quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Cuidar bem do corpo e sua relação com os cuidados da alma - por Bruna Regis Machado

“O exercício das faculdades depende dos órgãos que lhe servem de instrumento”, respondem os espíritos, em relação a pergunta 368 do LE., e a partir daí podemos entender a importância do corpo para a evolução da alma, mais especificamente, podemos pensar que a saúde do corpo, permitindo que este funcione com toda sua capacidade, exercem um papel fundamental no desenvolvimento do espirito.




Simples iniciativas no nosso dia a dia fazem com que aumentemos nossa saúde e obtenhamos um beneficio muito maior ao longo dos anos. Muito se fala na saúde do corpo, que é exaltada em milhares de revistas, documentários, reportagens e etc, mas normalmente com uma ênfase maior na preocupação estética, ou no máximo com o intuito de prevenir alguma doença. Pouco se fala na importância da saúde física como um meio para o desenvolvimento pleno das habilidades da mente. Nosso cérebro necessita que o corpo esteja em equilibro para que possa aumentar sua capacidade produtiva, e para isso é preciso tomar certos cuidados. Por exemplo, funções cerebrais como o armazenamento da memória, nossa capacidade criativa ou mesmo o processo de aprendizagem depende da oxigenação correta do cérebro. O cérebro utiliza 20% da energia do corpo, necessitando de constante oxigenação recebida pela corrente sanguínea, e se utiliza de 25% do oxigênio inalado.

Pois bem, para que isso ocorra, é preciso que o nosso sangue não esteja contaminado com gorduras em excesso, que a capacidade pulmonar seja constantemente trabalhada por meio de exercícios e que o coração funcione corretamente. Nosso corpo foi tão inteligentemente construído que cada debilidade nos órgãos influencia diretamente na nossa capacidade mental, e por isso temos que cuidar tão bem de nossa saúde. Ora, se a saúde estiver boa, isso significa que meu espirito então também esta bem, já que se utiliza do corpo para se manifestar? Não exatamente, eu diria que, com a saúde, metade dos problemas estão resolvidos. A outra metade consiste no que fazemos com a nossa mente, ou seja, como toda essa capacidade é aplicada. Nossos pensamentos também são grandes responsáveis pela saúde do espirito, se nos deixamos ser levados por emoções como raiva, ciúme, rancor, ambição, entre outras, estamos automaticamente comprometendo nossa saúde e nosso espírito, pois estes sentimentos são como venenos que ingerimos e que levam um bom tempo para serem curados. Ter consciência dos nossos pensamentos e sentimentos é o primeiro passo para ter uma vida melhor. Todos queremos ser felizes e praticar o bem, mas muitas vezes não percebemos o quanto sentimentos negativos nublam nossa visão da vida, afetando nossa percepção e consequentemente atrasando nosso desenvolvimento.

A conquista da saúde da mente, do espirito e do corpo é um trabalho constante, mas que gera inúmeros benefícios, pois permitem que trilhemos nossos caminhos de maneira mais equilibrada, balanceando nossas energias físicas e psíquicas. Por isso, é preciso prestar atenção diariamente em quais energias estamos usando para alimentar nosso corpo, seja ele físico ou espiritual e procurar sempre optar pela alternativa mais saudável, assim, viveremos muito mais e melhor.



Bruna Régis Machado – é Administradora de Empresas e reside em São Paulo, Ex presidente da Mocidade Espírita Estudantes da Verdade do CEAK – Santos-SP. Co-autora do blog Primal Brasil - Sabedoria ancestral na vida moderna.
http://primalbrasil.com.br/

Artigo originariamente publicado no Jornal Abertura - Março de 2011.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Os riscos de viver em um planeta – meteoritos e asteroides por Alexandre Cardia Machado

Muitas vezes não nos damos conta que vivemos em um planeta, que viaja no espaço a 40 km por segundo, girando em torno do sol, e que além de planetas, existem objetos menores, como asteroides, cometas e restos de cometas ocupando o mesmo espaço por onde passamos, com isto, todos os dias a Terra coleta cerca de 100 toneladas de detritos espacias, a maioria é muito pequena e pulveriza na alta atmosfera, apenas uma parte muito pequena chega ao solo. Acredita-se que cerca de 100 mil meteoros com mais de 1 quilo entrem na atmosfera da Terra por ano.



Meteoritos maiores, são mais raros, nesta sexta-feira, dia 14 de Feverieiro de 2013 um grande meteorito caiu em uma zona povoada da região russa dos Urais, onde deixou pelo menos 950 feridos e causou pânico entre a população, horas antes da passagem de um grande asteroide que está sendo monitorado pela NASA a 27 mil quilômetros da Terra. "Havia vários fragmentos bastante grandes que chegaram até a Terra", afirmou Vladimir Puchkov, ministro para Situações de Emergência da Rússia. Isto na verdade não foi o que ocorreu, como já dissemos o espaço do sistema solar entre as órbitas da Terra , Marte e Júpiter existem milhões de asteroides e pequenos pedaços que sobraram da construção dos planetas do sistema solar.

No Livro dos Espíritos Allan Kardec chega a discutir um pouco esta questão, vejam a questão:

41: Pode um mundo completamente formado desaparecere disseminar-se de novo no Espaço a matéria que o compõe?

“Sim, Deus renova os mundos, como renova os seres vivos.”



O perigo existe, vejam em detalhes o que o ocorreu na Rússia.

O meteorito de aproximadamente 10 toneladas caiu a cerca de 80 quilômetros da cidade de Satka, por volta das 9h20 local (1h20, horário de Brasília), mas a onda expansiva afetou várias regiões adjacentes e até a vizinha república centro-asiática do Cazaquistão.

"Quando soaram as ensurdecedoras explosões, pensávamos que era um terremoto. As crianças que patinavam no gelo caíram devido à onda expansiva", afirmou Aleksandr Martents, residente na cidade Cheliabinsk.

Feridos

Segundo o governador de Cheliabinsk, cerca de 950 pessoas ficaram feridas devido à queda dos fragmentos do meteorito, enquanto milhares de casas na cidade foram afetadas pela onda expansiva. Em uma primeira contagem, o número era de 500 feridos. As autoridades cifram em 100 mil metros quadrados os vidros das janelas que quebraram pelos ares devido às explosões, o que deixou centenas de casas sem proteção em pleno inverno.

O governador regional de Nas notícias, temos ouvido que aumentaram os níveis de radiação e que é aconselhável ficar em casa e fechar as janelas", comentou uma farmacêutica da cidade de Kopeisk.

No entanto, Puchkov afirmou que "não foi registrado um aumento dos níveis de radiação", o que foi corroborado pelo chefe sanitário russo, Gennady Oníschenko.

Este funcionário pediu para população local que não tenha pânico, argumentando que os níveis de radiação estão dentro da norma e que nas povoações afetadas há calefação, luz e água.

Chelyabinsk disse que a chuva de meteoritos causou danos superiores a 30 milhões de dólares, e, de acordo com o Ministério das Emergências, cerca de 300 edifícios foram afetados.

Segundo o Ministério da Saúde, 112 pessoas foram internadas, sendo duas delas em estado grave, e outras 22 apresentam diversos traumas, ferimentos e cortes, muitos deles provocados por vidros. A maioria dos hospitalizados (cerca de 80) é formada por crianças.

Apesar dos especialistas afirmarem que os fragmentos do meteorito não são radioativos, o Ministério para Emergências aconselhou que a população não se aproxime do objeto.

Os astronautas da Estação Espacial Internacional asseguraram que não viram a queda do meteorito, já que nesse momento sobrevoavam Nova Guiné.

Quanto a uma possível repetição do fenômeno, o especialista em meteoritos da Academia de Ciências da Rússia, Dmitri Badiukov, descartou a hipótese. "Não há ameaça de repetição. Os meteoritos caem de maneira periódica, mas é bem raro. A repetição do dito fenômeno é praticamente impossível", disse.

Para quem quiser ver o meteoro caindo, ele foi filmado e pode ser acessado no link abaixo.



http://noticias.terra.com.br/ciencia/espaco/queda-de-meteoro-causa-explosoes-no-ceu-e-deixa-feridos-na-russia,73ad0eb2d3cdc310VgnVCM3000009acceb0aRCRD.html



terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O Papa desistiu - Bento XVI renunciará - por Alexandre Cardia Machado

Em Abril de 2007 publicamos um editorial com o título “As razões do Papa”, do mesmo destacamos as principais bandeiras defendidas pelo Papa Bento XVI, eram elas: Não ao divórcio, missa em Latim, acusação de praga ao segundo casamento com a recusa aos sacramentos à estas pessoas, dentre outras, como podemos perceber quase nada mudou, talvez as razões do Papa em 2007 e o insucesso na mudança da Igreja, ainda sejam as mesmas razões de o fazer desistir.




No dia 11 de Março de 2013, o Papa Bento XVI surpreendeu os católicos do mundo inteiro. Anunciou a decisão em latim, em uma reunião do conselho de cardeais. “Queridos irmãos, convoquei vocês para comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter repetidamente reexaminado minha consciência perante Deus, cheguei à certeza de que minhas forças, devido a minha idade avançada, não são mais adequadas para o exercício do ministério de Pedro”, anunciou.

O último Papa a renunciar havia sido Gregório XII, em 1415, antes do descobrimento da América e ainda na idade média, não deixa de ser uma raridade. Joseph Alois Ratzinger foi eleito no dia 19 de abril de 2005, não deixará de ser Papa, só perderá o poder e deve ficar recluso para meditação, teremos dois Papas, o que é mais uma vez uma novidade. Os noticiários irão cobrir a maratona da eleição de um novo pontífice, mas o que aprendemos disto.

Acreditamos que o primeiro ensinamento é que a sociedade evolui, nas suas leis e na forma de conviver em sociedade, mesmo o Papa é incapaz de deter o progresso, a Igreja já deveria ter aprendido ao perder a corrida do conhecimento para a ciência, já no século XVII. Está perdendo a corrida da fé cristã para as igrejas pentecostais, a corrida social para os movimento de defesa de monorias, poir por mais que publique encíclicas, nem mesmo os católicos as leem.

A Igreja há de eleger um Papa ligado aos movimentos sociais, moderno, mais novo, ou, mais uma vez verá o mundo mudar ao seu redor, sem poder fazer muito para ajudar na orientação de seus fiéis. O novo pontífice terá que enfrentar de frente a corrupção interna no banco do vaticano, a pedofilia praticada por padres mundo afora, a camisinha, o sexo livre, o divórcio, ou ficará distante do mundo no qual o seus seguidores vivem, há que saber orientar, sem uma reforma interna, acreditamos que não terá sucesso, a saída de Ratzinger demontra cabalmente a humanidade de seus líderes, quem sabe os faça descer do pedestal e se aproximar do povo.



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Abrindo a mente - Ainda a questão de Marte – Dezembro 2012

Ainda a questão de Marte

Alexandre Cardia Machado



A Nasa disponibilizou mais algumas informações preliminares a respeito das amostras coletadas e analisadas pelo robo Curiosity. “Ao aquecer as amostras, eles também conseguiram detectar uma quantidade significativa de água na areia, junto com algum dióxido de carbono, oxigênio e dióxido de enxofre.” Estes são os elementos que formam os tijolos da vida.

Seguiremos atentos, pois uma vez que seja observada a existência de vida fora da Terra estabeleceremos um novo patamar para o conhecimento científico, para a filosofia e, fundamentalmente, para as religiões. Se não estivermos sozinhos agora ou no passado, como quem sabe constaremos em Marte, toda a base religiosa de um Deus que nos fez a sua imagem e semelhança cairá por terra , ou melhor, cairá pela evidência universal.

A questão da Educação científica

Este não é um problema só com os espíritas, de uma forma geral as pessoas não se interessam muito pelos detalhes científicos e preferem, claro, a tecnologia aplicada. Mas tecnologia não se faz sem ciência básica. Como nosso país tem um déficit educacional, o tem maior ainda em ciência.

Hoje com a internet e com as mídias eletrônicas é possível planejar aulas muito mais interessantes e isto é o que vem fazendo nos EUA, Salman Khan, na área de filosofia e, mais recentemente, o Gaúcho de 22 anos, Miguel Andorfy, que começou a fazer o mesmo com conceitos matemáticos no YouTube.

O espiritismo já tem alguns bons conceitos e palestras na Internet, há que procurar bem, mas é possível encontrar. Talvez este seja um caminho a seguir rapidamente para difundir os conceitos atuais da Teoria Kardecista.

Prêmio Jovens Inspiradores

Miguel Andorftty foi um dos quatro ganhadores do Prêmio dado pela revista Veja e Fundação Estudar. Foi um dos quatro ganhadores entre 8000 candidatos. Miguel faz um trabalho semelhante à Salman Khan, ensinado cálculo via internet. Saber que tantos jovens estão fazendo algo capaz de mudar a sociedade para melhor é um reforço à ideia que veiculamos insistentemente. Só melhoraremos o planeta à partir de investimentos fortes em educação básica e universitária.

Um mundo, uma escola

Salman Khan lançará no Brasil seu livro “The one world Schoolhouse: Education Reimagined”. Khan se notabilizou por criar vídeos de assuntos importantes em 40 áreas de conhecimento, em geral com até 2 minutos, tempo que ele acredita ser o máximo que os jovens são capazes de manter a atenção. Seus vídeos já foram assistidos por 200 milhões de pessoas.

Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura - Dezembro de 2012  

Outros artigos de Alexandre Cardia Machado:


Pode o Pensamento deslocar-se acima da velocidade da luz?

http://icksantos.blogspot.com/2011/10/pode-o-pensamento-deslocar-se-acima-da.html


Abrindo a Mente - Uma entrevista com Hernani Guimarães de Andrade

http://icksantos.blogspot.com/2011/10/abrindo-mente-uma-entrevista-com.html


Curso sobre a EVOLUÇÃO DO PRINCÍPIO ESPIRITUAL

http://icksantos.blogspot.com/2009/06/blog-post.html


Abrindo a mente - A pluralidade dos mundos habitados e o critério de falseabilidade por Alexandre Cardia Machado
http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8190435979242028935#editor/target=post;postID=2096406799399550055

Abrindo a mente:60 bilhões de humanos – nossa história. Por Alexandre Cardia Machado
http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8190435979242028935#editor/target=post;postID=1617735720002438799

O Ser Humano e a Evolução- - Uma análise pré-histórica
http://icksantos.blogspot.com/2011/12/o-ser-humano-e-evolucao-uma-analise-pre.html

Abrindo a Mente - 7 bilhões de humanos – estaríamos ‘raspando’ o umbral? Por Alexandre Machado
http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8190435979242028935#editor/target=post;postID=4262199681238734422

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Tragédia de Santa Maria e os nossos filhos por Roberto Rufo

Uma pequena contribuição de minha parte por esse momento muito triste que passa o país .


SOLIDARIEDADE E REVOLTA .



" Diante da noite carregada de sombras , lembre-se do amanhecer “ . ( Emmanuel , psicografado por Chico Xavier ) .

                                                                     Foto do site Terra


Quando a gente coloca filhos no mundo , estamos cientes das alegrias e tristezas que podem advir deste ato . Mas todos querem ter o prazer de tê-los , pois não há nada tão saboroso do que vê-los crescer , evoluir , tornarem-se adultos , e por sua vez tornarem-se pais , com a chegada dos seus filhos . É a marcha da vida , onde o nascer e o morrer soam tão naturais . E o natural nos parece é irmos embora primeiro , os filhos ficarem e assim sucessivamente .


Infelizmente nem sempre isso acontece . A imprudência , as falhas de fiscalização , a ganância têm o poder de quebrar esse ciclo que nos parece tão natural .  Costumo dizer que se pudesse pedir algo especial a Deus , seria que me levasse primeiro para não ser testemunha da partida , mesmo que temporária de um ente querido . Todavia esse é o desejo de todos os pais .  O Espiritismo tem um forte conteúdo consolador por nos provar a existência de outras vidas e as futuras reencarnações que virão . Isso não impede a dor do afastamento precoce das pessoas a quem amamos tanto . É natural . Além disso , o Espiritismo também nos alerta da enorme consequência dos nossos atos e comportamentos , pois eles certamente têm influência na nossa vida e de outras pessoas .


Uma tragédia como a de Santa Maria ( RS ) , não tem nada a ver com resgate coletivo , ou outras bobagens que se costuma apregoar nos meios espíritas , quando fatos dessa natureza acontecem . Essa tragédia é fruto da negligência , falta de cuidado e total desprezo pelos seres humanos que frequentavam a
boate Kiss em Santa Maria . No momento espero que aquela comunidade gaúcha mantenha a calma , ore por seus parentes , mas que seja também tomada pela revolta , que nas palavras do escritor gaúcho Luis Fernando Veríssimo é a única emoção útil para o porvir , pois pode acelerar consequências .

As demais emoções , completa , são manifestações humanas de solidariedade .


A presidenta Dilma chorou , eu chorei , me colocando no lugar daqueles pais que ligaram centenas de vezes para o celular de seus filhos , na esperança vã de ouvir um alô abençoado . Mesmo tendo já 27 anos , ligo para o meu filho solteiro quando demora para retornar de mais uma balada . Que alegria e tranquilidade ouvir a sua voz do outro lado da linha . Meu amado filho está vivo .


Penso que talvez fosse mais prudente e inteligente aos jovens procurarem outros meios de expressarem a sua vontade de viver , de participar , de se comunicarem socialmente . Hoje temos essa tragédia num incêndio em Santa Maria , ontem inúmeras mortes por acidentes de carro , ao retornarem das baladas muitas vezes embriagados . As estatísticas no Brasil são estarrecedoras .


Se tivesse que dizer algumas palavras aos parentes das vítimas , faria uso da indagação de Allan Kardec se a felicidade terrestre é relativa à posição de cada um e se há uma medida de felicidade comum a todos . Nossos amigos espirituais respondem que para a vida material é a posse do necessário ; para a vida moral é a consciência tranquila e a fé no futuro .  Só resta mesmo nesse momento manter a consciência tranquila e a fé no futuro .


Finalizo com as palavras do poeta e cronista gaúcho Fabrício Carpinejar , e tenho certeza que muitos pais se identificarão com elas :

“ Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço . Não vão se lembrar de nada . Ou entender como se distanciaram de repente do futuro “ .


Roberto Rufo .

NR: 27/01/2017: Ainda ninguém foi preso.

A tragédia na boate Kiss, na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, que provocou a morte de 242 pessoas completa quatro anos nesta sexta-feira (27).   
O incêndio, considerado o segundo maior já registrado no Brasil, foi provocado por um integrante da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava no local. Ele acendeu um sinalizador que emitia fagulhas e logo atingiram o teto revestido de espuma, que rapidamente pegou fogo.   
De acordo com o inquérito policial, 28 pessoas foram apontadas como responsáveis, entre elas os dois donos da boate, um músico e o produtor da banda, que são denunciadas por homicídio.   
Além disso, quatro bombeiros foram denunciados. Um foi absolvido, dois condenados pela Justiça Militar por expedição de alvará e outro pela Justiça comum por fraude processual. Todos cumprem penas em liberdade.   
Desde o incêndio, a Justiça já recebeu mais de 370 ações com pedidos de indenização familiares de vítimas e sobreviventes da tragédia. Do total, 250 ainda estão em andamento e 20 processos já foram julgados.   
Na madrugada de hoje, diversas pessoas se reuniram na Praça Saldanha Marinho e caminharam até a frente da boate, onde foi realizada uma vigília. Flores, velas e mensagens foram deixadas em frente ao local. (ANSA)
Leia Também:
A Tragédia da Boate Kiss - por Milton Medran Moreira:






quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

JACI, O CONSTRUTOR DE BARCOS

Por Ciro Pirondi



Jaci tem o sentido da direção, percepção dada a poucos. Uma espécie de norte interior.


Esta clareza vezes é confundida com rigidez e intolerância. Nada mais normal para um dos maiores pensadores espírita de vanguarda do século XX.

Nos anos 70 o pensamento espírita estava estagnado. Alguns poucos – Herculano Pires, Deolindo Amorin – tentavam uma teoria filosófica para conciliar religião e ciência; revelações mediúnicas e pensamento crítico.

Sem a metodologia acadêmica, natural dos dois outros grandes filósofos, Jaci chega com textos claros, diretos: fala da família, do casamento, de sexo e dos problemas cotidianos.

Com a maturidade adentra em temas mais delicados: mediunidade, movimento e suas associações, religião.

Deste momento em diante, experimenta a solidão. Poucos o entenderam, tempos de muita reflexão, abandono, perdas e ganhos.

As idéias modificam o entorno e o autor é modificado por elas.

Como um construtor de barco, sábio de seu ofício, mas cujo objetivo maior não é a construção da nau, mas a viagem, o processo no tempo, que ela proporciona: novas paisagens, outros hábitos, novos afetos, um olhar mais sensível e tolerante.

Jaci persegue este ideário até o fim. Leal consigo mesmo se renova a cada texto.

Distante das convenções e distinções, ele ascendeu um holofote no Pensamento Espírita contemporâneo.

Para mim ele foi um mestre, um amigo e um interlocutor que sentirei saudade... pois se é verdade que o Espiritismo resolveu o problema da morte, ele não solucionou a questão da ausência, esta sim é de cada um, intransferível e permanente no tempo sem fim.

Texto originalmente publicado no Jornal ABERTURA de Jan/ Fev de 2011

Outros artigos de Jaci Régis:


Livros de Jaci Régis a venda pela Internet:

http://icksantos.blogspot.com/2011/12/livros-de-jaci-regis-venda-pela.html

Um ano sem a presença física de Jaci Régis

http://icksantos.blogspot.com/2011/12/um-ano-sem-presenca-fisica-de-jaci.html

Do Jesus Pré-cristão ao Jesus Cristão - Jaci Régis

http://icksantos.blogspot.com/2011/10/do-jesus-pre-cristao-ao-jesus-cristao.html


Jaci Régis biografia e vida – por Ademar Arthur Chioro dos Reis

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Ligação espírito cérebro

http://icksantos.blogspot.com/2009/08/ligacao-espirito-cerebro-jaci-regis.html



quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Considerações sobre a Reencarnação - Jaci Régis

A Lei divina não cogita de ética ou moral. Ou seja, Lei Natural não é uma lei moral.


A ética e a moral são estágios criados a partir da racionalidade.




Nos estágios pré-humanos da vida terrena, o princípio da sobrevivência determina o comportamento, sem considerações de reciprocidade. Apenas o treinamento dos fatores que, posteriormente, comporão o comportamento do ser racional.

Na visão evolucionista, o princípio inteligente conhece nos conflitos da experiência que define o seu processo de desenvolvimento, a reciprocidade natural entre ação e reação, nos campos das relações de sobrevivência. Depois, no desencadeamento das mutações, ele sofrerá as consequências do choque da convivência e inscreverá na sua mente perene os rigores das respostas. A decorrência será a estruturação dos valores que se chamarão depois de “ética”, ou seja, a definição básica do certo e errado, bem e mal.

Já a moral é estabelecida pela autoridade, dentro de padrões criados pela observância das necessidades de manter um relativo equilíbrio nas relações humanas no círculo em que se desenvolvem, e também para garantir o poder.

Aí nascem as noções sobre o poder sobrenatural, a delegação de poderes a missionários e profetas, com as noções da culpa e da punição.

Ainda que esses sejam elementos historicamente encontrados nas civilizações de todos os tempos, constituem uma moral relativamente mutável, adaptável.

Não se pode confundir a reciprocidade da lei de causa e efeito com a polarização entre culpa e castigo, que numa serie infinita limitaria drasticamente o desenvolvimento do ser espiritual, perdido na circularidade permanente.

Somente essa perspectiva poderá dissolver a aparente contradição entre o livre-arbítrio como instrumento de expansão e evolução do ser espiritual e a Lei. Isto é, não existem limites morais na Lei. Os limites não estão fora, mas delineados e funcionam inevitavelmente dentro do universo pessoal, nos mecanismo do processo de causa e efeito.

A lei de causa e efeito é o princípio fundamental de balanceamento e reajuste constante da rota desdobrada pelo ser, na trilha evolutiva. Esse jogo permite a construção e reconstrução do equilíbrio interno.

Não se confunde, todavia, a questão da culpa como conseqüência da infrigência dos valores elegidos pessoal ou coletivamente, com o instituto da culpa como ação divina, resultado de um julgamento exterior. A pena de Talião é expediente que o próprio ser promove nos trâmites da culpa e da reparação.

A própria Lei Natural ou divina estabelece os mecanismos de manutenção do equilíbrio, definido como fator de balanceamento dos fatores concorrentes, visando o objetivo de manutenção e expansão positiva do conjunto.

O processo evolutivo do ser é instável porquanto ele estagia no nível de imperfeição natural em constante mutação, gerando desequilíbrio que, na reciprocidade da lei de causa e efeito, promove o equilíbrio, seja internamente, seja na relação com o outro, com o ambiente.

O livre-arbítrio, essa liberdade essencial, poderia levar à anarquia incontrolável, não estivessem gravados na consciência os parâmetros da Lei, construídos no conflito existencial.

Na trajetória evolutiva do ser espiritual, os fatores externos provocam repercussões que mobilizam suas potencialidades, reestruturando níveis mentais e motivações. Esses confrontos causam dor e sofrimentos que produzem situações penosas e insatisfatórias.

O equilíbrio é a felicidade ou a condição de satisfação e compensação do ser, ou se quisermos, podemos chamar de Eros.

A infelicidade é a quebra do equilíbrio com a criação de estados de desconforto e desintegração mental, ou se quisermos, podemos chamar de Morte ou Tanatos.

O interesse de preservação, ou instinto de conservação, que se instala no ser desde o início, e a necessidade que lhe é inerente de participar de relações compensatórias com semelhantes, são as forças propulsoras que o movem para a procura da homeostase.

A “inscrição na consciência” dos valores da Lei se dá, como se viu, na própria vivência dos conflitos e pelo desejo de preservação do ser e constitui, no tempo, os fundamentos da ética, considerada como o fator que estabelece o julgamento dos fatores para a persistência do ser.

No período humano, a ética e a moral se expressam, inicialmente, com o nascimento dos tabus, dos medos diante dos fatores naturais, nos mistérios do nascimento e da morte, e apelação para as forças sobrenaturais, no interesse da preservação pessoal e grupal.

Assim, como as forças do universo energético seguem um curso aparentemente ao acaso, mas permanecem dentro do fluxo orientador da Lei, o ser espiritual também parece seguir uma forma anárquica, sem limitações. Todavia, através dos mecanismos da Lei instalados pela experiência na mente do Espírito, o equilíbrio se faz invariável, mas não imediato.

Na dinâmica do processo, o que, dentro da visão sensorial sugere o caos, o acaso, na verdade, caminha para a busca do equilíbrio. A questão, nessa visão sensorial, se complica pela variável do tempo, cronológico ou sensível.

No modelo que estamos pensando, a evolução do ser inteligente só tem sentido se considerarmos a vida dele como uma estrutura imortal, dotado de um sentido natural de autopreservação, de imortalidade, realizada atemporalmente, da mesma forma que as mutações do mundo energético se impõem como condição de efetivação.

Nesse modelo não cabe o acaso, nem a vacuidade de intenções, pois há sempre a intenção de alcançar o patamar da satisfação, tanto na realização dos fenômenos biológicos e físicos, como nos fenômenos da consciência.

Não fora assim e o universo energético e a vida inteligente não teriam sido possíveis.

Não se trata de nenhuma imposição moral ou retaliação divina. O que se grava na consciência, quer dizer na memória profunda do Espírito, é os resultados das contradições vividas a partir do exercício vital, dentro do básico princípio de causa e efeito. Essa “consciência” retrata a realidade das reações aos atos e ações realizadas que, ao longo da experiência, estabelecem uma reação automática, condicionante, a motivando e ajuste imprescindível para o equilíbrio do ser, no conflito do conforto e desconforto existencial.

Não estamos esquecendo o valor das interações, dos conflitos entre as pessoas e a influência dos mortos na vida dos vivos. Nem a influência de entidades mais equilibradas na indução de encontros e respostas. Estamos enfatizando a auto-evolução, a escolha e principio do certo e do errado na decisão pessoal e coletiva.

Artigo recuperado e publicado no Jornal Abertura em agosto de 2012

Outros artigos de Jaci Régis:


Livros de Jaci Régis a venda pela Internet:

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Um ano sem a presença física de Jaci Régis

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Do Jesus Pré-cristão ao Jesus Cristão - Jaci Régis

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Jaci Régis biografia e vida – por Ademar Arthur Chioro dos Reis

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Ligação espírito cérebro

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terça-feira, 6 de novembro de 2012

O que eu penso sobre crianças índigos e cristais? por Cláudia Régis Machado


Cláudia Régis Machado



A autora deste artigo é Psicóloga, com Pós Graduação em Psicopedagogia, autora do livro infanto-juvenil - Kadu e o Espírito Imortal e da Revistinha - Desafios do Kadu

Este tema retoma espaço devido à novela das seis horas “Amor, eterno amor” da Rede Globo que trata, como pano de fundo na trama, da existência destas crianças.


Foi uma onda, que começou no movimento “new age” (1982) onde a parapsicóloga Ann Tappe que por ter a possibilidade de ver a aura, observou que das crianças nascidas a partir do final dos anos 70, tínham ,segundo ela, uma aura azul, daí surgiu a expressão índigo. Tornando-se mais popular em 1999 depois da publicação do livro Crianças Índigos (Lee Carroll e Jan Tober) obtido por comunicação mediúnica.

Este tema já foi trazido ao jornal Abertura em agosto 2007 por Marcelo Régis que fez uma reflexão da qual compactuo. Divaldo Franco e alguns do movimento espírita trabalham com a ideia de crianças índigos e cristais como crianças especiais. Uma nova geração de espíritos reencarnantes, vindo de outra estrela, com o objetivo de iniciar a transição do planeta Terra para um mundo melhor.

Lendo como o assunto é abordado no Movimento Espírita, no fundo me entristece, como é possível que se apeguem a comunicações mediúnicas sem qualquer critério de avaliação e sem fundamento científico.Colocam que as publicações que Criança Índigo - são uma condição humana defendida pela pseudociência e a parapsicologia.

Uma Criança Índigo seria aquela que apresenta um novo e incomum conjunto de atributos psicológicos e que mostra um padrão de comportamento geralmente não documentado ainda. Geralmente são crianças irrequietas, inteligentes, onde os limites não são fáceis de serem estabelecidos.

Embora alguns livros tenham sido publicados nos últimos anos, não há comprovação científica sobre o fenômeno, bem como inexiste um sistema de classificação "crianças índigo" e "crianças cristais" , sendo mesmo até rejeitado por conselhos de pediatria e especialistas em educação infantil.

Não encontrei nenhum estudo que analise essas crianças levando em consideração o ambiente social, a modificação dos parâmetros da família, os novos valores da geração ou os novos modelos estruturais das famílias. Geralmente as explicações são cheia de especulações e ilações fantasiosas e místicas. Mostrando espíritas com uma grande dificuldade de ver a população do planeta Terra, capaz de buscar a evolução pelo seu esforço e empenho, insistindo na necessidade da vinda de seres especiais para provocar esta melhora.

Parece que não consideram a evolução como um processo natural aonde cada um vai conquistando a sua melhora com dedicação, persistência absorvendo as modificações culturais, econômicas e de progresso do próprio planeta. Infelizmente os espíritas e o movimento se envolve com assuntos nos quais a abordagem não é consistente e acabam por mostrar uma doutrina arraigada as explicações mediúnicas e religiosas.

Artigo originalmente publicado no jornal ABERTURA em junho de 2012

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Resposta da atividade da Coluna Brincando com Kadu


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sábado, 20 de outubro de 2012

Jogos Paraolímpicos - Editorial Jornal Abertura Setembro 2012



É lindo ver o que a força de vontade é capaz de fazer, ver aquelas pessoas pelas quais muitos teriam pena se esforçarem ao máximo em jogos de muito bom nível técnico, onde a dedicação é tão grande ou até maior do que nos Jogos Olímpicos.


Pena é coisa do passado. Hoje, jovens com má formação congênita se juntam em grupos para praticar esportes adaptados, ou não, e veem nisto uma oportunidade de viver com felicidade, de trabalhar sem preconceitos. Os resultados paraolímpicos brasileiros têm sido muito melhores do que os obtidos pelos atletas das Olimpíadas e, talvez exista uma explicação para isto. Somos um dos campeões mundiais de acidentes de trânsito; infelizmente este é o lado obscuro disto: um contingente enorme de jovens acidentados em motocicletas, engrossando o número de atletas paraolímpicos.

Como Kardecistas, não podemos deixar de lado esta grande demonstração, na vida prática, de que nada adiantaria imaginar que má formações ou acidentes fossem causados por erros em vidas passadas, pois a dinâmica da vida em sociedade tem seus meios de contrabalancear e encontrar alternativas para incorporar no trabalho, no esporte e no lazer este contingente de pessoas que, como cada um de nós, está nesta encarnação enfrentando todos os desafios que a vida proporciona.

Aqueles que imaginam que possa haver um determinismo por trás de tudo isto, se veem sem argumentos, pois os humanos dão sempre a volta por cima. Somos sobreviventes em um planeta em transformação constante e rumando para o progresso.

Prestamos nossa homenagem a estes brasileiros e também aos demais atletas de outras nacionalidades, que estão suando e buscando o máximo de si nestes jogos tão interessantes – é a prova clara de que o Espírito está sempre buscando uma forma de melhor se expressar.

A vida encarnada nos possibilita o aperfeiçoamento do espírito, como fruto de seu trabalho. E que trabalho desenvolvem estas pessoas especiais! O espírito alcança o seu progresso na razão e na boa vontade que emprega para adquirir as qualidades que lhe faltam, assim nos ensinou o professor Rivail.

Originalmente publicado no Jornal Abertura - Setembro 2012

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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Sobre o Pseudônimo de Rivail - Eugenio Lara

Artigo originalmente publicado no Jornal ABERTURA - Agosto de 2012

Deixe o seu comentário, qual teria sido afinal a orígem do nome Allan Kardec?


Sobre o Pseudônimo de Rivail - Eugenio Lara

Já perdi a conta das vezes que me perguntaram, durante a palestra em centros espíritas, sobre a origem do pseudônimo Allan Kardec, adotado pelo grande pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804-1869) na assinatura de sua obra espírita. Teria sido mesmo ele um druida? Em que época viveu? Por que Rivail adotou esse estranho pseudônimo? Trata-se de um tema controverso, principalmente devido à carência de fontes fidedignas.


Nós, espíritas, aceitamos que Allan Kardec foi uma das encarnações de Rivail, mais pela tradição oral, pelo argumento de autoridade do que pela escrita. O primeiro biógrafo de Rivail, Henri Sausse (1851-1923), afirmou em uma conferência comemorativa da desencarnação de Kardec, em 1896, que o fundador do Espiritismo teria tido uma encarnação entre os celtas: “segundo lhe revelara o guia, ele tivera ao tempo dos Druidas.” Um detalhe: esse guia a que Sausse se refere é o Zéfiro (ou Zephyr), espírito protetor de Rivail.

Sausse não cita a fonte dessa informação e nem afirma que ele teria sido um druida. Muito provavelmente teve acesso a dados biográficos compartilhados por contemporâneos e amigos mais íntimos de Rivail, à sua correspondência e seus manuscritos, ainda intactos, mas que seriam em quase sua totalidade destruídos durante a II Guerra Mundial, quando os nazistas invadiram a França, ocuparam Paris e destruíram quase todo o legado kardequiano.

Todavia, Sausse não é a única fonte. Se formos confrontá-la com outras disponíveis, a compreensão torna-se mais obscura ainda, controversa, deixando o tema ainda em aberto.

A seguir, o leitor poderá apreciar um panorama das fontes existentes, de fontes primárias, apesar de contraditórias, que evitariam afirmações equivocadas e pouco fiéis acerca da origem do pseudônimo do fundador do Espiritismo.



HENRI SAUSSE

“Esse livro [O Livro dos Espíritos] era em formato grande, in-4, em duas colunas, uma para as perguntas e outra, em frente, para as respostas. No momento de publicá-lo, o autor ficou muito embaraçado em resolver como o assinaria, se com o seu nome — Denizard-Hippolyte-Léon Rivail, ou com um pseudônimo. Sendo o seu nome muito conhecido do mundo científico, em virtude dos seus trabalhos anteriores, e podendo originar uma confusão, talvez mesmo prejudicar o êxito do empreendimento, ele adotou o alvitre de o assinar com o nome de Allan Kardec que, segundo lhe revelara o guia, ele tivera ao tempo dos Druidas.”



“Assim, também, se deu a respeito do seu pseudônimo. Numerosas comunicações, procedentes dos mais diversos pontos, vieram reafirmar e corroborar a primeira comunicação obtida a esse respeito.”

(Biografia de Allan Kardec - FEB – Grifo meu).



CANUTO ABREU

“Uma noite veio o Professor com Madame RIVAIL. Nosso Guia os recebeu amistosamente, saudando o professor com estas palavras: — ‘Salve, caro Pontífice, três vezes salve!’. Lida, em voz alta, a saudação, todos rimos. Para nós, ZEPHYR estava pilheriando. Papai, então, explicou ao Professor o costume do Espírito Familiar apelidar quase todos os visitantes. O senhor RIVAIL não se agastou e respondeu ao Guia, sorrindo — ‘Minha bênção apostólica, prezado filho’. Nova risada geral. ZEPHYR, porém, respondeu ter feito uma saudação respeitosa, a um verdadeiro pontífice, pois RIVAIL havia sido, no tempo de Júlio CÉSAR, um chefe druídico.”



“— UMA NOITE, INESPERADAMENTE, disse-nos ZEPHYR: — Vocês irão brevemente para Paris. BAUDIN arrumará os seus negócios; Emile entrará na Escola Naval; Caroline e Julie tomarão professoras mais competentes e... encontrarão seus noivos; e eu, ZEPHYR, procurarei contato com um velho amigo e chefe desde o ‘nosso’ tempo de Druidas.” (O Livro dos Espíritos e Sua Tradição Histórica e Lendária - Ed. LFU – grifo meu).



LÉON DENIS

O continuador da obra kardequiana, Léon Denis (1846-1927), sustenta que Allan Kardec não teria encarnado como druida na Bretanha, mas sim na Escócia. O próprio Denis considerava-se um druida reencarnado, chamado por Arthur Conan Doyle de “O Druida de Lorena”:

“Foi nessas profundas fontes que Allan Kardec ilustrara seu espírito; foi com meios idênticos que ele viveu outrora. Não na Bretanha, talvez, mas antes na Escócia, segundo a indicação de seus guias.”

(...)

“Kardec ali aprendeu a filosofia dos Druidas; preparava-se no estudo e na meditação para as grandes empresas futuras.”

“(...) Até o nome de Allan Kardec, que escolheu, até este dólmen erigido no seu túmulo por sua expressa vontade, tudo, digo eu, lembra o homem do visco do carvalho, que voltou a esta Gália para despertar a fé extinta e fazer reviver nas almas o sentimento da imortalidade.” (O Mundo Invisível e a Guerra, cap. VI - Ed. CELD).



ALEXANDRE DELANNE

O pai de Gabriel Delanne, grande amigo, vizinho de Rivail, ao lado do filho e da esposa, médium da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (SPEE), fundam o periódico Le Spiritisme, em março de 1883. Em um artigo deste periódico, Alexandre Delanne revela um dado bem interessante, que destoa das fontes conhecidas:

“Há ainda um outro detalhe que temos do próprio autor [Kardec]. Veja como ele apresenta o pseudônimo que haveria de assinar seus escritos: Você tomará o nome de Allan Kardec, que nós te damos. Não se preocupe com isto, ele é seu, você já propiciou muita dignidade em uma encarnação anterior, quando vivia na antiga Armórica.” (Le Spiritism, maio de 1888 – Grifo meu).

Na Antiguidade, Armórica era o nome de uma região da lendária Gália, território dos celtas gauleses, que incluía a península da Bretanha, localizada a oeste da atual França.



AMÉLIE BOUDET

“— Todos os literatos – responde Madame Kardec – adotam pseudônimos. Meu marido jamais pilhou coisa alguma”. Em resposta à insinuação do promotor público de que Rivail teria retirado o pseudônimo Allan Kardec de um manual de magia negra. (Mme. Leymarie - Processo dos Espíritas - FEB).



GEORGES D’HEILLY

O escritor francês Georges D'Heilly publicou um interessante livro em 1867, intitulado Dicionário de Pseudônimos. O autor afirma que o próprio Rivail contou-lhe a origem de seu codinome:

“Quanto à escolha de seu pseudônimo, ele próprio [Rivail] contou sua origem. Tinha-lhe sido revelado, diz ele, pelos espíritos, que numa encarnação bem anterior à vida presente, chamava-se realmente assim, e também, como tal, foi chefe de um clã bretão no século XII.” (Dictionnaire des Pseudonymes, recueillis par Georges D'Heilly, p. 7 - 2ª ed. E.Dentu, Libraire-Éditeur - Libraire de la Société des Gens de Lettres, Paris-France [1869]. Tradução de Eugenio Lara.)=







ALLAN KARDEC

Não há fonte mais convincente do que ouvir do próprio Rivail o que ele tem a dizer sobre seu pseudônimo. Entretanto, ele sempre foi discreto quanto à sua origem. Nada consta em sua obra publicada. Pelo fato de seu nome civil ser muito notório e reconhecido nos meios culturais e científicos franceses, o fundador do Espiritismo preferiu assinar com outro nome, um pseudônimo, a exemplo de escritores e literatos, a fim de não causar confusão. Como sempre fazia, consultou os espíritos, certamente O Espírito de Verdade, seu guia espiritual. Todos os biógrafos de Kardec são unânimes quanto a esse seu procedimento.

O ideal seria termos acesso à correspondência e manuscritos de Rivail. No entanto, o que não foi destruído também não é divulgado. Boa parte do patrimônio kardequiano encontra-se em poder da família do historiador e tradutor Silvino Canuto Abreu (1892-1980). O Museu Espírita de São Paulo, localizado na Lapa, Grande São Paulo, fundado e dirigido por Paulo Toledo Machado, expõe uma pequena parte deste patrimônio, doado pela família.

Deste acervo, temos acesso a uma carta de Rivail ao barão e empresário Tiedeman, “amigo seu e dos espíritas”, segundo o biógrafo André Moreil, que hesitou em investir no projeto da Revista Espírita:

“Duas palavras ainda a propósito do pseudônimo. Direi primeiramente que neste assunto lancei mão de um artifício, uma vez que dentre 100 escritores há sempre ¾ que não são conhecidos por seus nomes verdadeiros, com a só diferença de que a maior parte toma apelidos de pura fantasia, enquanto que o pseudônimo Allan Kardec guarda uma certa significação, podendo eu reivindicá-lo como próprio em nome da Doutrina. Digo mais: ele engloba todo um ensinamento cujo conhecimento por parte do público reservo-me o direito de protelar... Existe, ainda, um motivo que a tudo orienta: não tomei esta atitude sem consultar os Espíritos, uma vez que nada faço sem lhes ouvir a opinião. E isto o fiz por diversas vezes e através de diferentes médiuns, e não somente eles autorizaram esta medida, como também a aprovaram.” (Zeus WANTUIL e Francisco THIESEN, Allan Kardec - vol. II, p. 76).



ANNA BLACKWELL

A jornalista, poetisa e tradutora inglesa Anna Blackwell (1834-1900) conheceu pessoalmente, na intimidade, o casal Rivail. Tornou-se correspondente da Revista Espírita na Inglaterra, em 1869. Verteu O Livro dos Espíritos para o inglês, em 1875, tradução esta dedicada à esposa de Rivail, Amélie Boudet:

“E você o publicará [O Livro dos Espíritos], não com seu próprio nome, mas sob o pseudônimo de Allan Kardec (*). Guarde seu próprio nome Rivail para seus próprios livros já publicados, mas tome e guarde o nome que agora lhe demos para o livro que você irá publicar sob nossa ordem, e em geral, para todos os trabalhos que você terá no desempenho da missão que, como já dissemos, lhe foi confiada pela Providência e que será gradualmente aberto a você na medida em que prosseguir nele, sob nossa orientação”.

(*) “Um antigo nome Bretão da família de sua mãe.”

(Prefácio à tradução inglesa, de Anna Blackwell em The Spirit’s Book - FEB, tradução de Myrian de Domênico Rodrigues).



ALEXANDRE AKSAKOF

A partir de depoimentos pessoais de Ruth Celina Japhet, médium colaboradora de Kardec, o pesquisador russo Alexandre Aksakof (1832-1903) publica um artigo em 1875, onde critica a formulação do conceito de reencarnação na França. Editado por ocasião do lançamento da tradução inglesa de O Livro dos Espíritos, por Anna Blackwell, o artigo causou, na época, muita celeuma. Pierre Gaëtan Leymarie e Anna Blackwell contestaram Aksakof de forma contundente. O médium citado, Roze, era membro da SPEE, assim como Japhet:

“Como ele [O Livro dos Espíritos] também foi anexado a um jornal importante, o L’Univers, ele [Rivail] publicou seu livro com os nomes que ele teria tido em suas duas existências anteriores. Um destes nomes era Allan — revelado a ele pela senhora Japhet, e o outro nome, Kardec, foi revelado a ele pelo médium Roze.”

(Pesquisas Sobre a Origem Histórica das Especulações Reencarnacionistas dos Espiritualistas Franceses, artigo originalmente publicado no periódico londrino “The Spiritualist Newspaper”, em 1875. Tradução de Vital Cruvinel – Grifo meu).



JACQUES LANTIER

O sociólogo francês realizou um interessante e abrangente estudo histórico-sociológico sobre o Espiritismo, onde cita trecho de uma carta redigida por Allan Kardec sobre seu pseudônimo:

“O Sr. Leymarie, editor e livreiro, na rua Saint-Jacques nº 32, herdeiro de Pierre-Gaëtan Leymarie, um dos pioneiros do espiritismo, fez-me saber que possuía um documento manuscrito de Allan Kardec, até hoje inédito, no qual este explica a “verdadeira” origem do seu pseudônimo: Rollon, primeiro duque dos Normandos, no século IX, teve um filho que foi curado por um chefe de comunidade que se chamava Allan Kardec. (O Espiritismo, p. 71. - Edições 70 – Grifo meu).



CARLOS IMBASSAHY

Para finalizar, citamos o grande escritor espírita brasileiro Carlos Imbassahy, não por ser uma fonte primária, mas porque seu depoimento é imprescindível neste caso, como argumento de autoridade, que corrobora a existência do misterioso acervo kardequiano, o qual teve acesso, em função da amizade com Canuto Abreu:

“Revelaram os espíritos que Denizard Rivail, em encarnações anteriores, vivera na Gália, onde se chamara Allan Kardec. Daí a proveniência do pseudônimo que adotou. Em nova encarnação fora o infortunado João Huss.”

“A notícia de que Allan Kardec tivera uma existência ao tempo de Júlio César data de 1856; a de ter sido João Huss veio em 1857.”

“Revelaram os Espíritos que Denizard Rivail, em encarnações anteriores, vivera na Gália, onde se chamara Allan Kardec. Daí a proveniência do pseudônimo que adotou. Em nova encarnação fora o infortunado Jean Huss. A notícia de que Allan Kardec tivera uma existência ao tempo de Júlio César data de 1856 e a de ter sido Jean Huss veio em 1857; ambas por via medianímica: a primeira pela cestinha escrevente de Baudin, com a médium Caroline; a última por psicografia de Ermance Dufaux.”

“As fontes preciosíssimas – esclarece o Dr. Canuto Abreu – estavam, em 1921, na Livraria de Leymarie, onde ele as copiara na sua quase totalidade. Passaram em 1925 para o arquivo da Maison des Spirites, onde os alemães, durante a invasão de Paris, as destruíram em 1940.”

Carlos Imbassahy ainda cita uma enciclopédia inglesa que consideramos oportuno transcrever:

“His pseudonym originated in mediumistic communications. Both Allan and Kardec were said to have been his names in previous incarnations”.

“Seu pseudônimo é originado de comunicações medianímicas. Diz-se que Allan e Kardec foram os seus nomes em encarnações anteriores.”

(A Missão de Allan Kardec - Ed. FEP).



Como se vê, as informações são contraditórias. Em encarnação anterior, teria vivido Rivail na Escócia ou na antiga Bretanha? Mas, e a reencarnação como Jean Huss, como fica? Foi druida ou chefe de comunidade? Allan Kardec é um nome próprio ou é junção de Allan com Kardec? A questão se complica ainda mais se formos analisar a origem etimológica do nome próprio Allan Kardec. Não é de origem céltica, porque provem do germânico, melhor dizendo, dos normandos, oriundos da atual Dinamarca. O nome Allan Kardec é de origem normanda, viking. Fosse gaulesa, teria de ser Alan Karderix. Ou seja, nunca existiu um druida de nome Allan Kardec. Mas, essa é uma questão para ser abordada em outra oportunidade...



Eugenio Lara, arquiteto e designer gráfico, é fundador e editor do site PENSE - Pensamento Social Espírita [www.viasantos.com/pense], membro-fundador do Centro de Pesquisa e Documentação Espírita (CPDoc) e autor dos livros em edição digital: Racismo e Espiritismo; Milenarismo e Espiritismo; Amélie Boudet, uma Mulher de Verdade - Ensaio Biográfico; Conceito Espírita de Evolução e Os Quatro Espíritos de Kardec.

E-mail: eugenlara@hotmail.com

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