sábado, 25 de fevereiro de 2012

O espírita e o mês de dezembro - Imprensa Espírita

Recebemos diversos jornais e revistas espíritas enviados por nossos companheiros do Brasil inteiro e, como sempre fazemos, procuramos encontrar sinais comuns entre eles, ou então matérias que merecessem uma maior análise. Como em sua maioria tratavam-se de jornais de dezembro, o assunto que predominou foi o Natal.
O Opinião, de Porto Alegre trouxe Jesus, um homem entre muitos mitos. A matéria apresenta a questão mítica da data herdada de outras crenças e, seu editorial “Nós e o Natal” analisa como estas questões mitológicas chegaram até hoje, e justifica o destaque dado à data por tratar-se do “momento maior, de nossa cultura , para se celebrar a confraternização ...”. O Reformador traz na capa a chamada: Onde e quando nasceu Jesus. O periódico A Flama Espírita apresenta a Súplica de Natal; o Seareiro, de conteúdo predominantemente Cristão, escreve sobre a Comemoração do Natal – Passado, Presente e Futuro. O Mundo Espírita, do Paraná, trata das Ressonâncias do Natal, por Joanna de Ângelis e, finalmente, Resenha Espírita tem 90% da revista dedicada ao Natal.
Esta ênfase na necessidade, por um lado, de explicar o fenômeno de marketing que o Natal representa – que sabemos ser o responsável por até 30% das vendas anuais do comércio de produtos eletrônicos, por exemplo – e que vem ganhando, portanto, cada vez mais destaque pela imposição da troca social de presentes tem, por outro lado, a necessidade de reforçar, como bem fez o Jornal Opinião, a questão da confraternização e do amor. No entanto, muitos dos artigos apenas demonstram a intensão de louvar a Jesus.
Neste sentido, a curiosidade acendeu a dúvida: como Kardec trataria do Natal? Neste caso, temos a nosso favor onze edições de dezembro da Revista Espírita e convido os leitores a fazerem uma busca. Não encontrarão absolutamente nada sobre o Natal.
Logo, há um explícito contraste entre quase 100% da mídia espírita, ao eleger este assunto não só de grande interesse, como em sua maioria, matéria de capa e, de outro lado, Allan Kardec que não fez menção alguma em nenhuma das muitas oportunidades que teve ao seu dispor. Como analisar isto? Só podemos concluir que Kardec não achava o tópico Natal, dentro da análise científica que o mesmo fazia do papel de Jesus na história, algo que merecesse destaque. Fica aqui o convite à reflexão.

Da Redação do Jornal Abertura - Edição Jan/Fev 2012

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A Orquestra - Sobre a vida de Jaci Régis por Carol Régis


O movimento Espírita de Santos sempre foi como uma Orquestra. Começou há muito, muito tempo, com músicos bastante novos, cheios de sonhos e idéias, cada qual em seu palco. Espíritas de diversas famílias que estudavam a doutrina em seus centros, fazendo intercâmbios de quando em vez.

Até que na década de 40, desembarcam no porto de Santos dois irmãos. O mais velho, tinha o dom do sorriso. Podia ser um violonista, com notas alegres, especialista no instrumento. Não há quem ouça sua música que não sorria imediatamente. Certamente encantador, trazia no olhar a admiração e a preocupação constante com o companheiro de viagem. Seria assim durante toda a jornada, sem fim.

O mais novo era especial. Poderia tocar o violino também, mas seu talento era mais intrigante. Seria capaz de tocar diversos instrumentos, tinha dotes intelectuais espetaculares. Dedicou-se ao Espiritismo com toda a alma, sentindo cada nota de Kardec como se fosse compor uma obra prima em homenagem ao mestre.

Como não podia deixar de ser, com o passar dos anos, todos aqueles músicos avulsos começaram a ensaiar juntos. Debatiam, estudavam, tocavam as partituras, nem sempre harmoniosas, do Espiritismo Santista. Viam que se destacavam do restante dos músicos Brasil afora. Faltava alguma coisa, uma diretriz, um norte a seguir.

E então, aquele músico, que tanto talento possuía, assumiu seu papel natural de líder, produtor de idéias, semeador de novidades. Enfrentava as divergências conceituais como um novo espetáculo a montar. Mediante àquela coragem e àquela paixão pelo ideal Kardecista, os espíritas santistas passaram a respeitar o músico como algo além: Jaci Régis tornava-se o Maestro.

E assim foi durante outros tantos tempos: o Maestro lançava sua Orquestra em turnês nem sempre amistosas. Propunha acordes e arranjos quase impossíveis de alcançar. Exigia ensaios exaustivos a seus parceiros de palco. A reação dos espíritas, que agora faziam parte da renomada Orquestra do Movimento Espírita de Santos, era variada. Alguns viam no mestre exemplo de homem e pensador a seguir. Outros discordavam de seus métodos e quiçá de suas obras. Mas nenhum deles podia abandonar o posto. Já estavam imersos naquele organismo vivo que se apresentava cada vez mais vanguardista sob a batuta de Jaci.

E estavam acostumados demais a ver aquela figura brilhante regendo, mesmo que, por vezes, quase imperceptível, em um canto mais escondido das coxias. Eram palestras, livros, obras de auxilio social, simpósios, tudo saído da mente daquele homem de saúde um tanto frágil. Era inacreditável como tal espírito cabia naquele corpo tão terreno.

Dizem que alguns músicos foram tocar em outras bandas. Ousavam dizer aos ventos sobre suas dúvidas a respeito do antigo Maestro. Mal sabiam que, mesmo sob nova regência, a base inegável e atavicamente tinha vindo de Jaci que, a essa altura, havia começado a ensaiar sua mais nova e ousada obra. Fruto de seu amor inabalável por Kardec e de décadas de filosofias íntimas, A Doutrina Kardecista era o retrato fiel da alma do Maestro: provocadora, embasada, inquietante.

Então, o Maestro recebeu propostas de tocar em outras Orquestras. Negou algumas, resistiu, lutou, mas inesperadamente partiu.

A Orquestra que assumirá agora é muito maior, muito mais especial que a anterior e Jaci dividirá o palco com tantos outros Maestros do nível dele. Será um novo desafio. A Orquestra de Santos? Sente-se órfã. Perdeu seu Maestro de tantos e tantos anos de Espiritismo. Mas, como bom pai, ensinou seus filhos a nortearem-se pelos palcos sozinhos. Seguirão, sem dúvida, tocando. Mas aquela ausência pelos corredores dos centros Espíritas por onde tocavam será sentida sempre. A saudade será amenizada pela certeza dos acordes que chegarão, cedo ou tarde, vindos dos palcos regidos por Jaci. Sua música será ouvida sempre, onde quer que ele se apresente.

Texto originalmente publicado no Jornal Abertura em Janeiro de 2011.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Reuniões Publicas do ICKS 2012 - Reiniciam -você é nosso convidado!


Informamos que, as reuniões das sextas-feiras no ICKS terão início em 2012,
na primeira semana do mes de fevereiro, ou seja, dia 03/02/2012.

Pedimos a todos que levem sugestões para a confecção dos temas e formas
para desenvolvimento durante o ano em curso.


Aguardamos seu comparecimento e divulgue para seus amigos.


Atenciosamente


Rosana Regis
Presidente do ICKS

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O que sabemos que sabemos? Abrindo a Mente - Alexandre Cardia Machado

O que sabemos que sabemos?
Originalmente publicado no Jornal Abertura de Novembro 2010

Início do século XIX – o que víamos, pensávamos era a realidade.
Metade do século XIX – existe uma explicação lógica para a existência do espírito.
Fins do século XIX – Freud desvenda o inconsciente.
Início do século XX – Einstein derruba a dualidade matéria e energia, demonstra que espaço euclideano não existe ( o espaço depende da massa distribuida ) e o tempo é uma dimensão.
Início do Século XX – O infinitamente pequeno é probabilístico – a matéria se comporta ora como onda e ora como partícula.
Metade do Século XX – A evolução das espécies proposta 100 anos antes é provada através da descoberta da genética moderna.
Fins do século XX – O homem vai á Lua e orbita permanentemente o planeta em estações espaciais.
Início do Século XXI – O Genoma humano e de diversos animais é decifirado, todos os seres humanos estão conectados por ondas eletromagnéticas ( TV aberta, TV a cabo, celular, web, etc).

Sabemos , ao constatar estes saltos que o conhecimento de hoje é muito menor do que será em 20 anos, não temos a menor idéia de quais saltos tecnológicos ou de conhecimento daremos em vinte ou quarente anos. Até hoje, ainda que estes paradigmas tenham ligações com o conhecimento anterior, nenhum sábio previu, com uma antecipação de 10 anos que seja, que o velho telefone do Alexander Graham Bell viraria uma plataforma multimidia, interligada por microndas, satélites e cabo, permitindo acessar qualquer ponto do planeta, pessoas, notícias, temperatura ambiente, humidade relativa do ar entre outros milhares de opções.

Enquanto isto quais foram os saltos dado pelo espiritismo?
Período de codificação ( 1857 a 1868)
Período de crescimento científico ( fim do século XIX)
Período de Cristianização ( inicio do século XX)
Período Mediúnico Psicográfico ( meados do século XX)
Período Transcomunicacional ( fins do século XX)
Perído de atualização que com grande esforço tentamos implementar no início do século XXI, ainda que o grande sucesso da década tenha sido o filme “Nosso Lar” que não veio para atualizar nada.

Comparando o saber científico com o espiritualista, vemos que mudamos muito pouco, em velocidade muito menor, com a permanencia da fase anterior em paralelo com a nova etapa por muito tempo, não temos saltos não acompanhamos o progresso.

Sugiro que vocês naveguem no Google, no Bing, na Wikepedia não fiquem parados – estudem e comparem e se estiverem fazendo a mesma coisa, do mesmo jeito há 10 anos, provavelmente estarão fazendo algo errado, superado ou que esteja no mínimo desatualizado. Até colecionadores de antiguidade tem blog ou Ipod.

Para abrir mais a sua mente leia:
www.google.com.br; www.bing.com.br ; http://pt.wikipedia.org/wiki/Espiritismo

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A DOR - na visão Kardecista por Jaci Régis

Certamente a dor e o sofrimento são constantes e atingem a todos. Pela doença, pela opressão, pelos conflitos. A dor individual intrapessoal,interpessoal ou grupal confrange, une, desune, arrebenta, estraçalha coração, anima a fogueira do ódio, ou eleva a resignação, a alienação e impotência diante do inevitavel. Mas,apesar disso, parece que o mal cresce, que as injustiças são maiores, os tempos piores.
Porque o homem sofre?

Reportando-se apenas as explicações mistico-religiosas, vemos que todas as crenças aceitam e afirmam que Deus pune. Os antigos queriam deuses ferozes, dominadores, inflexiveis. Que destruiam colheitas, inundavam as terras, queimavam populações. Para aplacá-los sacrificavam animais, pessoas e coisas. Sangue e lágrimas, para agradar os deuses. Mesmo o Deus invisível dos judeus, o iracundo Jeová, deus vulcânico, não tinha menos paciência ou flexibilidade. Parcial e colérico condenou Moises a não ver a Terra Prometida e fez derrubar as muralhas de Jericó para a vitória dos judeus. Submeteu Abraão à prova mais dura e a Jó a sofrimentos crueis para provar a fé, a fidelidade e a submissão.
A expulsão do Paraíso, o dilúvio, Sodoma e Gomorra são mostras bíblicas de que o Senhor tem seus limites. Na verdade a Bíblia é o relato do conflito entre Deus e as criaturas. Aquele sempre insatisfeito com estas e estas sempre desobedecendo, aborrecendo seu criador. De tal forma que Jeova resolve punir para sempre as gerações. Mas o sangue do Cordeiro é que viria resgatar o pecado do mundo.

Nos Evangelhos cristãos, a dor tem lugar distinto. No Sermão da Montanha, Jesus de Nazaré teria dito ...Bem aventurados os que choram, porque serão consolados... Bem aventurados vós que agora chorais, porque rireis. Ai de vos que agora rides, porque gemereis e chorareis.

Esse quadro escuro marcou a sociedade cristã. O homem foi colocado numa posicão de impotência, cumulado de culpa, desobediência e sujeito à ação fulminante da divindade. Nada de alegria. Nem de felicidade. Essa, quando tudo da certo, só depois da morte. Aqui, a dor é soberana. O Velho Testamento diz, sem meias medidas, que Deus não faz acordo com quem desobedece suas leis.

No Espiritismo,a vida terrena é colocada, filosoficamente, como um exercício natural e inerente ao processo de crescimento espiritual. Mas quando a vida é analisada sob o ponto de vista moral, a encarnação é ainda vista como um mal necessário, e relacionada com expiação de erros, como condição para almas condenadas pela Justiça Divina. Além disso, a categorização da Terra como planeta de provas e expiações, vale de lágrimas, prisão ou hospital, dá um sentido ainda mais trágico a todo o processo. Batizada pelo passado, a vida terrena é tida como um exílio e o corpo um fardo pesado.

Desde o início, a dor e o sofrimento tambem foram louvados, como formas “naturais" para pessoas tão inferiores. De um modo geral, as seguintes palavras do Espírito Santo Agostinho, sintetiza essa concepção: “Vossa Terra é por acaso um lugar de alegrias, um paraiso de delícias? A voz do profeta não soa ainda os vossos ouvidos? Nao clamou ele que haveria choro e ranger de dentes para os que nascessem neste vale de dores? Vós, que nele vieste viver, esperai, portanto lágrimas ardentes e penas amargas. E quanto mais agudas e profundas forem as vossas dores voltai os olhos aos céus e bendizei ao Senhor por vos ter querido provar! (...) Felizes os que sofrem e choram! Que suas almas se alegrem porque serão atendidos por Deus" (0 EvangelhoSegundo o Espiritismo, capitulo V).

Ao fundar o Espiritismo, Kardec, como é natural, absorveu todo o ideário moral ao cristianismo. Desde então, muitas concepções sadomasoquistas foram incorporadas ao dia-a-dia doutrinario, dando um colorido escuro, doloroso, ao entendimento da vida.

O Espiritismo cristão apologia a dor, o sofrimento, dá-lhe expressão grandiloquente e quem sofre estoicamente é o heroi. Na verdade,toma a vida terrena umaverdadeira odisseia para ser levada a terrno.

No livro O Consolador, o Espirito Emmanuel, através da mediunidade de Francisco Candido Xavier, afirma: "Podemos classificar o sofrimento do Espirito como a dor-realidade e o tormento fisico, de qualquer natureza, como a dor-ilusão (...) a dor física é um fenômeno, enquanto a dor moral é essencial (...) só a dor espiritual é bastante grande e profunda para promover o luminoso trabalho do aperfeirçoamento e da redenção" (pagina 239). E, em segundo diz "No trabalho de nossa redenção individual ou coletiva a dor e sempre o elemento amigo e indispensavel."

Diz ainda Emmanuel: "A redenção de um Espirito encarnado, na Terra, consiste no resgate de todas as suas dividas." (pagina 241).

O Espiritismo como Ciência da Alma, pensa a espírito como um ser em busca da felicidade, sendo a dor um obstáculo a ser superado.

Jaci Régis - extraído do livro Novas Idéias

Publicado originalmente no Jornal Abertura em Dezembro de 2010

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O Perispírito segundo Jaci Régis - uma análise comparativa por Egydio Régis


Esta semana relendo o Caderno Cultural Espírita- edição de outubro de 2002- editado ICKS, tive a oportunidade de mais uma vez saborear a matéria sobre o perispírito. Marcelo Coimbra Regis e Reinaldo di Lucia exploraram de maneira objetiva e corajosa à luz dos modernos conhecimentos científicos “o corpo espiritual” das mais antigas culturas e o perispírito da era kardecista. Jaci fecha a matéria do Caderno com sua habitual visão e corajosa posição revolucinária quanto a revisão e atualização de alguns conceitos doutrinários. Mas, antes de chegarmos à lição do Jaci, vamos fazer algumas considerações a respeito do que se falou e se fala sobre o perispírito.
Recentemente fiz uma busca na internet para ver se conseguia algo atual, baseado em pesquisa científica, sobre o perispírito. Entrei em um site que se propõe a entrevistar cientistas (?) e apresentar informações sobre pesquisa de assuntos ligados ao Espiritismo e Espiritualidade em geral. Abri um vídeo com entrevista de um companheiro de D.E., o estudioso e conhecido Eng. Ney Prieto Perez.

Fiquei atento na esperança de ouvir novidades a respeito do tema. Infelizmente nada mais foi acrescentado além do que já se escreveu. Definição de Kardec (aliás a mais precisa se considerarmos os conhecimentos científicos da época e sem inventar teorias que não pudessem se sustentar com o tempo.), informações de A. Luiz, teoria do MOB- Hernani Guimarães Andrade e outros.Nenhuma nova ou arrojada teoria. Todos circulam em volta do que escreveram Denis, Dellane, além dos acima citados. Parecem satisfeitos a despeito da evolução científica e da assertiva progressista de Kardec, quando afirmou que o Espiritismo não disse a última palavra e que ele (o Espiritismo) deveria acompanhar o desenvolvimento científico, sob pena de sucumbir como todas as doutrinas que pararam no tempo. Esses nossos confrades de reconhecida inteligência e de formação científica (embora não sejam cientistas) continuam presos à ideia de que o Espiritismo foi ditado por Espíritos Superiores e que espíritos como Emmanuel, por exemplo, são autoridades incontestáveis.

Assim, todos os pesquisadores, como o citado Hernani G.Andrade e poucos outros, procuram desenvolver suas teses com base nessas informações e conformar suas conclusões de modo a não mudar o que consideram sagrado, isto é, o que os Espíritos disseram. Nada se cria, nada é original. O próprio Modelo Organizador Biológico, criado por Hernani ( a quem admiramos desde de nossa juventude) que é considerado o trabalho de maior respeito pelo movimento espírita, não criou nada de novo além de A.Luiz e apenas deu nova e atualizada roupagem sobre as propriedades do perispírito. É bem verdade que A. Luiz trouxe notável contribuição para estudo sobre o corpo do Espírito e é pena que algumas de suas colocações não foram suficientemente compreendidas e aproveitadas pelos estudiosos, exceção feita, como veremos, a Jaci Regis.

No mês de outubro de 2002, foi lançada pelo Instituto Cultural Kardecista de Santos, a primeira (se não me engano a única) edição do Caderno Cultural Espírita. A matéria objeto dessa publicação foi sobre o perispírito, dentro de uma nova abordagem. Dois jovens engenheiros espíritas- Marcelo Coimbra Regis e Reinaldo Di Lucia, juntamente com Jaci, desenvolveram, sob ângulos diferentes, ideias sobre funções e constituição do perispírito baseados em autores clássicos encarnados, desencarnados contemporâneos e em conceitos científicos modernos.

Em síntese, a conclusão de ambos deixa bem claro que o conceito dos autores clássicos, assim como dos Espíritos contemporâneos, que têm o perispírito como entidade modelar do corpo humano e guardião da memória do espírito através das encarnações, não se sustenta à luz da ciência e da lógica filosófica do Espiritismo. Marcelo faz uma análise das posições de autores como Gabriel Dellane, Ernesto Bozzano, assim como de André Luiz, concluindo quanto aos dois primeiros: “Ernesto Bozzano e principalmente Gabriel Dellane transferem para o perispírito atribuições antes reputadas ao espírito, bem como todas as funções orgânicas não explicáveis até sua época. Enquanto A.Kardec posicionava o perispírito mais do ponto de vista de sua necessidade fisiológica, seus seguidores europeus viram no mesmo a chave para explicação de muitos fenômenos materiais não explicados. Além disso eles materializaram em demasia o espírito transferindo para o perispírito o foco de atenção da ciência Espírita.” Em relação a André Luiz conclui: “ A. Luiz avança ainda mais na valorização do perispírito como coordenador de todas as funções e processos corporais.Para ele o Corpo Espiritual é a sede da evolução física do Homem tanto encarnado quanto desencarnado. Destaca-se aqui seu papel ativo e detalhista nas atividades orgânicas e psíquicas do Homem, relegando ao Corpo Físico um papel secundário, de menor importância, passando ao perispírito todas as funções superiores.”

Entrando no campo da ciência moderna, Marcelo faz um breve comentário sobre os avanços da Biologia, especialmente no campo da genética com relevância ao DNA. São suas conclusões: “ A genética revelou que o corpo possui um programa escrito em seus cromossomos, formado durante séculos de evolução contínua... o Corpo Humano é um organismo complexo,auto-suficiente em suas funções básicas, possuidor de mecanismos que permitem sua perpetuação e a manutenção de sua estabilidade, sem a necessidade de uma interferência direta do perispírito.”

Reinaldo de Lucia aprofunda o tema analisando os novos conceitos da Física, principalmente em relação à matéria/energia que revolucionou o entendimento científico do século XIX. Diz ele: “O problema está no pensar da ciência do século XIX. Esta ciência é discreta, ou seja, pensa o Universo macroscopicamente, em elementos distintos e estanques, ligados entre si por algum tipo de meio físico. Assim, o perispírito seria um ente particular, perfeitamente definido em si mesmo, que serviria de meio entre dois elementos: o espírito inteligente e a matéria bruta.”E continua: “ A ciência do século XX quebrou estes dois conceitos: mostrou que, apesar de no âmbito das partículas subatômicas as energias serem trocadas em quantidades determinadas. ou “pacotes” fechados e existirem “ saltos quânticos” que afetam drasticamente as partículas, no mundo macro há um desenvolvimento contínuo da matéria no que tange, por exemplo, às freqüências envolvidas, nos níveis em que é possível a detecção pelos equipamentos disponíveis. E mostrou também que não são necessários quaisquer meios para transmissão de energia no espaço-tempo. Parece então mais lógico postular o perispírito como uma continuação energética da matéria.” É claro que não é somente isso que estamos tentando resumir. A matéria desenvolvida por Reinaldo é extensa e elucida muitos pontos referentes aos conceitos antigos apresentados por eminentes pensadores espíritas. Ficamos no campo da citação e quem se interessar deve ir diretamente a fonte que é o Caderno Cultural acima referido.Vamos fechar suas idéias com esta conclusão: “ O Espírito age como se fosse (numa analogia grosseira) uma carga. Tal como uma carga elétrica cria em torno de si um campo eletromagnético, o Espírito cria em torno de si um campo, que à falta de nome melhor, poderia ser chamado de campo espiritual. Este não seria, então, um corpo, um organismo propriamente falando, mas um aglomerado energético-material em constante interação como o espírito.”

O último artigo do caderno é de autoria de Jaci Regis. E, não poderia ser de outra maneira porque é a síntese racional e lógica de toda a matéria. Utilizando-se das idéias avançadas de Marcelo e Reinaldo e suportando-se em Kardec e nas revelações de André Luiz, Jaci oferece uma das mais consistentes argumentações sobre a existência, propriedades e funções do perispírito. É uma nova proposta sobre o corpo espiritual e como ele diz: “Trata-se, contudo, de uma discussão teórica, uma hipótese de trabalho, que embora alicerçada no momento da ciência sobre as funções da transmissão da herança genética, é ainda uma tentativa de compreender a inserção do elemento espiritual nos processos naturais, uma vez que não é possível apresentar provas inconcussas e experimentais da nossa proposta.” Jaci repensou as funções do perispírito, até então tido por todos os autores, antigos e modernos, como entidade permanente e repositório de todas as experiências do espírito, matriz e modelo organizador do corpo material. “ O perispírito é produto da mente que, alcançando o pensamento contínuo, consegue mantê-lo íntegro após a morte do corpo físico...restringe-se no espaço extra-físico ao papel de “capa energética” identificadora do Espírito desencarnado. E, afirma com autoridade de quem pensa mais adiante: “ Em cada encarnação o perispírito é desagregado diluindo-se no processo de gestação” E mais: “ Assim parece perfeitamente aceitável que o perispírito, não sendo um organismo, não possua órgãos, o que elimina a suposição de que a mente, ou seja, a capacidade intelecto-afetiva do Espírito esteja nele sediada.” Baseia-se nas informações de André Luiz, que encontrou o caminho, mas não conseguiu (ou não quis contrariar o “status” sobre o perispírito), para apontar o corpo mental ( que envolve o espírito) como o arquivo real do espírito: “O corpo mental é o único instrumento organizador aderido ao Espírito. Como órgão executor e permanente.” Sua argumentação é consistente e alicerçada em raciocínios lógicos que esclarecem dúvidas e pôe as coisas nos seus devidos lugares. Não vamos nos estender mais porque senão teríamos que reproduzir todo o artigo, o que não é nosso propósito. É importante resgatar esse trabalho, republicando ou disponibilizando na internet. Vamos encerrar estas considerações transcrevendo apenas algumas posições da conclusão ( em número de dez) para que os estudiosos se interessem e reflitam sobre as mesmas: 1. O perispírito é um campo energético que identifica o Espírito... 2. As funções ontogenéticas geralmente atribuídas ao perispírito, são, na verdade, exercidas diretamente pelo Espírito, através de seu corpo mental... 3. Sendo produto do pensamento do Espírito, o perispírito é transitório ... 4/5. Em cada encarnação o perispírito é desagregado...portanto, pode-se afirmar que durante a gestação não existe perispírito.11. O perispírito é, como afirmamos, uma “capa energética bem próximo da expressão “envoltório” usada por Kardec, sem estrutura e sem organização propriamente dita, mas existindo pela vontade do Espírito, como instrumento de identificação.”

Nota do Moderador: O Caderno Cultural - Perispírito está esgotado, ainda temos disponíveis o Caderno Cultural sobre Reencarnação.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Abrindo a Mente - A vida com ela é, ou seria? Primeria vez foi encontrado um ser vivo que contém na sua estrutura do DNA um componente inédito As

Artigo de Alexandre Cardia Machado

O Processo de adaptação, de sobrevivência do mais forte nos supreende a cada dia, revestido de todo um marketing especial, a Nasa, Revista Science e a Organização Pesquisa Geológica dos Estados Unidos deram a conhecer que pela primeria vez foi encontrado um ser vivo que contém na sua estrutura do DNA um componente até então inédito. Até esta data os componentes básicos eram Carbono, Hidrogênio, Nitrogênio, Oxigênio Enxofre e Fósforo. A vida mais uma vez nos ensina, nada parece ser absoluto, sempre há algo a aprender.

Em um lago chamado Mono, na Califórnia, que contém uma grande concentração de Arsênio (As), componente que causa envenenamento na maior parte dos seres vivos, mas que neste ecosistema sustem a vida vegetal em sua borda e algumas bactérias no interior do mesmo, mas que agora finalmente encountrou-se bactérias que incorporaram, na sua estrura do DNA, parcialmente o As. Esta constatação abre as portas a diversas especulações, quais sejam que passou a ser possível imaginar outras trocas químicas, de alguns dos outros componentes básicos. Afetando inclusive nossa forma de pesquisar a possibilidade de vidas em outros planetas.

Antes de ficarmos eufóricos, há que se considerar que esta bactéria, trocou 2 elementos químicos que estão na mesma categoria da tabela periódica e que isto é extremamente comum na química. Esta é a razão pela qual muito se cogitou, na possibilidade de troca do Carbono pelo Silício. A própria Nasa estuda isto. Claro que até o momento não encontramos nenhum ser vivo, na terra que tivesse este tipo de alteração na sua composição de DNA. O Silício é muito mais comum, na Terra que o Carbono, além de não ser um veneno e no entanto a vida se desenvolveu à partir deste elemento que dispõe de uma facilidade, plasticidade e variabilidade muito maior, capaz de criar toda um química chamada Orgânica.

O grande artista foi a bactéria GFAJ-1 for fazer a troca química no DNA pois outros sers vivos conseguiram adaptar-se sem necessitar disto. Um outro caso desafiador acaba de ocorrer nos úlimos 10 anos em uma região da polinésia, uma bactéria foto sensível partilhou o seu DNA com um Krill ( pequeno camarão) formando o primeiro animal capaz de fazer fotossíntese – esta simbióse pode explicar como seres tão pequenos como bactérias deram orígem a todos os animais que exitem hoje. Assim como o caso da bactéria GFAJ-1 isto só foi possível de ser conhecido por haver uma forma de adquirir conhecimento, que é seguida por toda a comunidade científica, ou seja, artigos técnicos, registros bem organizados e disponíveis ao acesso de outros pesquisadores pela internet.

Esta descoberta, claro favorece a tese Espírita da Pluralidade dos Mundos Habitados, não façamos disto uma falácia, mas a confirmação que a vida, uma vez gerada é capaz de adaptar-se, pela lei de evolução e que sabemos existe um grande ator presente em todos os processos o chamado Principio Espiritual. Escrevi em meu trabalho A Evolução do Principio Espiritual- 2009 que a vida fora da Terra deveria ser buscada à partir do estudo dos limites da vida na Terra ( Vulcões, lagos salgados, fundo do mar, em meio ao gelo etc).
Para abrir mais a sua mente leia: Revista Veja, 8 de Dezembro de 2010. Avida como ela (agora) também é. – Naiara Magalhães, Naiara .A Evolução do Pricípio Espiritual – XI SBPE – Machado, Alexandre - 2009

Artigo publicado originalmente no Abertura de Dezembro de 2010.

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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

BREVES COMENTÁRIOS À CARTA DE POSICIONAMENTO DA CEPABrasil - Abertura Dezembro de 2010. Artigo de Roberto Rufo - Filósofo e Metroviário.

BREVES COMENTÁRIOS À CARTA DE POSICIONAMENTO DA CEPABrasil .

Em seu preâmbulo à Carta de Posicionamentos , elaborada em reunião durante o II Encontro Nacional realizado em Bento Gonçalves-RS , de 3 a 6 de Setembro de 2010 , a CEPABrasil manifesta seu pensamento a respeito do Espiritismo e do papel da CEPA , fazendo questão de reconhecer que todos os espíritas , vinculados ou não à CEPA podem pensar inversamente. Admite também a mutabilidade desses pensamentos dentro do princípio da progressividade . Muito interessante é que logo em seu segundo parágrafo outorga à CEPA a " PRIMAZIA " e a " liderança " mundial de um movimento de ideias que luta pelo resgate da proposta original do fundador do espiritismo . É de se supor então que outras instituições ou indivíduos devem solicitar seu aval caso elaborem propostas de novos conceitos que julgarem interessantes dentro do resgate pretendido .

1. QUANTO À NATUREZA E IDENTIDADE DO ESPIRITISMO .

Nesse tópico são sete as posições assumidas pela CEPA , a primeira ( 1.1) querendo resgatar , baseado no " discurso de abertura " de Allan Kardec ( Revista Espírita - Novembro/1.868 ) , o significado que nos interessaria da palavra religião. Isso talvez para não amedrontar instituições vinculadas à CEPA que possuam muita religiosidade em seu dia-a-dia . A palavra religião , tal como a palavra cristão estão perenemente contaminadas . É inútil esse esforço ,além de desnecessário. Outras posições ( 1.2 , 1.3 ) são inerentes a um dos princípios fundamentais do Espiritismo , ou seja , a Evolução Infinita . O Item 1.4 , perfeito na sua sustentação , deveria ter sido escrito em linguagem bem direta : " Não se admitem mais termos como 3a.Revelação , Consolador Prometido ou Revivescência do Cristianismo " .
Brilhante a posição expressa no item 1.5 , onde outros conhecimentos são apresentados como necessários no subsídio que nos prestam à análise espírita das questões humanas . O muito extenso item 1.6 quer dizer algo bem simples : " O Estado deve ser laico " . No entanto em seu item 1.7 a posição acima parece contraditória ao afirmar-se que " não se coaduna com a verdade ( ? ) pretender identificar laicismo com antirreligiosidade , nem , evidentemente , com ateísmo " . Pelo contrário , o Estado tolera e protege as individualidades na sociedade , mas é antirreligioso em sua estrutura . Uma instituição pública pode e deve ensinar a Teoria Evolucionista de Darwin , mas não pode e não deve ensinar que o homem foi criado por Deus . Aí é questão de foro íntimo .

2. QUANTO ÀS OBRAS BÁSICAS DO ESPIRITISMO .

O Item 2.1 , bem como o item 2.2 e 2.5, podem ser incluídos no que se refere a " Pentateuco Kardequiano " , " Bíblia dos Espíritos " e " Secretário dos Espíritos " na sugestão acima do item 1.4 . Os Itens 2.3 , 2.4 , 2.6 e 2.7 ( que tal excluir essa palavra " codificação " e incluí-la no item 1.4 acima ) são obviedades que não necessitam ser matéria de uma Carta de Posicionamentos da CEPABrasil .

Fim da primeira parte

3. QUANTO À ESTRUTURA , ORGANIZAÇÃO E OBJETIVOS DA CEPA .

Se a Carta de Posicionamento da CEPABrasil tem por objetivo principal o resgate do Espiritismo , tudo o que nela está escrito é posição firmada da CEPA , não necessitando se justificar tanto em nove itens , pois pode se transformar numa mensagem confusa , como por exemplo ao afirmar no item 3.6 que " uma instituição que adere ou se filia à CEPA não está subordinada a regulamentos de obediência a normas emanadas por aquela". Pode portanto continuar usando " Pentateuco Kardequiano " , " 3a Revelação " , " Consolador Prometido " e outros termos não espíritas ? O item 3.8 então é de uma ambiguidade sem tamanho ao afirmar que a CEPA respeita as diferentes visões , mas não admite dogmatismo ( ! ) . sectarismo ( ! ) , o patrulhamento da pretensa pureza doutrinária ( a quem se dirige especificamente essa advertância ? ) , o academicismo vazio de aplicações ( tem algo de Karl Marx nessa advertência ) e por último o filosofar estéril , sabe-se lá Deus o que isso quer dizer . Parece mais um discurso dirigido a algumas pessoas em particular do que contra instituições federativas , essas sim , que fizeram do Espiritismo uma ideia sem sentido . Mas , sei lá , amanhã talvez seja possível uma aproximação . Convém não fechar as portas . Depois de tantas advertências e avisos , algumas delas que mais parecem dizer " cuidado conosco " , o Item 3.9 ameniza a linguagem e fala em contribuição , colaboração , estímulo ao estudo e à pesquisa , contribuição , enfim " há que endurecer porém sem jamais perder a ternura " .

4. QUANTO À RELAÇÃO DA CEPA COM O MOVIMENTO ESPÍRITA BRASILEIRO .

Ou o projeto da CEPA é de confronto com as demais correntes do movimento espírita , ou qual a razão para se redigir uma " Carta de Posicionamentos "
pensando no resgate da proposta original do fundador do Espiritismo e pela sua permanente atualização ( palavras textuais da Carta ) . Para que foi criada a CEPA senão pelo total antagonismo de ideias e conceitos com o movimento espírita dito oficial ? Fala em seu item 4.2 que " sua visão de movimento espírita não contempla qualquer sentido de poder , de dominação , de imposições de ideias " .
Quando se cria uma instituição e ela cresce , como é o caso da CEPA , o poder é inerente a essa existência . Cultivar a liberdade de pensamento passa a ser então seu maior desafio , não a eximindo no entanto de afirmar-se claramente , sem rodeios . Sem com isso ser um pensamento único , como diz o texto , que é na verdade o sonho de todo espírito totalitário quando pretende exercer o " controle das informações " . O que não é o caso . Em relação ao movimento espírita brasileiro ( MEB , quase MDB ) não há sequer " união " em torno dos princípios fundamantais do Espiritismo , tal a disparidade de interpretação desses princípios , como aliás aponta a Carta de Posicionamentos em vários de seus itens .


Fim da segunda-parte

5. QUANTO À ATUALIZAÇÃO DO ESPIRITISMO .

Para o Item 5.1 a indagação é antiga : Onde está o Plano de Ação ?
Dentro da liberdade de pensamento exponho que não há melhor Plano de Ação do que o Novo Modelo Conceitual do Jaci Regis , bastando apenas transformá-lo num modelo 5W1H para melhor entendimento a todos . É preciso revisar o modelo de aprendizagem espírita . Gostei da frase do item 5.4 : " Não se pode atualizar sem revisar " . Então mãos a obra . E por revisar entenda-se uma nova interpretação de textos que já não traduzem um significado atual depois de tanto conhecimento adquirido em mais de cento e cinquenta anos após o lançamaneto do Livro dos Espíritos . Mesmo que isso signifique rejeitar certas colocações , sem condenações , pois muitas delas são frutos do momento em que foram escritas . È claro que não se pode alterar textos consagrados sob pena de violação de direitos autorais , como queriam fazer com os livros do Monteiro Lobato .

6. QUANTO AOS CONCEITOS DE REENCARNAÇÃO , EVOLUÇÃO E MEDIUNIDADE .

Sem dúvida o melhor da Carta de Posicionamentos . A CEPA discorda , A CEPA aceita , A CEPA busca , A CEPA não estimula . etc . Ainda não inventaram algo melhor do que a forma direta de comunicação . Instituições que não aceitam esses seis itens ( 6.1 a 6.6 ) não podem fazer parte da CEPA . É uma ideia clara e distinta , como falou Descartes .

7. QUANTO À PARTICIPAÇÃO DO ESPÍRITA NA SOCIEDADE .

Outro grande momento da Carta de Posicionamentos , por mostrar claramente que o Espiritismo não é defensor de teorias deterministas , que tentam justificar o injustificável , tal como as desigualdades sociais ,que são fruto da ação humana , como muito bem nos ensimam os espíritos no Livro dos Espíritos .

8. QUANTO A JESUS , AO EVANGELHO E AO CRISTIANISMO .

Assim como Kardec se sentiu premido a " dar explicações " sobre Jesus , o Evangelho e o Cristianismo , escrevendo o " Evangelho Segundo o Espiritismo " , a CEPA tinha que enfrentar esses Leviatãs em sua Carta de Posicionamentos . E se sai muito bem , exceção feita aos itens 8.2 e 8.3 quando quer " livrar a cara " de kardec procurando ligar " Espiritismo Cristão " ao pensamento moral de Jesus de Nazaré . Além de não ser nada disso , o estrago já foi feito . Covém voltar à velha forma afirmativa : " A CEPA REJEITA QUALQUER ASSOCIAÇÃO DO ESPIRITISMO COM OS TERMOS CRISTÃO E CRISTIANISMO " . A princípio pode machucar , mas o tempo é o melhor remédio . Ficou muito bem registrado no item 8.9 que a CEPA corrobora o critério de abordagem exclusivamente no ensino moral de jesus . Realmente é somente isso que nos interessa ao se tratar de Jesus . E é muito justa a crítica feita a Kardec pela tentativa de conciliar conceitos espíritas com a teologia católica buscando dar-lhes sustentação racional através de seus três últimos livros - O Evangelho Segundo o Espiritismo , O Céu e o Inferno e A Gênese , apesar do contexto histórico .
Eis a oportunidade : A CEPA PROPÕE QUE AS INSTITUIÇÕES A ELA ADESAS PROCUREM NÃO MAIS UTILIZAR OS LIVROS " O CÉU E O INFERNO " , " A GÊNESE " E O " EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO " NA ELABORAÇÃO DE SEUS PROGRAMAS DOUTRINÁRIOS . Essa vai doer bastante , mas como falou Emmanuel , " não há evolução sem dor " .

9. QUANTO À DIVULGAÇÃO DO ESPIRITISMO .

São cinco itens muito bem colocados , contribuição importante a quem necessite no seu dia-a-dia em suas instituições expressar de alguma forma a comunicação do Espiritismo . Também aqui é reforçada a necessidade de conhecimentos específicos no auxílio dessa comunicação . A Carta de Posicionamentos da CEPABrasil é antes de tudo uma Carta de Compromissos , que só o tempo dirá se sua aplicação foi eficaz .



Roberto Rufo - Santos-SP

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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Energia Nuclear e Espiritismo

Uma nova corrente contra o uso abusivo da Energia Nuclear

O site da revista Exame publicou a seguinte notícia, no dia 23 de Março ”No bairro paulistano da Liberdade, um pequeno grupo de manifestantes acendeu velas e vestiu camisas negras para homenagear as vítimas do tsunami no Japão e ao mesmo tempo protestar contra o programa nuclear brasileiro. “Uma vigília pacífica, silenciosa, marcada apenas pelo tambor como se fosse um velório”, detalhou a organizadora do ato, a ativista Rebeca Lerer “ atos similares ocorreram simultaneamente em sete capiatais brasileiras.
Na Alemanha multidões saem às ruas para protestar contra o uso generalizado da Energia Nuclear para geração de energia, queremos ressaltar a importância destas manifestações coletivas, pois demonstram uma evolução no nível de conscientização da sociedade.

Allan Kardec na questão 731 do LE adiciona a seguinte nota: “Sendo o progresso uma condição da natureza humana, não está no poder do homem opor-se-lhe. É uma força viva, cuja ação pode ser retardada, porém não anulada, por leis humanas más. Quando estas se tornam incompatíveis com ele, despedaça-as juntamente com os que se esforcem por mantê-las. Assim será, até que o homem tenha posto suas leis em concordância com a justiça divina, que quer que todos participem do bem e não a vigência de leis feitas pelo forte em detrimento do fraco.” A Sociedade cobra de seus governantes ações claras e abertas sobre os riscos e benefícios desta tecnologia. Assim a luta por um lugar melhor para se viver permanece no alto das prioridades socias.

Publicado pela Redação do Jornal Abertura em Abril de 2011

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Um ano sem a presença física de Jaci Régis - por Egydio Régis


Em homenagem a esta pessoa que fundou o ICKS, o Jornal Abertura e tantas outras atividades publicamos algumas palavras proferidas por seu irmão Egydio Régis e publicadas no Jornal Abertura na edição especial de Janeiro-Fevereiro de 2011.

Irmão coragem
Ainda me lembro daqueles tempos em que usava calça curta, aos dez anos de idade (imaginem!) quando começava a freqüentar as aulas de evangelho no Centro Espírita Manoel Gonçalves. A Juventude Espírita de Santos acabara de ser fundada (1947) e eu via os jovens como meus ídolos, liderados por personagens inesquecíveis, verdadeiros “monstros” sagrados de minha infância: Alexandre Barbosa e Isaura Perrone. Meus irmãos Ivon e Jaci faziam parte do grupo, juntos com outros inesquecíveis ícones de meus dez anos: Armando, Maria, Maria Nilce, Irene, Antonio Garófalo, Quinzinho e outros de quem não me lembro os nomes. Todos religiosamente entusiasmados pelo grande líder que era o “seo” Barbosa. No meio deles alguém já começava a aparecer, primeiramente pelo tipo físico dos seus quatorze anos e pelos cabelos rebeldes e calças largas. Cheio de idéias e irrequieto logo começava a dar claros sinais de que iria “incomodar” bastante o meio que era coordenado e orientado pelos mais velhos. A primeira atitude foi apoiar e incentivar o desligamento da Juventude (hoje Mocidade Espírita Estudantes da Verdade) e seus orientadores, do Centro Manoel Gonçalves, por incompatibilidade com a direção que desejava impor algumas regras na condução dos trabalhos dos moços. Barbosa e Isaura, assim como os demais Perrones acompanharam a mudança para o então pequeno grupo espírita – Centro Beneficente Evangélico- localizado na rua Rio de Janeiro.

 Aí começa toda a história desse revolucionário, idealizador, criador e apaixonado kardecista. Determinado e acima de tudo de uma coragem jamais vista no meio espírita. Liderou, contra a vontade dos então dirigentes do Centro Beneficente Evangélico,a primeira alteração da denominação dessa entidade, acrescentando o nome Espírita e, posteriormente, para Centro Espírita Allan Kardec.

Assumiu, por volta dos seus 19 ou 20 anos, a presidência do CEAK, iniciando uma verdadeira revolução nos métodos de estudos da doutrina e na filosofia de trabalho desde a infância até às reuniões. Sua incrível capacidade de trabalho e sua forte personalidade marcaram definitivamente uma nova era no movimento espírita de Santos, extrapolando para o resto do país. Assim como Herculano Pires, teve a coragem de criticar os Centros que mais pareciam igrejas evangélicas do que casas de estudo e prática dos princípios da D.E. Ainda me lembro de seu primeiro comentário crítico a um dos grandes centros da cidade que tinha no seu salão de reuniões públicas um nicho com a imagem de Maria e todos que passavam por ali se benziam como fazem os católicos. Essa crítica lhe custou a proibição de entrar no referido Centro. Mas, Jaci não ficava apenas nas palavras e seu coração lhe indicava que era preciso também cuidar das pessoas amenizando suas angústias e suas dificuldades materiais.

Assim, lançou-se corajosamente a dirigir um lar de crianças órfãos ou abandonadas que era mantido por uma associação de trabalhadores- o Lar Veneranda. Pequeno e limitado em seus recursos, essa entidade transformou-se numa das mais expressivas e exemplares da cidade de Santos, graças ao comando agressivo e empreendedor de Jaci. Precisou de muita coragem inclusive para enfrentar e vencer dificuldades criadas até mesmo por pessoas que o cercavam e não acreditavam no sucesso do empreendimento. No campo das idéias no movimento espírita, teve a coragem de quebrar paradigmas como o da evangelização, a supremacia de Emmanuel em detrimento de Kardec, o misticismo religioso, etc. Jaci inscreve seu nome na galeria dos mais importantes nomes na defesa e na divulgação da Doutrina Espírita.

Com seu espírito combativo, ousado, consistente, jamais se deixou abater pelas críticas, pelos despeitos e pelo isolamento do movimento espírita em todo o Brasil. Escritor emérito sobre temas espíritas, Jaci foi original. Médium psicofônico de recursos, abandonou sua mediunidade porque tinha luz própria e não queria ser instrumento de outras mentes. Sua produção literária é inteiramente de sua criação e é um legado importante para quem se interessa pela evolução ou atualização da D.E. Seu último ato de coragem talvez tenha sido o de discordar do próprio mestre Kardec em alguns pontos sem, entretanto, deixar de ser seu maior defensor e admirador. Para ele Espiritismo é kardecismo. Mas seguia a própria orientação do mestre quanto ao progresso da Doutrina. Por tudo isso e pela sua imensa coragem e incansável batalha para estimular os espíritas ao estudo e a abertura das mentes, Jaci merece todas as homenagens sinceras dos seus irmãos e companheiros e, principalmente, deste que escreve estas breves linhas e que embora nunca lhe tenha revelado a viva voz, foi sempre seu aliado e confesso discípulo. Meu irmão coragem, aquele abraço.