiritismo.

Afinal, a doutrina nos abre os horizontes de uma compreensão sem fronteiras entre a vida física e a vida extra física, no meio da qual estão os fenômenos da morte e do nascimento, ciclicamente.

Entretanto, essa comunhão deve ser feita sem deslumbramento e com recíproco respeito e compreensão dos fatores determinantes das estruturas mentais e morais de cada um.

O Espiritismo só tem, pois, um caminho se quiser contribuir para a mudança do processo vivencial humano: dinamizar idéias, pesquisar novos caminhos, ousar na procura de entendimento mais coerente com as idéias da Justiça divina e da própria existência de Deus, atuando positivamente no plano, na vida cotidiana, não apenas das pessoas, mas das coletividades



Como mudar



Kardec estabeleceu a forma dessa atualização que deve ser contínua e constante, sem pressa e sem atraso, no seu tempo, maduramente.

Nem utopias, nem prepotência.

Coerência e integração com a cultura em andamento.

Firmeza de princípios e flexibilidade de entendimento.

Fora disso cairá na repetição. Fechado ao progresso, imobilizando-se, ficará para trás, retendo em seu seio e alimentando suas fantasias, multidões retrógradas, sempre à espera da intervenção do oculto para fazer, por elas, o percurso que inevitavelmente terão de fazer, ainda que perdendo o ritmo e a oportunidade de crescimento.



Delimitar o campo 


Kardec pretendeu que o espírita tivesse a mente científica.

Explico-me. Não quer dizer que ele desejou que todos os espíritas fossem cientistas. Mas que tivessem a mente como se fosse um deles, ou seja, capaz de aceitar que sempre se pode encontrar novos caminhos, penetrar mais a fundo em todas as coisas.

Um dos males que obstam o desenvolvimento do Espiritismo, é a pressuposição de que ele tem respostas para todas as questões.

Dada a impossibilidade de analisar, com base, as variadas e surpreendentes ações humanas, restou a prepotência de que se tinha um esquema pronto, um manual de respostas acabadas para cada tipo de problema.

Esse estratagema só serve para tumultuar as idéias e dispersar o trabalho de expansão da idéia espírita.

Precisamos lembrar que Kardec enfatizou que era "preciso não sair do círculo das idéias práticas," ou seja, evitar utopias, sonhos e pretensões eufóricas.

Creio que o primeiro passo para criar adeptos capazes de atender às exigências do fundador da doutrina será delimitar o campo de atuação doutrinária. Quer dizer, escolher os tópicos, conhecimentos, em que a doutrina pode contribuir de maneira ponderável. Os conhecimentos humanos evoluíram de tal forma que o generalista, o que conhece tudo não sobrevive.

O perigo, quando se defende a abrangência ilimitada do interesse espírita, será o dispersar de energias e abrir campo para afirmações exóticas ou sem fundamentos lógicos e científicos.

Não será mais produtivo aprender, como espíritas, a reflexionar, a filosofar?

Deveríamos, talvez, definir o Espiritismo como uma forma de humanismo, uma filosofia humanista, que se debruça sobre as relações do ser humano consigo mesmo e com o outro. Nesse campo, teremos ampla possibilidade de aprofundar nossos conhecimentos e pesquisas, pois isso envolve a natureza do ser em si mesmo, a comunicação mediúnica e a inserção do Espírito no processo evolutivo, a partir, naturalmente, da imortalidade.

Recordemos as palavras de Kardec:

O que hoje pode ser verdade amanhã pode ser mentira.

O imobilismo não faz parte do pensamento espírita.

Não rejeitar novas idéias e descobertas.

Para que incorporemos o progresso aos nossos princípios não precisamos e nem devemos rejeitá-los, nem enxertá-los com cientificismos ou misticismos, idéias espiritualistas ou esotéricas.


Artigo publicado no Jornal Abertura, nas edições de Junho, julho e agosto de 2013.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

SBPE: uma trincheira para o livre-pensar espírita - Minha Experiência no SBPE - por Ademar Arthur Chioro dos Reis

SBPE: uma trincheira para o livre-pensar espírita

Estive presente em praticamente todas as edições do Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita (SBPE), tendo apresentado diversos trabalhos e participado ativamente dos debates nele proporcionados. A minha formação e trajetória como intelectual e dirigente espírita é muito devedora ao evento, que ao longo de mais de duas décadas ininterruptas de existência vem assumindo diversas representações e cumprindo distintos papéis para o movimento espírita e para cada um dos participantes. No presente artigo procuro expressar o que significa pra mim o SBPE, criado e mantido por anos pelo líder espírita Jaci Regis e que se mantém mais vivo do que nunca após o seu desencarne, tendo se constituído num espaço vital e imprescindível de produção e reflexão sobre o pensamento espírita.

A partir de sua criação, na década de 80, constitui-se no único espaço disponível de aglutinação dos espíritas que foram expulsos ou se auto excluíram do movimento espírita hegemônico, após os intensos e destrutivos processos de embate que tiveram a questão religiosa como eixo central da discórdia. As primeiras edições do SBPE constituíram-se numa trincheira de resistência. Não fosse a sua existência teríamos nos enfraquecido no isolamento, no abatimento moral e no desânimo geral. Ali, a cada encontro, percebíamos que companheiros de distintos grupos, cidades e estados tinham uma perspectiva doutrinária convergente. Era ali que nossas energias eram renovadas e que podíamos perceber que outra forma de espiritismo era possível e viável, livre das amarras opressivas que a institucionalidade vigente impunha, da mansidão farisaica contida no discurso evangélico totalizante. Uma proposta que pudesse ser implementada com reais possibilidades de dar continuidade àquilo que fomos entendendo progressivamente cada vez mais ser o projeto de Kardec: um espiritismo progressista, humanista, laico e livre-pensador.

Foi esta identidade de pensamento, construída no debate aberto, franco, fraterno e livre, com companheiros e instituições espíritas de diversas partes do país, que arou e produziu campo fértil para receber o chamado feito pela CEPA, em 1995, quando Jon Aizpúrua dirigiu carta aberta aos espíritas livre-pensadores, laicos, progressistas e humanistas. Convidou-os à cerrarem fileiras na CEPA, processo que se consolidou com a presença de uma grande delegação brasileira no XVII Congresso Espírita Pan-americano da CEPA, em Buenos Aires (1996) e com a realização do XVIII Congresso em Porto Alegre (2000). O tema do Congresso (“Deve o espiritismo atualizar-se?”) e a eleição do gaúcho Milton Moreira Medran para a presidência da entidade consolidaram definitivamente um novo espaço de convivência doutrinária e afetiva para este segmento do movimento espírita.

A partir daí, o SBPE passou a ser explicitamente apoiado pela CEPA e se tornou também um espaço privilegiado de encontro e de fortalecimento desta entidade, sediando várias reuniões da sua Diretoria Executiva, da qual fiz parte por 12 anos. Foi o palco, também, do surgimento da CEPABrasil, entidade criada em 2003 por delegados e amigos da CEPA em nosso país que tem tido um papel importantíssimo na organização de encontros e na disseminação do pensamento kardecista laico e livre-pensador.

Pessoalmente, tenho um debito de gratidão muito grande como o SBPE. Os trabalhos que tenho apresentado em Congressos, Encontros e Conferências, no Brasil e no exterior, e os livros que publiquei - “Magnetismo, Vitalismo e o Pensamento de Kardec” e “Mecanismos da Mediunidade – o Processo de Comunicação Mediúnica”, assim como as contribuições espíritas mais importantes que produzi até hoje, contidas em dois capítulos no livro “A CEPA e a Atualização do espiritismo” e que versam sobre a Agenda e o Método para a atualização do espiritismo, tiveram como laboratórios as reuniões do CPDoc e as sessões de apresentação de trabalhos do SBPE. Não apenas porque me instigaram a produzi-los e apresentá-los, mas porque ali obtive um retorno dos demais participantes, extremamente qualificados, que me aportaram reflexões e críticas tão importantes que praticamente os transformaram em coautores.

Outro aspecto que destaco é o caráter metodológico revolucionário assumido pelo SBPE, proporcionando um espaço inédito para a produção intelectual de autores, grupos de pesquisa e instituições espíritas comprometidas com o pensamento kardecista. Isso ocorreu porque tradicionalmente os eventos espíritas eram realizados como torneios de oratória, em conferências proferidas por palestrantes e médiuns ilustres, sem espaços para o debate, a reflexão e o questionamento. Além disso, raramente permitiam que pesquisadores e estudiosos desconhecidos ou novatos pudessem apresentar as suas contribuições. Concebido num formato muito simples, em que cada participante pode propor com total liberdade um tema, bastando remeter seu resumo, inscrever-se no evento e dele participar para fazer a sustentação oral e debatê-lo livremente com os demais participantes, o SBPE demonstrou o quanto este tipo de espaço é rico e proveitoso, tanto que assim se mantém desde a primeira edição, com pouquíssimas mudanças, tornando-se referência para outros eventos espíritas.

O SBPE tem sido, ainda, e isso não é menos importante do que destaquei anteriormente, um espaço de produção de laços de afetos, de novas e consistentes amizades, de inclusão de gente que foi posta de lado ou que perdeu qualquer possibilidade de conviver fraternalmente com outros companheiros espíritas, simplesmente por pensar diferente, por ousar inovar ou exercitar aquilo que para o espírito é a essência de sua existência: a liberdade de pensamento.

O SBPE é também lugar de encontros e reencontros com companheiros muito queridos de diversas partes do país. Possibilitou o estabelecimento de fortíssimos vínculos afetivos com espíritas argentinos, que dele participam ativamente há vários anos, e terminou por inspirar a criação de um evento similar que ocorre naquele país agora também com regularidade, praticamente nos mesmos moldes do SBPE.

Por tudo isso, espero que os espíritas interessados no estudo e na produção do pensamento espírita, independentemente de serem vinculados ou não a uma das correntes do movimento espírita, que estejam comprometidos com o livre-pensar e que mantém suas mentes abertas ao novo, que lutam pelo direito à liberdade e pelo respeito às diferenças e aos diferentes, possam vir a Santos, em outubro de 2013, para apresentar sua produção ou apenas compartilhar conosco os aportes que serão efetuados por estudiosos muito comprometidos com o desenvolvimento do pensamento kardecista, em momentos de grande aprendizado intelecto-moral e de ampliação de laços de afeto e respeito.



Ademar Arthur Chioro dos Reis

Médico e professor universitário.

Membro do CPDoc e do CEAK (Santos)

terça-feira, 9 de julho de 2013

Respostas das Brincadeiras do Kadu - jornal Abertura abril/junho 2013

Respostas das Brincadeiras do Kadu -  jornal Abertura

mês de abril e junho de 2013. Maio não saiu brincadeira.

Abril/2013
Forme a Torre

Eco, Ente, Êxito, Eterno, Ernesto, Evolução, Espíritos, Encarnação, Experiência, Erraticidade.

Junho /2013
Titulo do trabalhos do SBPE

1. Esboço de uma Teoria Espirita da Personalidade. Jaci Régis 
2. O Ser Humano e a Evolução , uma Análise Pré-Histórica. Alexandre C.Machado
3.Amèlie, uma Mulher de Verdade. Eugenio Lara
4.Neoliberlaismo X Espiritismo. Ademar C.dos Reis
5.O acaso vai nos proteger. Reinaldo di Lucia
6.Amor e a Temperança. Ciro Pirondi
7.Evolução Global Darwin e Kardec Constroem o Futuro. Marcelo Régis
8.Seremos todos Espíritas?  Wilson Garcia
9.Do Espiritismo Cristão ao Pós-Cristão: Caminhos da ideia espírita no Brasil. Ricardo Nunes
10.Fundamentos do Espiritismo: Um enfoque Livre Pensador. Mauro Spínola

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Povo nas Ruas e o Brasil acordou - Uma visão Kardecista

Difícil até buscar um título para este editorial, tamanha a variação de aspectos que podem ser atribuidos ao movimento iniciado à partir da indignação de alguns jóvens organizados entorno do movimento pelo passe livre.


Na medida em que a velocidade com que o número de manifestantes e cidades onde ocorreriam passeatas aumentavam, também a pauta de reinvindicações se diversificava, de comum, apenas o grito de cidania e a constatação da falta de conexão entre os diversos órgãos de estado e da população, pois fica evidente pelos cartazes que a quantidade de problemas e propostas justas é enorme.


Foto obtida do site Terra


Houveram partidos políticos que participaram das primeiras manifestações, mas logo quando todas as fatias da sociedade aderiram aos protestos, ali só havia um partido – o partido do Brasil – um partido suigeneris multifacetado que agrega desde os pacifistas até os aproveitadores de plantão que se escondidos no meio do movimento legítimo tratam de por para fora a raiva contida, destruindo o patromônio público e em uma minoria ainda mais radical praticando furtos.

De uma forma geral protesta-se contra a corrupção, contra a impunidade, contra os modelo político-partidário, contra a FIFA, mas ao mesmo tempo reinvindicando escolas, serviços públicos e hospitais padrão neste mesmo padrão, protestam claro, contra a alta da inflação, contra os gastos elevados e quem sabe superfaturados dos estádios novos ou reformados.

Somos contra o uso abusivo de violência popular e o ataque frontal ao estado de direito quando alguns pedem o impedimento de autoridades do executivo ou quando atacam direito do cidadão de ir e vir que estas manifestações provocam, mas ao mesmo tempo, ficamos felizes ao ver que o brasileiro tem sim uma tradição de luta por um país melhor, conforme comprova a nossa história repleta de revoltas, revoluções contra os mais variados tipos de desmando.

Os governantes sentiram o golpe, em todos os escalões e em todos os partidos políticos e estão anunciando medidas, reduzindo o preço das passagem num esforço de acalmar a população. Como sempre acontece, basta ver os movimentos iniciados na primavera árabe de 2011, é muito difícil prever o resultado de uma movimentação de massas sem uma liderança capaz de negociar, de representar os anseios populares, mas dá para imaginar que após um determinado tempo alguns partidos acabarão por se apoderar da lista de reivindicações e passarão a representar novamente a sociedade aliás papel que de verdade lhes cabe. Ainda que na história movimentos de massa que agitaram milhões de pessoas em geral duraram pouco tempo, ao menos antes do advento das redes sociais e da capacidade de comunicação via celular que hoje 100% da população dispõe.

As tentativas de invasão ao Congresso Federal e ao Palácio do Itamarati apesar de graves ataques à democracia, devem ter chacoalhado a estrutura morosa do poder, algo de bom em que pese a violência poderá sair de tudo isto,pricipalmente se o movimento seguir sem violência e com persistência, sem interromper a vida dos que estão tentando trabalhar, poderemos estar pela primeira vez neste século usando de toda a nossa capacidade individual política, onde cada indivíduo leva a sua idéia à frente.

Como Kardecistas progressistas não podemos nos calar, acreditamos na melhora da sociedade pela ação responsável, pela educação, pela atuação na sociedade, legitimamos o grito, mas pedimos cautela na ação, porque acima de tudo, precisamos respeitar o outro. Somos a favor da lei de Justiça e Caridade, mas não podemos aceitar a dormência do Judiciário, todo cidadão honesto gostaria de ver atrás das grades o mais rápido possível os poderosos sabidamente corruptos, a hora deles há de chegar, o tempo dos recursos se esgotará.

Quem sabe acordando a todos os brasileiros terminemos por mudar o país para melhor.

Minha Experiência no SBPE – Cláudia Régis Machado

Participei em quase todas as atividades possíveis nos diversos simpósios, na recepção, nos bastidores, coordenando mesas e, em 2009, pude participar de uma mesa que discutia o Modelo Kardecista proposto por meu pai, Jaci Régis. Em 2011, pela primeira vez, apresentei um trabalho sobre o Gabinete Psico-mediúnico do ICKS.


Foto: Jaci Régis X SBPE - Santos - 2007



Falar sobre o SBPE me remete a pensar no meu pai, na sua versatilidade, homem capaz de debater ativamente as suas ideias, inconformado com a velocidade das mudanças e, ao mesmo tempo, ser capaz de demonstrar uma ternura extrema, como no exemplo que vou fazer referência aqui.




Foto: XII SBPE - Santos - 2011 - Cláudia e Bruna Machado


Jaci Régis no X Simpósio Brasileira Pensamento Espírita, que aconteceu em Santos no ano de 2007, propôs uma vivência motivadora, para reflexão sobre nossa existência. Existência que tem dinâmica própria, com medos, alegrias, angústias, frustações, realizações, desejos e ansiedades e, mesmo assim, pode se transformar. Jaci dava como exercício amassar um papel e depois desamassá-lo, deixando-o o mais liso possível.


“Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia. Tudo passa tudo sempre passará. A vida vem em ondas como um mar. Num indo e vindo infinito. Tudo que se vê não é igual ao que a gente viu a um segundo, tudo mundo o tempo todo no mundo.

Não adianta fugir nem mentir a si mesmo, agora, há tanta vida lá fora, aqui dentro, sempre, como uma onda no mar.” – Lulu Santos



Embalados pela música de Lulu Santos que nos amplia os pensamentos, a imaginação e aviva os sentimentos, despertando e motivando a entrar no exercício que seguia em fechar a mão esquerda como um copinho de café e colocar a folha desamassada em cima e, com dedo indicador da outra mão formar um caule de flor. Depois, ajeitando para formarmos as bordas de uma flor, fazer o seu acabamento e, enfim, transformar o papel amassado em uma singela flor.


Tudo isso para mostrar-nos, concretamente, que o papel representa nosso comportamento, nosso caráter. Às vezes amassamos, confrontamos, entramos em conflito e parece que não tem mais volta.

Todavia, há sempre oportunidade de reverter e reiniciar.


E como se pode fazer uma flor, ainda que imperfeita, de uma folha amassada, podemos também transformar nossos comportamentos em algo melhor, mais satisfatório, mais recompensador.

O simpósio é sempre uma grata surpresa, assim como essa vivência que participamos.

Entre a quantidade de trabalhos que assistimos, estudamos e aprendemos em todos os simpósios realizados, há sempre novidades e atividades marcantes como esta relatada. Experiências como esta mostram como o simpósio é um momento rico em vários aspectos como: encontro com amigos, estudos, descobertas, aprofundamento, realidade, execução, realização, trabalho.


Um evento marcante tem se mostrado em todos estes anos de realização. Minha experiência dentro dos Simpósios é marcada por tudo isso, daí a sua importância. Por isso participo sempre e convido a todos a também VIVER OU REVIVER estes momentos.



quarta-feira, 19 de junho de 2013

Doutrina Kardecista – modelo conceitual faz 5 anos - Modelo proposto por Jaci Régis

Doutrina Kardecista – modelo conceitual faz 5 anos




Lançada por Jaci Régis em Maio de 2008, em formato brochura e produzido pelo ICKS, o Modelo Conceitual encontra-se à venda pelo investimento de R$ 10,00.

Hoje já é possível, além de adquirir o exemplar no ICKS baixar o mesmo gratuitamente no site da CEPA - https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/32-icks-modelo-conceitual-jaci-regis?download=225:icks-modelo-conceitual
  

O material sacudiu os alicerces do movimento livre-pensador por assumir-se Kardecista e pós-cristão, sendo o marco de lançamento de uma corrente nova, renovadora, apartada do movimento espírita tradicional e, se um dia isto realmente acontecer, este documento terá que ser lembrado como o brado de liberdade. Jaci promoveu diversos debates com pensadores espíritas laicos no ICKS, em Santos, no CCEPA, em Porto Alegre, no CPDoc e também em uma edição do SBPE.



Jaci enviou seu material à CEPA propondo a sua discussão no âmbito da mesma, em um dos congressos organizados por esta instituição, tendo sido prontamente recusado, mas o impacto causado pela brochura foi tão grande que as ideias contidas em sua maioria foram incorporadas ao pensamento do nosso grupo, tendo sido este material usado como uma das bases para a Carta de Princípios da CEPA Brasil em Bento Gonçalves, em 2010. Acontecendo a mesma coisa no ICKS, em 2011, quando da elaboração de seus princípios norteadores, isto após a desencarnação de Jaci Régis, em dezembro de 2010.

O Jornal trimestral espírita catalão, Flama Espírita, vem analisando o texto completo desde 2010, já tendo percorrido 76% de seu conteúdo, e acreditamos que até o fim deste ano, David Santamaría terminará sua análise, e assim que estiver concluída, o blog do ICKS disponibilizará o conteúdo completo. Esta talvez fosse a maior aspiração de Jaci: que o texto fosse debatido, por isso dedicou o espaço deste jornal àqueles que assim o fizessem.

Histórico:

Maio de 2008 – Jaci Régis lança a brochura Doutrina Kardecista – Modelo Conceitual (reescrevendo o modelo espírita)

Junho 2008 – Régis apresenta em Porto Rico seu Modelo Conceitual, com muito sucesso, no XX Congresso Espírita Panamericano

Julho de 2008 – ABERTURA publica um artigo – Novo Modelo Conceitual, com depoimentos de espíritas que o leram – como Mario Horta e Gilberto Guimarães da Silva, de São Paulo (SP), José Aparecido Sanchez, de Jacarezinho, Gisela Régis, de Rio Claro e Ademar Arthur Chioro dos Reis, de Santos.

Novembro 2008 – ABERTURA publica Modelo Conceitual em Análise – após reunião onde foram convidados a debater o material no ICKS, Reinaldo Di Lucia, Alcione Moreno, Ricardo Nunes, Cláudia Régis Machado e Alexandre Machado, com a participação de Antonio Ventura, Arlete, Isabel Tavarez, Palmyra Coimbra Régis e José Alberto.

Dezembro de 2008 – ABERTURA publica a segunda reunião no ICKS para debater o Modelo, Doutrina Kardecista em debate, com a participação de Ademar Chioro dos Reis, Ciro Pirondi, Gilberto Guimarães. José Alberto, Jacira Jacinto da Silva, Jaílson Mendonza, Mauricy Antonio da Silva. Mauro Spínola e Roberto Rufo – neste grupo apenas Gilberto declarou-se religioso mas fez questão de participar da discussão. Neste momento, a grande rejeição estava no nome –doutrina Kardecista, posição que Ademar, Mauro e Jacira não nutriram simpatia. Hoje, passados cinco anos, fica claro que o nome pegou e é usado tranquilamente ainda que não tenha substituído a palavra Espiritismo.

Maio de 2009 – ABERTURA publica reportagem sobre a visita de Jaci Régis ao CCEPA – Centro Cultural Espírita Porto Alegre, onde estiveram presentes 20 pessoas de Porto Alegre, Florianópolis e Pelotas. Os comentários no geral foram muito positivos.

Junho de 2009 – a CEPA rejeita a proposta de Jaci Régis de que o novo modelo conceitual – reescrevendo o modelo espírita seja usado como base para um novo posicionamento da CEPA, nem consideraram necessária a constituição de uma comissão para análise do mesmo em que pese a admiração dos membros do conselho da CEPA pelo autor e pelo ICKS – deixa clara a CEPA que a atualização do pensamento espírita se dá pelos congressos e não por iniciativas individuais.

Julho de 2009 – O ABERTURA publica a resposta de Jaci Régis ao presidente da CEPA onde Jaci defende que “é natural que a atualização seja uma consequência de uma construção coletiva. Mas por que não pode partir de uma sugestão individual? A conclusão da atualização é coletiva, mas a iniciativa pode ser individual. Parece que assim tem sido a história do conhecimento humano ...”. Jaci assim não desiste, apenas muda o foco e prepara o lançamento de seu último livro – O Novo Pensar espírita, que mais tarde seria batizado de “Novo Pensar – Deus, Homem e Mundo”, à venda no ICKS por R$ 25,00.

Novembro de 2009 – O ICKS realiza o XI SBPE – uma mesa redonda é organizada para debater o Novo Modelo e Jaci Régis lança com muito sucesso o livro Novo Pensar – Deus, Homem e Mundo. Com a participação de Roberto Rufo, Cláudia Régis Machado e Eugenio Lara, Rufo afirma ser o Novo Modelo uma nova teoria do conhecimento ou epistemologia.

Respondendo a este desafio, o ICKS apresentará no XIII SBPE em outubro de 2013, uma análise epistemológica do que mais tarde Jaci chamaria de Ciência da Alma, que incorporaria ideias do Novo Modelo e Novo Pensar.

Destacaremos alguns pontos do modelo conceitual que se tornaram de domínio público e aceito pela maioria de nossa comunidade:

1 - Segundo o Espiritismo, não existem o céu, o inferno e o purgatório. Remendar pano velho com pano novo é incompatível, já disse Jesus de Nazaré. Anjo não pode ser sinônimo de Espírito Puro.

Diabo não pode ser justificado como condição de Espírito imperfeito ou obsessor. Purgatório não tem sentido na justiça divina, segundo o Espiritismo.



2 - O novo modelo começará por estabelecer que o universo não é estruturado, mas delineado. Seria, metaforicamente talvez, uma projeção da intenção divina, inteligência suprema e causa primária, centro ordenador e controlador, manifestado através da Lei Natural. Porque onde há Lei existe necessariamente controle.



3 - Neste modelo não existe espaço para a personalização do Ser Supremo, nem cabe o estabelecimento de atributos que o humanizariam, porque o paradigma disponível para pensar as virtudes é o humano.



A palavra delinear é bem clara, significa esboço, linhas gerais, marcos principais, e não um planejamento estrito, um mapa detalhado. É a mistura de determinação do reencarnante e do grupo em que se filia e o livre-arbítrio.

Não creiais, entretanto, que tudo o que sucede esteja escrito, como costumam dizer. (...) Só as grandes dores, os fatos importantes e capazes de influir no moral, Deus o prevê porque são úteis à tua depuração e à tua instrução. (859 a)



4 - Pelo novo entendimento a vida corpórea é um componente natural, desejado e necessário à evolução do Espírito. Numa visão dinâmica, contudo, concebemos a vida humana como um continuum existencial, através da vivência no plano extrafísico e no plano corpóreo, intermitentemente. Isso explica a realidade evolutiva das pessoas, em segmentos reencarnatórios. A pessoa humana possui uma biografia atemporal, em que experimenta uma extraordinária aventura de erro e acerto. Permanentemente inquietante e inquieta, sem correlação estrita com o tempo, mas desenvolvendo-se em seu próprio tempo.



5 - Encarnar e desencarnar é o motor básico da evolução do ser inteligente. A reencarnação é, pois, o instrumento básico da evolução do Espírito, desde as primeiras manifestações como Princípio Inteligente.



6 -No estágio evolutivo médio da humanidade terrena, o ponto de referência é a vida corpórea, onde ele elabora progressivamente sua identidade. Mas, como em todo o Universo, nesse aparente caos, a diretriz da Lei divina se estabelece seja pela hierarquização dos Espíritos, seja pelas pressões da realidade moral e intelectual que cada um desenvolve e vive. Todos seguem os rumos do produto de si mesmos. Embora numa visão genérica, o Plano Extrafísico de modo algum seja um lugar disciplinado, há, certamente, um centro coordenador, uma fonte dirigente que se manifesta sempre que solicitada ou quando necessário. Esse centro diretivo, constituído de Espíritos gabaritados atua, suplementa, buscando promover o equilíbrio pessoal e grupal.

Este modelo descarta totalmente a premissa da vida humana girando em torno da culpa e castigo.

O fluxo organizador e diretivo da Lei está “inscrito na consciência”, isto é, na formação da estrutura do corpo mental. Que significa isso? A Lei não é um discurso. É o conjunto de fatores que atuam sempre procurando a manutenção do equilíbrio. A Lei natural não é moral. O universo não tem propósitos restritos ou punitivos. Embora não haja possibilidade de entender todas as nuances da vida, nada na natureza autoriza o modelo de pecado e punição secular.



7 - Na visão evolucionista deste modelo não há lugar para um salvador. Mas positivamente tem lugar para as lições de Jesus de Nazaré. Nas suas lições Allan Kardec buscou a diretriz segura para o desenvolvimento ético e moral que o Espiritismo propõe.

Caráter, dor, prazer, desvios morais, perversões e santificações que definem o comportamento das pessoas foram desenvolvidos através das vidas sucessivas e por elas serão resolvidos.



8 - A reencarnação é uma aventura existencial.

Deixamos aqui o convite à leitura do Modelo Conceitual - entre em contato com o ICKS para saber como obter a sua cópia - ickardecista1@terra.com.br

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Opinião em Tópicos: Justiça não é vingança - Milton Medran Moreira

Justiça não é vingança



Em tempos de discussão sobre a redução da maioridade penal, chamou atenção depoimento com o título acima, publicado na Folha de São Paulo (28/4). Sua autora: a jornalista Luiza Pastor, 56. Ela foi estuprada quando tinha 19 anos por um menor com alentada folha policial que já fora detido várias vezes por fatos semelhantes. Levada por terceiros à delegacia, reconheceu o garoto delinquente, identificado como PS, e conheceu sua história: filho de uma prostituta, era criado pela avó, evangélica,“que tentara salvar-lhe a alma à custa de muitas surras”. A conversa que ouviu dos policiais foi de que não adiantava mantê-lo preso, coisa que, aliás, não fora pedida por ela. “Esse é dos tais que a gente prende e o juiz solta”, disseram, acrescentando: “O melhor mesmo é deixar ele escapar e mandar logo um tiro”. Não concordando com a solução, Luiza foi chamada de covarde e ainda teve de ouvir: “Se está com pena dele, vai ver que gostou!”.

Um destino implacável


Traumatiza com o fato, Luiza foi embora do país. Retornou depois de muitos anos. Agora, sempre que ouve falar em redução da maioridade penal recorda a história de PS, de quem nunca mais soube. Renova, então, a crença de que se o Estado não investir fortemente em educação dirigida a milhares de jovens em idênticas condições daquele, “teremos criminosos cada vez mais cruéis, formados e pós-graduados nas cadeias e ‘febens’ da vida”.

Se PS ainda vivesse, teria uns 50 anos, hoje. Mas, é quase certo que não vive mais. No Brasil, dificilmente alguém com seu perfil passa dos 30 anos. Morre antes, por doenças contraídas na cadeia, quando não abatido pela polícia ou em disputa com outros delinquentes.

A teoria e a prática


Teórica e tecnicamente, a redução da maioridade penal seria defensável. Um garoto de 15, 16 ou 17 anos, hoje, tem plena capacidade de entender o caráter criminoso de seus atos. Mas, na prática, de nada vai adiantar encarcerá-lo e submetê-lo às péssimas condições de nossos presídios, onde inevitavelmente se fará refém de bandos de experientes criminosos que comandam o ambiente prisional e coordenam, além de seus muros, a violência da qual todo o país se tornou igualmente refém. Sem qualquer possibilidade de aquisição de valores positivos que só o trabalho e a educação, desenvolvidos em ambiente minimante humanizado, poderiam lhes oferecer, esses garotos, que nem lar tiveram, simplesmente não têm chance de recuperação. A sociedade e o sistema os fizeram irrecuperáveis. E pena que não recupera é inócua. É vingança que nega a justiça.

Criminalidade e reencarnação


Numa concepção imediatista e materialista, a solução de “mandar logo um tiro”, sugerida pelo policial, poderia se justificar. À luz de um humanismo espiritualista, entretanto, estamos todos comprometidos uns com os outros. Criminalidade é doença da alma. E é contagiosa. O egoísmo de alguns, a injustiça social, o orgulho e a arrogância de tantos, a falta de solidariedade, são agentes desencadeadores do crime cujos efeitos atingem “culpados” e “inocentes”. Numa perspectiva imortalista e reencarnacionista, a ausência de políticas pedagógicas e de justiça social, no presente, assim como o exercício da vingança privada ou social, no lugar de uma justiça recuperadora, constituem-se em políticas a repercutirem negativamente nas sociedades do futuro. Adiar significa agravar. E já adiamos demasiadamente.

Artigo publicado em Maio no Jornal Abertura de Santos e no Jornal Opinião de Porto Alegre.


segunda-feira, 10 de junho de 2013

O ICKS funciona na nova sede, por Redação

O ICKS começa a reforma da nova sede




A nova sede será no bairro Embaré, na Rua Paraguassú, 18 em Santos é claro, as obras de adaptação da casa, que durante muitos anos foi o consultório psicológico do Dr. Jaci Régis, esta sede nos foi doada pelo casal Jaci e Palmyra Régis ,com o objetivo de dar mais autonomia ao Instituto.

Nosso cronograma prevê o início das atividades na nova sede já em Julho. Aguardem a programação de inauguração.

Atualizando esta postagem, já estamos funcionando em nossa sede!