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sábado, 3 de setembro de 2016

MACHISMO e ESPIRITISMO - por Marissol Castello Branco

MACHISMO
Marissol Castello Branco
“Atitude ou comportamento de quem crê que o homem é socialmente superior à mulher” Os machistas mais radicais, definidos no dicionário são aqueles assumidos publicamente que encontramos estampados pelas feministas. Tivemos várias demonstrações francas de machismo em alguns políticos durante depoimentos polêmicos e preconceituosos.

Kardec era machista, mas de uma forma “branda”, apropriando-me de um termo usado por Noam Chomsky, como muitos homens e mulheres o são ainda hoje. Esse comentário de Kardec deixa bem claro a sua visão sobre a mulher:

“... as mulheres têm direitos incontestáveis, a natureza tem os seus que não são os seus. Deixai-as, pois, reconhecer pela experiência sua insuficiência nas coisas às quais a Providência não as chamou” (AK, RE, jun1867, p.169)

Esse foi um comentário relativo a um artigo sobre um manifesto de mulheres norte-americanas que protestavam pela emancipação feminina. Nessa citação Kardec entende que como homens e mulheres possuem gêneros diferentes também diferentes são as suas funções na Sociedade. Ele era um intelectual, filho de um juiz, com educação exemplar e casado com uma mulher “recatada e do lar”. Não teve filhos, portanto, não vivenciou o papel de ser pai, nem pôde observar sua esposa no papel de ser mãe. A única referência que possuía era de seus pais, mesmo assim uma convivência breve, pois logo foi afastado do lar para estudar em um colégio interno. Não conviveu com mulheres que precisaram trabalhar para conseguir seu próprio sustento. As médiuns mulheres com a qual conviveu e foram intermediárias dos espíritos que o auxiliaram na confecção das obras que fundaram o Espiritismo eram jovens e submissas aos seus pais. Apesar de receberem para o exercício (a mediunidade na França era uma profissão) os proventos ficavam com a família, melhor dizendo com o progenitor. (Eugenio Lara, Os Desertores de Kardec)

Foi no século de Kardec com a difusão das idéias de Rousseau é que o perfil de mãe começou a ser construído. O papel de pai chega bem mais tarde no finalzinho do século XX e até hoje vem sendo construído. Kardec não imaginava que seria uma mulher que o ajudaria a difundir o Espiritismo livre pensador na Espanha e América Latina de fala espanhola. Amália Domingo Soler teve uma vida celibatária e dedicada exclusivamente ao Espiritismo a partir dos 37 anos. Isso a deixou aquém das funções intrínsecas relegadas à mulher pela sociedade. Mesmo assim, ela foi cobrada pelo espírito comunicante, Padre Germano, por sua abdicação em casar-se e formar uma família:

Quanto a ti, boêmio envolto em vestes femininas, poeta de outros tempos, cantor aventureiro que fugiu do lar doméstico, alheio aos direitos e deveres dos grandes sacerdotes do progresso – mendiga hoje um olhar carinhoso, olha em torno de si como nascem as gerações, ao passo que você, planta daninha, não pode beijar uma fronte infantil, murmurando: ― Meu filho! Trabalhe, aprofunde-se em sua solidão, busque na contemplação da Natureza o complemento da sua vida miserável, já que não lhe é dado contemplar um ente querido.” (Memórias de Padre Germano, Amalia Domingo Soler, FEB, p.344)

Amália apenas transcrevia o que dizia o médium psicofônico inconsciente, Eudaldo Pagés. Durante a transcrição ela poderia ter suprimido essa parte em referência às suas vidas, mas era muito fiel ao que ouvia e optou por manter o texto.

Voltando ao machismo brando, infelizmente constato a existência de homens e mulheres nesta categoria em pleno século XXI. Numa rede social uma mulher considerou educar os filhos homens para “proteger” as mulheres. Então eu a contestei: “Devemos educá-los para respeitá-las”. A expressão “proteger” sugere a dependência da mulher em relação ao homem e consequente submissão. Homens e mulheres possuem uma diferenciação genética que se reflete em sua maneira de ver o mundo e comportamentos. Esse X a mais que a mulher tem faz dela um ser humano que age e resolve problemas de uma maneira diversa da do homem. Isso não significa estabelecer funções determinadas para cada um dos gêneros.


Marissol Castello Branco, 48 anos, casada, mãe de 2 filhos, arquiteta e professora. Autora de livro publicado pelo CPDoc: Igualdade de direitos e diferença de funções entre o homem e a mulher. 1997
Os artigos desta coluna baseiam-se em estudos e pesquisas desenvolvidos pelo CPDoc.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Campanha a favor do combate ao Cancer de Mama - XIV SBPE - por Laís Botter

Durante o XIV SBPE todos terão oportunidade de ajudar:

Proposta da participante do SBPE Laís Botter:



"Tenho uma amiga que passou por um tratamento de Cancer de Mama há pouco tempo e ela lançou uma campanha para arrecadação de lenços. Ela fez isso em Ribeirão Preto (veja os links de algumas entrevistas dela abaixo) e eu gostaria de levar a campanha ao Simpósio em Santos.

Vou providenciar uma caixa para colocar os lenços e a impressão de um pequeno folder para sinalizar o pessoal. É possível que vocês divulguem algo no site ou mesmo por email para os participantes? 

A ideia é pegar um lenço que temos em casa e não usamos mais e que possa ser usado por uma mulher que enfrenta o CaMama.

Desde já, agradeço pela sua atenção e espero que possamos fazer a campanha.


Laís Botter

Links para reportagens: 
Folder: Divulgação da Campanha


terça-feira, 20 de outubro de 2015

Pela Sobrevivência da Literatura - por Alexandre Cardia Machado

É inegável que as pessoas estão cada vez com menos tempo disponível para a leitura, existe uma enormidade de concorrentes hoje, a televisão a cabo, com mais de 200 opções de acessos, a internet e mais recentemente o tablet, que permite inclusive a leitura de livros virtuais.

Não há dúvidas que o livro virtual veio para ficar, mas assim como o disco de vinil sobreviveu ao CD e às midias eletrônicas em geral, pela sua singularidade, o livro impresso ainda existirá por muitos anos. A lei do progresso não pode ser detida, como espíritas, sabemos disto, mas o livro impresso tem o seu valor real, ele é palpável, você pode sentir o seu cheiro, pode escrever, anotar, virar a orelha da folha e colocar na estante. Não depende de conexão com internet e muito menos de ter eletricidade disponível, além de que ninguém irá te assantar para roubar o teu livro.

Foto do Livro A Mulher na Dimensão Espírita - ICKS

Este artigo não é contra o livro virtual, ele terá cada vez mais o seu papel, é muito mais barato de ser feito e mais acessível ao leitor, não tem o mesmo charme, mas sobre o ponto de vista de acessar a informação e adquirir conhecimento e rapidez de acesso ao mesmo será sempre incomparável.

Agora voltando ao livro impresso, a revista Veja, em seu anexo – Veja São Paulo, trás uma matéria  -  A paulistana nota dez Ivani Naked que nos motivou a escever sobre este tema, iniciou um movimento em 2000, com a ajuda do marido William Nacked , criou o Instituto Brasil Leitor, que desde então criou 144 espaços para leitura em São Paulo, dispondo de um acervo de 20000 livros disponíveis para leitura de graça pela população. Parabéns a ela pela persistência. Ela considera a missão de seu instituto “ colocar a literatura no caminho das pessoas”.

Recentemente vivemos a experiência de tentar doar livros, na cidade de Santos, onde a prefeitura tem uma grande malha de bibliotecas públicas e recebemos a seguinte resposta: aceitamos livros de ficção, mas não queremos livros técnicos nem enciclopédias, pois ou não há interesse; ou existem em demasia. Assim que existe demanda de livros para leitura, mas a internet ocupou, sem dó, nem piedade o espaço das antigas enciclopédias, fato este que fez com que as mais tradicionais, só existam virtualmente, via internet.

Enquanto isto o livro espírita  passa pelo mesmo processo, mesmo a FEB já disponibiliza toda a sua enorme lista de livros gratuitamente, no seu site. De uma forma ou de outra, o importante é que existe espaço para os bons livros. Aqueles que queremos consultar várias vezes, que nos apoderamos, como se fosse parte de nosso arsenal de argumentação.

Fica então aqui o convite, comprem leiam e ofereçam de presente a amigos, filhos e netos, livros de qualidade espíritas ou não. E se tiverem livros em casa, ocupando espaço, busquem quem os possa disponibilizá-los ao grande público carente. Sejamos distribuidores de conhecimento, sonhos e ideias.


segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Mulheres - Os números são alarmantes - por Roberto Rufo

“É muito difícil para uma mulher que vive uma situação violenta denunciar” ( ONG Casa del Encuentro – Argentina ) “Deus deu ao homem e à mulher a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir” ( Livro dos Espíritos – Pergunta 817 ) 

  
   A manchete do jornal “A Tribuna” de Santos, por si só já espelha a tragédia vivida pelas mulheres em nosso continente:

“Feminicídio em alta causa dor e envergonha a América Latina”. E aí aparecem os números estarrecedores de mortes das mulheres latino-americanas: uma morte a cada 31 horas na Argentina; 15 por dia no Brasil e quase 2 mil por ano no México. Foram criadas leis para evitá-las, mas o número de crimes de gênero continua alto.

O interessante nisso tudo, para não dizer lamentável, é que em sua maioria são crimes cometidos por homens jovens ou de meia idade, que são de uma geração participante da liberação sexual e dos costumes. No entanto, continuam a ver nas mulheres uma propriedade sua. Aliado ao fato de que as mulheres adquiriram, e isso é muito bom, o direito de dizer não quando algo lhe desagrada na relação, indo até mesmo à separação, se julgar necessário . No passado, as mulheres da geração da minha mãe, por exemplo, não tinham essa ousadia de se afirmar como seres pensantes e participativos. Aí reside o problema e a desgraça para muitas mulheres.

Os senhores do sexo masculino não assimilaram a batalha cultural que as mulheres tiveram que lutar para se afirmarem como seres humanos  plenos. Quando elas manifestam sua independência, muitos não aceitam por se julgarem donos dessa mulheres. A deputada Gabriela Alegre, da cidade de Buenos Aires, diz que esse problema não se resolve apenas com a legislação e a penalização, mas é preciso, segundo ela, enfrentar uma mudança cultural e apontar para a educação.

Allan Kardec, na pergunta 818 do Livro dos Espíritos, indaga de onde se origina a inferioridade moral das mulheres em certos países? A resposta pode ser estendida à violência contra as mulheres: “do império injusto e cruel que o homem tomou sobre ela. É um resultado das instituições sociais e do abuso da força sobre a fraqueza . Entre os homens pouco avançados, do ponto de vista moral, a força faz o direito”. Percebam que os espíritos falam “do ponto de vista moral”, pois entre os agressores há muitos com educação superior.

Maria Eugenia Lanzetti, 44 anos, professora de jardim de infância na província de Córdoba, era separada de um marido obsessivo, contra quem pesava uma ordem judicial de afastamento. Maria chegou a instalar um botão antipânico em seu celular. Infelizmente essas medidas não foram suficientes para evitar o pior. Na manhã de 15 de abril passado, o ex-marido entrou na sala de aula e cortou o pescoço dela na frente das crianças. O ódio era seu habitat cotidiano. Por isso sempre coloquei em dúvida uma afirmação rotineira nos meios espíritas, de que por não ter sexo, o espírito reencarna senão simultaneamente, mas algumas vezes como homem ou mulher.

Fosse assim, aqueles espíritos, como o ex-marido citado, ao passar por algumas encarnações no sexo feminino, já teriam adquirido alguma sensibilidade quanto aos desejos e anseios femininos.   
Conversa fiada, ele sempre reencarnou no sexo masculino e traz seus impulsos machistas há várias encarnações.  A erraticidade não lhe tem sido de grande valia.

Por isso, andou muito bem a Presidente Dilma Rousseff, a primeira mulher a governar o Brasil, ao promulgar uma lei que inclui o feminicídio no Código Penal. E enfatizou que a violência de gênero “acontece em todas as classes sociais”. Kardec tinha muito apreço na modernização das legislações, que segundo ele acabariam levando a uma mudança de comportamento. Em parte isso é muito verdadeiro, pois uma boa legislação devidamente aplicada tem o poder de induzir comportamentos.
Todavia, a mudança cultural é mais lenta e tão importante, até mesmo na Doutrina Espírita, quando diz que a mulher tem igualdade de direitos e não de funções. Isso não é mais válido, pois muitas mulheres são agredidas, por reclamarem justamente por igualdade de funções.