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quinta-feira, 20 de junho de 2019

Abrindo a Mente - Cuidado com o Novo Golpe Mediúnico - por Alexandre Cardia Machado


Abrindo a mente - Novo golpe mediúnico

Allan Kardec no Livro dos Médiuns já nos advertia em relação aos perigos da mediunidade e dos médiuns, a história está repleta de charlatães e não perderemos tempo aqui relembrando, mas sim tentando alertar os amigos leitores.

No Livro dos Médiuns encontramos referência ao Charlatanismo em 3 lugares: Primeira Parte, no Capítulo 4° - ... do Charlatanismo; na Segunda Parte, capítulos 27° e 28° , Das contradições e das mistificações e Do charlatanismo e do embuste. Além destes capítulos o mestre faz referência à palavra Charlatanismo 28 vezes nesta obra.

Por que Kardec faria tantas menções a isto? Porque os médiuns charlatães existem desde sempre e sendo a mediunidade algo sutil, muitos ardis podem ser usados para enganar as pessoas.
Fica o convite a todos que revisem os pontos assinalados. 

Destacaremos aqui:

“ Médiuns interesseiros 304. Como tudo pode tornar-se objeto de exploração, nada de surpreendente haveria em que também quisessem explorar os Espíritos. Resta saber como receberiam eles a coisa, dado que tal especulação viesse a ser tentada. Diremos desde logo que nada se prestaria melhor ao charlatanismo e à trapaça do que semelhante ofício. Muito mais numerosos do que os falsos sonâmbulos, que já se conhecem, seriam os falsos médiuns e este simples fato constituiria fundado motivo de desconfiança.”

“306. Médiuns interesseiros não são apenas os que porventura exijam uma retribuição fixa; o interesse nem sempre se traduz pela esperança de um ganho material, mas também pelas ambições de toda sorte, sobre as quais se fundem esperanças pessoais”

“308. A faculdade mediúnica, mesmo restrita às manifestações físicas, não foi dada ao homem para ostentá-la nos teatros de feira e quem quer que pretenda ter às suas ordens os Espíritos, para exibir em público, está no caso de ser, com justiça, suspeito de charlatanismo, ou de mais ou menos hábil prestidigitação. Assim se entenda todas as vezes que apareçam anúncios de pretendidas sessões de Espiritismo, ou de Espiritualismo, a tanto por cabeça. Lembrem-se todos do direito que compram ao entrar”

Não precisamos ir muito longe para sabermos de médiuns que correm o Brasil, fazendo palestras, recebendo cartas de Espíritos e vendendo livros com grande divulgação. O que há de ruím nisso? Tudo ou nada. Nada se forem honestos e tudo se forem charlatães.

Nos dias de hoje é muito fácil obter informações de uma pessoa que ficou viúva, que perdeu um filho ou de um marido que perdeu sua esposa, as informações estão nas redes sociais. Em eventos públicos como os que disse acima, nestas visitas em cidades, muitas vezes os grupos que as organizam de forma sincera, para receber algum médium famoso, criam grupos de WhatsApp, fazem propagandas pelo Fecebook. Logo, algumas pessoas comentam que gostariam de ir e receber uma carta de seu ente querido, dizem algo como: Vou sim, perdi meu filho e não me conformo, dizem o nome do filho, e está aberta a porta para o “medium charlatão” .

Pelo Facebook, alguém com algum conhecimento de informática, começa a pesquisar e vai montando um mosaico, com nome, apelido da pessoa que desencarnou, onde ela estudou, quem eram seus amigos que se manifestaram ou comentaram no face. Tudo isso e principalmente se a morte foi trágica, darão o pano de fundo para a montagem da farsa da carta espiritual em geral vaga, mas com alguns elementos de identificação. Isto está acontecendo é só dar um “google” para ver.

Concluindo: “Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea. Efetivamente, sobre essa teoria poderíeis edificar um sistema completo, que desmoronaria ao primeiro sopro da verdade, como um monumento edificado sobre areia movediça, ao passo que, se rejeitardes hoje algumas verdades, porque não vos são demonstradas clara e logicamente, mais tarde um fato brutal ou uma demonstração irrefutável virá afirmar-vos a sua autenticidade”. (Erasto, livro dos Médiuns capítulo XX)

Para abrir mais a sua mente: Leia e estude o Livro dos Médiuns.

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

Gostou? Você pode encontrar muito mais no Jornal Abertura – digital, totalmente gratuito.

Acesse: CEPA Internacional


quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Deve haver mais vida do que isso – (There must be more to life than this) – Freddie Mercury - por Alexandre Cardia Machado


Deve haver mais vida do que isso – (There must be more to life than this) – Freddie Mercury


Deve haver mais vida do que isso /  Como lidamos em um mundo sem amor / Consertando todos aqueles corações partidos / remendando aqueles rostos chorando /Deve haver mais na vida do que viver / Deve haver mais que precisar da luz / Por que deveria ser apenas um caso de preto ou branco / Deve haver mais vida do que isso / Por que esse mundo é tão cheio de ódio / Pessoas morrendo em todos os lugares / E nós destruímos o que criamos / Pessoas que lutam por seus direitos humanos / Mas nós apenas continuamos dizendo “ce la vie” / Então esta é a vida
Deve haver mais vida do que matar / Uma maneira melhor para nós sobrevivermos /
Uma esperança viva para um mundo cheio de amor” 

Música de Freddie Mercury da banda Queen  - cantor inglês desencarnado em novembro de 1991.

Estamos vivendo um tempo onde a valorização da vida do outro está em segundo plano, 
Mata-se por vingança, por que o outro olhou feio em um assalto, por o outro ser policial e ser reconhecido pelo bandido, por ter a cor diferente, por torcer por outro clube ou apoiar outro partido.
Ficou nítido que na última eleição a maioria da população votou por algumas coisas, entre  elas destaco o combate à corrupção e o combate ao crime organizado, mas deve haver um jeito de fazer isto sem matar mais, ou não estaremos progredindo nada.

Estrangular o crime organizado, através de espionagem, inteligência e operações muito bem planejadas, reduz e muito a necessidade de atirar nos criminosos, este deveria ser o foco principal. Claro que a sociedade espera que criminosos condenados fiquem afastados das ruas pelo tempo para o qual forem condenados, isto ficou demonstrado.

Todos os presos precisam cumprir no presídio as suas penas? Claro que não, há tipos e tipos de crimes e condenações, mas é preciso refletir sobre algumas práticas como a das “saidínhas”, segundo o  site UOL em 2017 só 94,78% deles voltaram por livre e espontânea vontade. Este é um benefício garantido por lei, se o presdiário esteja detido no sistema semiaberto, já tendo cumprido um sexto da pena (ou um quarto, no caso de reinicidente), apresentem bom comportamento e recebam autorização do Juíz responsável, poderá sair em até 5 de 6 oportunidades anuais. Ora se este benefício abrange 1 milhão de detentos e 5% não retornam, a cada ano escapam 50 mil apenados.

Além disto de 10% a 15% do total, mesmo dos que retornam comentem no período algum time de crime, está claro que esta ação não está diminuíndo a criminalidade e precisa ser repensada, não tenho a solução mas Jacira Jacinto da Silva, com muita experiência na área, apresenta propostas espíritas para o problema e apresenta experiência concreta com a resocialização de presos em seu livro – Criminalidade: Educar ou punir? -  que passa pela reeducação dos presos.

Pensemos um pouco, quanto tempo é perdido por estas pessoas encarceradas em condições, muitas vezes horríveis, o estado tem que aproveitar esta oportunidade para se fazer presente, com ações edificadoras. Como este tempo não é bem utilizado, ao terem oportunidade de sair, uma boa parte acertará contas e cometerá crimes, não conseguimos parar o ciclo negativo.

Educar é preciso, uma população mais instruída, com boas oportunidades de crescimento como pessoa evita que elas se metam no ciclo destrutivo das drogas e do crime organizado.

Como espíritas deveremos apoiar todas as ações que venham na direção de ações socioeducativas, no aqui e agora, se nos basearmos na filosofia espírita, citando Jaci Régis “ que vê o homem um ser imortal que tem como objetivo desenvolver-se em toda a sua essência intelectual e moral”.

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

As mulheres continuam morrendo. Deixam filhos. Alguém está preocupado? por Roberto Rufo

As mulheres continuam morrendo. Deixam filhos. Alguém está preocupado?


Em Reportagem Especial do Jornal O Estado de São Paulo de nome "Os Órfãos do Feminicídio"  somos informados que em pelo menos dois terços dos casos de feminicídio, a mulher assassinada é mãe. Na maioria das vezes deixa dois filhos e em 34% dos casos , pelo menos três. Os dados são de um estudo da Universidade Federal do Ceará que acompanha um grupo de 10 mil famílias vítimas de violência em nove Estados do Nordeste. O trabalho está sendo ampliado para mais quatro Estados : Rio Grande do Sul , Goiás, Pará e São Paulo. O número de órfãos , vítimas do feminicídio, deve aumentar significativamente quando esses dados tiverem sido coletados. Pode-se afirmar isso com uma certeza quase absoluta, pois o número de mulheres mortas em São Paulo bateu recorde em Agosto/2017.

Alguém está preocupado? O Judiciário está preocupado? Os nossos legisladores, em sua maioria homens , estão preocupados ou no momento o importante é salvar suas cabeças?

O Espiritismo jamais aceitará qualquer tipo de teoria que coloque a mulher em situação de inferioridade em relação ao homem. Como dizem os espíritos, somente entre homens pouco avançados do ponto de vista moral a força faz o direito. A instituições tais como a FEESP, a FEB, a USE e a CEPA estão preocupadas com esse quadro assustador do feminicídio? Já se manifestaram oficialmente em defesa da mulher? Se não o fizeram correm o risco de serem confundidas com as religiões neopentecostais, representadas por um pastor que ouvi um dia desses na televisão dizendo que a mulher não foi feita do pé do homem para estar debaixo dos seus calcanhares, contudo não foi feita da cabeça do homem para terem posição de mando no matrimônio . Foram feitas da costela do homem, diz o pastor, para ficarem numa posição subalterna a do homem . Aí fica difícil lutarem contra o feminicídio , que ao mais da vezes são consequência de posições independentes assumidas por algumas mulheres corajosas. Muitas pagam caro por isso. 


                                                                                                                                           Roberto Rufo .

                                        

sábado, 29 de abril de 2017

Os três anos que mudaram o Brasil - por Alexandre Cardia Machado

Os três anos que mudaram o Brasil

Não há como parar de pensar em como a operação da Polícia Federal denominada Lava-Jato mudou o país, e refletir no porquê chegamos a este ponto e no que mudará após o seu término?

Começaríamos listando uma série de acontecimentos relacionados à operação Lava-Jato:
Escândalo envolvendo altos escalões do governo, mostrando um descontrole proposital ou não na gerência das empresas do governo. Não foi a causa básica mas contribuiu para o impedimento  da Presidente da República.

Os ex-presidentes do Senado e da Câmara foram removidos do cargo, sendo que o ex-presidente da Câmara dos Deputados já foi condenado em primeira instância.
Dois ex-governadores do mesmo estado, presos no mesmo dia.
Muitos empresários de sucesso e as diretorias de grandes construtoras foram presos e condenados.
Dezenas de políticos acusados, em delações premiadas.
Foro previlegiado de parlamentares em discussão.
Vários parlamentares que já perderam o mandato.
Incontáveis Ministros de Estado precisaram deixar o cargo por serem acusados ou por tramarem contra a operação Lava-Jato são alguns exemplos disto.

Mas o que isto afeta o cidadão comum. Como nós leitores do ABERTURA reagimos a tudo isto, e o país de uma forma geral?

É evidente que nem todos reagem da mesma forma, uns acham que a legislação existente hoje é ainda muito frouxa, permitindo brechas para os que buscam vantagem ilegal, outros entretanto, pensam que foi dado poder demais para a Polícia. Tudo isto porque a avalanche de corrupção nos deixa atordoados, culpar a polícia seria equivalente a culpar o guarda por nos multar, quando estamos com excesso de velocidade. A origem da multa está no egoísmo e não no controle exercido pelas autoridades.

Estamos todos mais atentos e isto nos fortalece como sociedade. Todas as grandes coorporações se já não dispunham de um sistema de “compliance” ou integridade passaram a adotá-los. Esta é uma mudança importante.

Poderá acontecer uma mini reforma do legislativo, alterando as regras de formação de chapas de candidatos  ao parlamento e a forma de  financiar campanhas, mas nada disso funcionará se não passarmos a acreditar que realmente temos vóz, que somos ouvidos e respeitados.

Acreditamos que pouco a pouco é maior a percepção de que o crime, pode não compensar. 

Especialmente esta classe de crime de colarinho branco que quase nunca se dava mal. Isto mudou.
Como tudo terminará, quantos anos mais teremos de conviver com estas notícias é uma resposta que não saberíamos dar, mas fica a convicção de que ao passarmos por isto geraremos uma Nação.

Tomando as palavras de Allan Kardec, nossas esperanças estão depositadas nas novas gerações que estão encarnando na Terra,  sejam elas “ compostas de Espíritos melhores, ou Espíritos antigos que se melhoraram, o resultado é o mesmo. Desde que tragam disposições melhores, há sempre uma renovação ... “. Que nossos jovens absorvam tudo o que está acontecendo e tirem disto uma lição,  conseguindo a partir desta vivência seguir um caminho mais positivo. Tornando  sua vida mais proveitosa e mais focada no bem comum, menos imediatista e egoísta.


As novas gerações trazem este potencial renovador, com mais disposição, pois a velha guarda de hoje, fracassou, esqueceu os seus sonhos de juventude na amargura da busca do luxo, sem ética.

NR - texto originalmente publicado no Editorial do Jornal Abertura de Março de 2017

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Por Que Somos Simplesmente Humanos! por Jacira Jacinto da Silva

Por Que Somos Simplesmente Humanos!

Jacira Jacinto da Silva




“Por que são mais numerosas, na sociedade, as classes sofredoras do que as felizes?
– Nenhuma é perfeitamente feliz e o que julgais ser a felicidade muitas vezes oculta pungentes aflições. O sofrimento está por toda parte. Entretanto, para responder ao teu pensamento, direi que as classes a que chamas sofredoras são mais numerosas, por ser a Terra lugar de expiação. Quando a houver transformado em morada do bem e de Espíritos bons, o homem deixará de ser infeliz aí e ela lhe será o paraíso terrestre” (O Livro dos Espíritos, q. 931).

Uma rápida pesquisa sobre a biografia das maiores celebridades da história, de qualquer área: ciência, arte, esporte, religião, política, ou outra, revelará que o(a) investigado(a) não pode ser considerado unanimidade, não estava “acima do bem e do mal”, tinha, ou tem, seus defeitos, e não raro apresentava, ou apresenta, alguma característica um tanto estranha aos padrões usuais.

As pessoas trabalham, lutam, buscam o aperfeiçoamento pelo estudo, pela reflexão e a conscientização, mas o estágio da humanidade terrena não induz perfeição, donde se inferem naturais as atitudes muitas vezes mal sucedidas, que denominamos erros. Somos humanos, sendo natural que não acertemos sempre e não podemos esperar perfeição dos outros. Mauro Spinola  diz que cada um dá o que tem.

Todos os dias e em todos os momentos fazemos escolhas; viver é decidir se já é hora de comprar um carro, ou trocar o que temos; se devemos investir em algum negócio, se deveríamos mudar de emprego, se caberia diminuir a carga de trabalho, fazer ou não uma viagem, e até se deveríamos visitar uma pessoa, ou comer algo diferente. Evidentemente, dessas escolhas decorrem consequências, às vezes boas, às vezes razoáveis e pode ocorrer de serem péssimas; muito desastrosas.

Também é certo que todas as nossas ações têm reflexos, não só influenciando os outros, como os atingindo diretamente. E como temos reagido ao sermos atingidos pelas consequências ruins das escolhas das outras pessoas? Certamente, muito mal. Lógico, inadmissível que alguém seja tão irresponsável a ponto de não se preocupar com as consequências dos seus atos; todos deveriam cursar “MBA (Mestre em Administração de Negócios) para aprender a gerenciar riscos” e ninguém, absolutamente, ninguém, portanto nós também, tem o direito de causar mal a outrem.

Nós achamos que estamos sempre corretos, mas deveríamos meditar sobre a seguinte frase atribuída a René Descartes:Não há nada no mundo que esteja melhor repartido do que a razão: toda a gente está convencida de que a tem de sobra” e não esquecer um só dia desta outra proposição do mesmo pensador: Humanamente não existe um ser feliz sem que o outro também seja.

Muito provavelmente esteja nessa última frase a melhor de todas as explicações para o texto epigrafado, extraído de O Livro dos Espíritos. Realmente, nenhuma pessoa, de nenhuma classe social, é perfeitamente feliz, estando o sofrimento por toda parte. A desigualdade social impõe aos que vivem à margem dos bens materiais toda sorte de privação, implicando naturalmente em dores morais como o preconceito e a discriminação. As classes privilegiadas também amargam suas dores; debatem-se no antro da inveja, do ciúme, do egoísmo, da doença física e mental, do crime, dos vícios etc.
Os espíritos encarnados na terra revelam uma variação muito grande de evolução, talvez em infinitos graus, disso resultando o convívio entre pessoas que se doam a causas altruístas, como Irmã Dulce, e que destroem a paz social, como Marcola, no mesmo país, sob as mesmas leis, formados em culturas muito similares. Mas são extremos, por que a maioria dos humanos não está na posição de Irmã Dulce, tampouco na de Marcola, navegando no mesmo barco daqueles que venceram determinados vícios, mas não se desapegam de outros; que lutam contra a própria natureza diariamente, buscando vencer a ignorância, a maldade, a inveja, a gula, a hostilidade, a avareza, a vaidade exagerada, a tentação de enganar, de se prevalecer, a arrogância etc. etc. etc.

Então, por que será que mesmo estando nós nessa condição de relativa igualdade, é tão notória a nossa intolerância com a dificuldade do outro, como se superar limitações fosse tarefa exclusiva dos outros?

A pergunta tem muito a ver com a resposta à questão de Kardec, que termina assim: Quando a houver transformado em morada do bem e de Espíritos bons, o homem deixará de ser infeliz aí e ela lhe será o paraíso terrestre. Talvez no mencionado tempo a sugestão de Descartes faça sentido; por enquanto, essas dificuldades ocorrem por que somos simplesmente humanos!

Jacira Jacinto da Silva, juíza de Direito  reside em São Paulo e Presidente da CEPA

NR: Texto publicado no Jornal Abertura de Setembro de 2015



terça-feira, 6 de dezembro de 2016

O Preconceito, uma doença da alma por Roberto Rufo

O Preconceito, uma doença da alma.

" Sonho com o dia em que todos levantarão e compreenderão que fomos feitos para vivermos como irmãos " ( Nelson Mandela ).

Pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha para o Fórum Nacional de Segurança Pública mostrou uma deplorável visão que os  brasileiros têm sobre o estupro. Um percentual de 30% dos entrevistados concordaram com a frase: " A mulher que usa roupas provocativas não pode reclamar se for estuprada ". Este percentual sobe para 41% entre pessoas que só possuem o Ensino Fundamental. Da mesma forma, 37% concordaram que mulheres que se dão ao respeito não são estupradas. Este percentual sobe para 46% entre os que têm 60 anos ou mais.

É lamentável, que após de anos de luta dos movimentos feministas, de campanhas educativas,tantas pessoas ainda invertam a relação de causalidade. As mulheres deveriam ser vistas como vítimas por essa gente, e não como responsáveis por atos de violência sexual contra elas mesmas.

No Brasil, uma mulher é estuprada a cada 11 minutos, segundo dados oficiais, totalizando quase 50 mil crimes desse tipo por ano. Onde está o papel da educação? Onde está a reação das autoridades?

Mas eu aposto que se essa pesquisa fosse feita entre nossos parlamentares, os índices não seriam muito diferentes dos apontados pelo Instituto Datafolha . Torna-se urgente romper essa cultura machista e atrasada. Paralelo ao ensinamento dos meninos para que não se tornem adultos estupradores, o rigor da lei tem que se fazer sentir sobre esses selvagens. A dificuldade é que leis mais rigorosas contra esse descalabro, terão que ser votadas por parlamentares em sua maioria machistas.

Mudemos de assunto, para um não menos desagradável, a questão do preconceito racial. Novos casos de negros mortos em abordagens policias nos EUA  incendiaram novamente os ânimos da população negra no estado de Oklahoma. Os números sobre a ação policial confirmam, segundo  relatos da mídia americana, o tratamento desigual e injusto. Em 2016, até o momento 706 cidadãos foram mortos pela polícia americana, sendo 40% brancos e 24% negros. Sucede-se que os brancos são 77% da população e os negros 13 % .  Onde os negros habitam, geralmente bairros muito pobres, são os locais mais visados pela polícia. Pode não ser ódio racial, mas é certamente preconceito.  A questão da inserção dos negros no mundo branco e rico ainda não foi resolvida nos EUA.

Aprecio muito o pensamento do filósofo e sociólogo francês, Raymond Aron, quando afirma que " a sociedade americana não passou pelo equivalente da luta contra o Antigo Regime na Europa e não conta com nenhum partido operário ou socialista, uma vez que os dois partidos tradicionais sufocaram as tentativas de um terceiro partido progressista ou socialista. Os princípios da Constituição americana, continua Aron, e do sistema econômico nunca foram seriamente questionados. As controvérsias políticas nos EUA, finaliza Aron, em geral, se apresentam de forma mais técnica do que ideológica ".  
Bom, e o que o Espiritismo tem a ver com tudo isso? Muita coisa, pois em sua teoria do comportamento, a doutrina espírita aborda com clareza a questão da civilização, e o que caracteriza esse termo. No comentário à pergunta 793 do Livro dos Espíritos, Allan Kardec assinala que " a civilização tem seus graus, como todas as coisas... À medida que a civilização se aperfeiçoa faz cessar alguns dos males que engendrou e esses males desaparecerão com o progresso moral ".

Entre os males citados, sem dúvida está o preconceito criado pelo homem e muitas vezes ao fazê-lo carregava uma Bíblia debaixo do braço. As religiões foram céleres em criar preconceitos, notadamente contra as mulheres,  baseados em interpretações equivocadas dos textos ditos sagrados. Se bem que " textos sagrados " sempre ofereceram um grande perigo para a humanidade. Como dizia uma professora de filosofia, Conceição Gmeiner, a Grécia Antiga teve seu apogeu porque na época não existiam nem teólogos nem livros sagrados. 

E continua Kardec, " a civilização, na verdadeira acepção do termo, será quando as leis não consagrem nenhum privilégio, onde a justiça se exerça com imparcialidade, onde o fraco encontre apoio contra o forte e onde todos os homens e mulheres de boa vontade estejam sempre seguros de não lhes faltar o necessário ". Falta muito. O trabalho de conscientização plena ainda levará muitas gerações para se concretizar.

Até lá os negros e as mulheres  sofrerão bastante.  

Um adendo providencial , neste ano será julgado  no Supremo Tribunal Federal o direito das mulheres fazerem aborto em caso de microcefalia causado pelo virus  Zika. Esperemos que prevaleça o bem senso e esse direito seja dado às mulheres . Mesmo porque nenhum homem tomará conta dessas crianças . Será sempre tarefa das mulheres . Deixem-nas terem o direito de optar .
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 Publicado no Jornal Abertura de outubro de 2016.


                                                                                                          


sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

A Política, uma arte em decadência por Roberto Rufo

A Política, uma arte em decadência

" A política é nossa última garantia de sanidade mental " ( Hannah Arendt )

" O marxismo é totalmente religião, no sentido mais impuro da palavra.Antes de tudo, compartilha com todas as formas inferiores da vida religiosa o fato de ter sido continuamente usado, segundo a observação tão precisa de Marx, como um ópio para o povo ". ( Simone Weil )


 Em seu excelente livro " Reflexões sobre um século esquecido 1901-2000 ", o escritor inglês Tony Judt, falecido em Agosto de 2010, faz uma série de perguntas muito intrigantes no capítulo XXII ( O silêncio dos inocentes: sobre a estranha morte da América Liberal ). Eis duas delas: por que os liberais norte-americanos aceitaram a incompetente política externa do ex-presidente Bush, especialmente em relação à catastrófica invasão do Iraque em 2003, resultando na morte de milhares de civis? Por que a seguida ofensiva contra as liberdades civis e a lei internacional, ainda no governo Bush, causaram tão pouca oposição e revolta entre as pessoas que costumavam se importar tanto com essas questões? 

Tony Judt alerta que nem sempre foi assim, e lembra que em Outubro/1.988 o New York Times publicou um anúncio de página inteira com propaganda do liberalismo onde pensadores liberais atacavam abertamente o presidente Reagan.

Hoje o liberalismo é atacado tanto pelos extremistas da esquerda quanto pelos extremistas da direita. Já vai tarde os tempos dos intelectuais formados pela liberal education do professor Mortimer Adler. 

Citemos alguns exemplos de como as coisas hoje mudam de lado rapidamente, ocasionando o triste fenômeno da pobreza política dos dias atuais: a globalização que já foi a besta-fera da esquerda, hoje é atacada pela plataforma populista de direita do candidato Donald Trump. Ontem Vladimir Putin era um ícone da esquerda pelo simples fato de ser contra os EUA. Hoje ele é elogiado pelos direitistas Trump e Marine Le Pen.

Com tudo isso a matéria " ética na política" passou a conhecer um período de vale tudo, em nome da governabilidade, onde as ilusões perdidas da geração de 1960, foram substituídas pela dedicação integral à acumulação material e de poder a qualquer custo.

A obra " Espiritismo e Política: contribuições para a evolução do ser e da sociedade "  do pensador espírita Aylton Paiva representa segundo ele " mais um esforço para conscientizar o leitor espírita quanto à real oportunidade de influência da Doutrina Espírita sobre a ordem social ". Ele tem razão, pois sob o aspecto filosófico o Espiritismo tem muito a ver com a Política, sendo esta  " a arte de administrar a sociedade de forma justa ".

No Brasil, tivemos agora em Agosto/2016 o impeachment da Sra. Dilma Roussef. O atual presidente Temer inspira pouquíssima confiança para tirar o Brasil do grave atoleiro econômico. Nas últimas semanas foi aberta uma nova frente de investigação policial: os fundos de pensão. De novo milhões de reais desviados, agora desses fundos de pensão  aparelhados pelo governo que caiu. E lá estavam eles, os partidos de sustentação do governo anterior, claramente envolvidos também na maracutaia. Afinal a base de sustentação tem que colaborar.

 Por sua vez em uma das fases da Operação Lava Jato aparece o nome do Sr. Aécio Neves, ex-candidato a Presidente da República, que ontem era  oposição e hoje é situação. Depois essa divulgação passou a ter uma postura bem mais reservada, quietinho  para não despertar maiores suspeitas.

Como membro da sociedade o espírita deve participar ativamente da política, até mesmo de forma partidária, para de alguma forma levar a mensagem poderosa da evolução espiritual, se organizando e trabalhando  com o pensamento alicerçado na verdade, na justiça e no amor ao próximo.  Conheci pessoalmente o senador espírita José de Freitas Nobre, sempre exemplificando na política, a honestidade e retidão de caráter. 

Voltando infelizmente aos tristes fatos da política nacional: calcula-se que o cartel dos trens do Metrô e da CPTM em São Paulo tenham causado milhões de reais de prejuízos aos cofres públicos. Dos R$ 2,5  bilhões  que o BNDES emprestou ao Grupo JBS, este repassou 18,5% da grana em doações partidárias para o governo da época. 
O que não se fez em nome da tal governabilidade; falcatruas sempre tramadas a partir da Casa Civil, a nível federal e estadual . E é com essa mediocridade de políticos  que se pretende fazer a transição até 2018. Oremos!
Como muito bem disse o Teólogo Roberto Miguel, mestre em Ciência da Religião pela PUC, se Jesus resistiu às três tentações, o movimento messiânico do governo anterior e os políticos de todos os matizes sucumbiram a todas elas. Como escreveu sarcasticamente o escritor e humorista Millôr Fernandes " VIVA O BRASIL, ONDE O ANO INTEIRO É PRIMEIRO DE ABRIL "

Nos EUA, a trajetória de Donald Trump nos mostra lá como cá, que ampliou-se a aventura política. Os mágicos de sempre aparecem prometendo soluções fáceis para problemas difíceis. 
Uns à direita falam em construção de muros. Outros à esquerda, fingindo-se agora de vítimas,  prometem a multiplicação dos pães mesmo que se destrua noções elementares da ciência econômica. Até hoje não entendi  porque se escolheu como ministro da economia o neoliberal ( afinal o neo liberalismo era a medusa dos tempos modernos )  Joaquim Levy, se como diziam,  as coisas estavam indo muito bem. Obviamente não estavam. Mentiu-se descaradamente. O Brasil foi enganado por uma falsa renovação ética.  

É claro que sempre existirão os crentes, não sei se ingenuamente ou não,  acreditando na tese de que a ex-presidente Dilma e o atual presidente Temer e seu novo séquito habitam mundos distintos. Não, todos vivem no mesmo mundo da dissimulação, do conluio, dos acordos espúrios. Apequenaram a política. E como dizia um antigo narrador esportivo Fiori Gigliotti quando um time tomava um gol,  " agora não adianta chorar ". Moral é que nem virgindade, perdeu está perdida, diz outra frase espetacular do Millôr.

Espíritas, cidadãos de bem, eu sei que a decepção com a política no Brasil e no mundo é grande, mas é oportuno, neste momento, recordarmos a afirmação de Allan Kardec, item 25, de A Gênese, obra editada em 1.868: " O Espiritismo não cria a renovação social; a maturidade da humanidade é que fará dessa renovação uma necessidade. Pelo seu poder moralizador, por suas tendências progressistas, pela amplitude de suas vistas, pela generalidade das questões que abrange, o Espiritismo é mais apto do que qualquer doutrina, a secundar o movimento de regeneração, por isso, é ele contemporâneo desse movimento ". Que texto maravilhoso e útil para o mundo de hoje.

Roberto Rufo. 

NR - Publicado no jornal Abertura outubro 2016


terça-feira, 24 de novembro de 2015

Não ao ódio


Antoine Leiris, francês que perdeu a esposa no atentado de Paris dia 14/11 escreve carta para terroristas e comove o mundo!


“Vocês não terão o meu ódio.


Na noite de sexta-feira vocês acabaram com a vida de um ser excepcional, o amor da minha vida, a mãe do meu filho, mas vocês não terão o meu ódio. Eu não sei quem são e não quero sabê-lo, são almas mortas. Se esse Deus pelo qual vocês matam cegamente nos fez à sua imagem, cada bala no corpo da minha mulher terá sido uma ferida no seu coração.Por isso, eu não vos darei esse presente de vos odiar. Vocês procuraram por isso, mas responder ao ódio com a cólera seria ceder à mesma ignorância que fez vocês serem quem são. Querem que eu tenha medo, que olhe para os meus conterrâneos com um olhar desconfiado, que eu sacrifique a minha liberdade pela segurança. Perderam. Continuamos a jogar da mesma maneira.


Eu a vi esta manhã. Finalmente, depois de noites e dias de espera. Ela ainda estava tão bela como quando partiu na noite de sexta-feira, tão bela como quando me apaixonei perdidamente por ela há mais de doze anos. Claro que estou devastado pela dor, concedo-vos esta pequena vitória, mas será de curta duração. Eu sei que ela vai nos acompanhar a cada dia e que nos vamos reencontrar no países das almas livres a que vocês nunca terão acesso.


Nós somos dois, eu e o meu filho, mas somos mais fortes do que todos os exércitos do mundo. Eu não tenho mais tempo a dar para vocês, eu quero juntar-me a Melvil que acorda de seu cochilo. Ele só tem 17 meses, vai comer como todos os dias, depois vamos brincar como fazemos todos os dias e durante toda a sua vida este rapaz vai fazer a vocês a afronta de ser feliz e livre. Porque não, vocês nunca terão o seu ódio”.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Mulheres - Os números são alarmantes - por Roberto Rufo

“É muito difícil para uma mulher que vive uma situação violenta denunciar” ( ONG Casa del Encuentro – Argentina ) “Deus deu ao homem e à mulher a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir” ( Livro dos Espíritos – Pergunta 817 ) 

  
   A manchete do jornal “A Tribuna” de Santos, por si só já espelha a tragédia vivida pelas mulheres em nosso continente:

“Feminicídio em alta causa dor e envergonha a América Latina”. E aí aparecem os números estarrecedores de mortes das mulheres latino-americanas: uma morte a cada 31 horas na Argentina; 15 por dia no Brasil e quase 2 mil por ano no México. Foram criadas leis para evitá-las, mas o número de crimes de gênero continua alto.

O interessante nisso tudo, para não dizer lamentável, é que em sua maioria são crimes cometidos por homens jovens ou de meia idade, que são de uma geração participante da liberação sexual e dos costumes. No entanto, continuam a ver nas mulheres uma propriedade sua. Aliado ao fato de que as mulheres adquiriram, e isso é muito bom, o direito de dizer não quando algo lhe desagrada na relação, indo até mesmo à separação, se julgar necessário . No passado, as mulheres da geração da minha mãe, por exemplo, não tinham essa ousadia de se afirmar como seres pensantes e participativos. Aí reside o problema e a desgraça para muitas mulheres.

Os senhores do sexo masculino não assimilaram a batalha cultural que as mulheres tiveram que lutar para se afirmarem como seres humanos  plenos. Quando elas manifestam sua independência, muitos não aceitam por se julgarem donos dessa mulheres. A deputada Gabriela Alegre, da cidade de Buenos Aires, diz que esse problema não se resolve apenas com a legislação e a penalização, mas é preciso, segundo ela, enfrentar uma mudança cultural e apontar para a educação.

Allan Kardec, na pergunta 818 do Livro dos Espíritos, indaga de onde se origina a inferioridade moral das mulheres em certos países? A resposta pode ser estendida à violência contra as mulheres: “do império injusto e cruel que o homem tomou sobre ela. É um resultado das instituições sociais e do abuso da força sobre a fraqueza . Entre os homens pouco avançados, do ponto de vista moral, a força faz o direito”. Percebam que os espíritos falam “do ponto de vista moral”, pois entre os agressores há muitos com educação superior.

Maria Eugenia Lanzetti, 44 anos, professora de jardim de infância na província de Córdoba, era separada de um marido obsessivo, contra quem pesava uma ordem judicial de afastamento. Maria chegou a instalar um botão antipânico em seu celular. Infelizmente essas medidas não foram suficientes para evitar o pior. Na manhã de 15 de abril passado, o ex-marido entrou na sala de aula e cortou o pescoço dela na frente das crianças. O ódio era seu habitat cotidiano. Por isso sempre coloquei em dúvida uma afirmação rotineira nos meios espíritas, de que por não ter sexo, o espírito reencarna senão simultaneamente, mas algumas vezes como homem ou mulher.

Fosse assim, aqueles espíritos, como o ex-marido citado, ao passar por algumas encarnações no sexo feminino, já teriam adquirido alguma sensibilidade quanto aos desejos e anseios femininos.   
Conversa fiada, ele sempre reencarnou no sexo masculino e traz seus impulsos machistas há várias encarnações.  A erraticidade não lhe tem sido de grande valia.

Por isso, andou muito bem a Presidente Dilma Rousseff, a primeira mulher a governar o Brasil, ao promulgar uma lei que inclui o feminicídio no Código Penal. E enfatizou que a violência de gênero “acontece em todas as classes sociais”. Kardec tinha muito apreço na modernização das legislações, que segundo ele acabariam levando a uma mudança de comportamento. Em parte isso é muito verdadeiro, pois uma boa legislação devidamente aplicada tem o poder de induzir comportamentos.
Todavia, a mudança cultural é mais lenta e tão importante, até mesmo na Doutrina Espírita, quando diz que a mulher tem igualdade de direitos e não de funções. Isso não é mais válido, pois muitas mulheres são agredidas, por reclamarem justamente por igualdade de funções.   


terça-feira, 23 de junho de 2015

Corrupção: Doença com residência na alma - Por Jacira Jacinto da Rocha

Corrupção: Doença com residência na alma.
19/3/15: Operação Implante
19/3/15: Operação Boneco

Jacira Jacinto da Silva

Não se alcança fácil a corrupção para extirpá-la da sociedade. Em se tratando de doença com residência na alma, pertencente ao conjunto de valores imateriais do ser humano, que não se modifica, tampouco se burila por meras deliberações, haveremos de construir um novo padrão de educação, em que as ações de pais, educadores, políticos e formadores de opinião, reflitam lições! Conversa fiada não serve.



Vivemos tempos difíceis, ou tempos melhores? O mundo está progredindo, ou estaria regredindo? É natural que muitas vezes nos bata um desânimo danado e que em muitas ocasiões cheguemos a pensar que a lei de evolução não se confirma, ou que Kardec se equivocou ao negar a possibilidade de regressão da evolução espiritual.
O cenário político nacional é espantoso, chocante, assustador, diríamos! Quando poderíamos imaginar assistir ao vivo e a cores nossos representantes políticos fazerem suas negociações e barganhas às escâncaras, na frente das câmeras de TV, diante de jornalistas, declarando sem pudor as razões dos seus ardis mais desprezíveis, sob a capa do interesse público? Pois estamos vendo, diariamente. Basta ligarmos a televisão, abrirmos a revista ou o jornal e nos deparamos com essas possibilidades.
O mundo virou pelo avesso? Parece que não; ao meu ver, com o máximo de respeito a quem pensa diferente, estamos sendo mais transparentes, desenvolvemos mais mecanismos de acessar informações, a vida dos representantes políticos está menos obscura, já não permitimos mais tanto autoritarismo, temos sede de informações sobre tudo; enfim, estamos evoluindo!
O mundo está melhor hoje do que já foi no passado, sem dúvida, e a lei do progresso se confirma, na minha limitada visão. Mas, claro, nós estamos bem devagar; atrasados, cheios de egoísmo e dificuldades para superar.
Propõe-se trocar a Presidente da República, e seria maravilhoso se com esse gesto baníssemos a corrupção do nosso país, mas, lamentavelmente não atingiremos esse patamar com tal gesto. E se numa só tacada trocássemos também todos os representantes das Casas Legislativas, Senado e Câmara dos Deputados? Ainda assim não daria. Mas poderíamos, então, substituir os nossos representantes dos três poderes, do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Hum! Que pena, ainda não daria certo. Mas, e se nós mudássemos os representantes políticos do Executivo, do Legislativo e do Judiciário das esferas Federal, Estadual e Municipal, em todos os Estados e todos os Municípios? A razão nos diz que não adiantaria e que a corrupção seguiria sendo um câncer da nossa sociedade.
É possível fazer essa afirmação com facilidade, pois num só dia, 19/3/2015, enquanto o noticiário se dividia entre as várias novidades do cenário nacional, a Polícia Federal efetuava inúmeras prisões decorrentes de duas operações, denominadas “Implante” e “Boneco”, envolvendo pessoas outras, que não pertencem aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Segue um resumo:

Implante: Caxias do Sul/RS – A Polícia Federal, em parceria com a Receita Federal, deflagrou nesta manhã (19/3/2015) a Operação Implante com objetivo de combater um esquema de fraudes no Imposto de Renda da Pessoa Física. Investigações apontaram o funcionamento de um esquema de fraudes, no qual despesas médicas fictícias eram inseridas na Declaração de Imposto de Renda de Pessoa Física – DIRPF, com a finalidade de reduzir o imposto a pagar e obter restituições indevidas. Apenas em despesas odontológicas e médicas, estima-se que a fraude ultrapassa R$ 1,5 milhão.

Boneco: Rio de Janeiro/RJ – A Polícia Federal, o Ministério da Previdência Social-MPS e o Ministério Público Federal deflagraram hoje (19/3/2015) a Operação Boneco para desarticular uma quadrilha que fraudou o INSS em mais de R$ 7 milhões. Numa primeira etapa, os servidores envolvidos da Previdência Social concediam benefícios fictícios, ou irregulares para pessoas que não faziam jus. Algumas vezes, o LOAS era concedido a pessoas inexistentes utilizando-se documentação falsa.
A segunda célula era responsável pelos saques dos benefícios previdenciários irregulares. Idosos eram recrutados e se faziam passar pelos verdadeiros beneficiários para fazer o saque nas instituições financeiras. Cada idoso assumia até mais de dez identidades diferentes, recebendo uma quantia fixa para cada saque efetuado. Os idosos eram tratados pela alcunha de “boneco”, daí a origem do nome da operação. O prejuízo, apenas dos mais de 350 benefícios identificados, chegava a superar o valor mensal de R$ 200 mil. A PF estima que a quadrilha lesou o INSS em mais de R$ 7 milhões.


Vi com certa surpresa pessoas reagirem agressivamente contra Marina Silva pelo fato de ela ter declarado que a corrupção não é um problema desse ou daquele político, mas de todos nós. Houve quem dissesse, até com manifestação odiosa, que não tinha nada a ver com isso.
Ouso dizer que a corrupção é sim problema de todos nós, pois se trata de doença crônica, com sede na alma, vulnerável a pequenas oscilações das “condições ambientais”. Dizem que ninguém tem imunidade absoluta, mas é certo que a filosofia espírita oferece muito bons antídotos. Particularmente, penso que a primeira lição espírita, sobre a qual deveríamos refletir diariamente, está na questão n. 913 de OLE. Dentre os vícios, qual o que se pode considerar radical? “Temo-lo dito muitas vezes: o egoísmo. Daí deriva todo mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos há egoísmo”.
É pelo nosso egoísmo e por nenhum outro motivo que aceitamos acessar todos os canais de TV por assinatura sem pagar nada, fazendo um simples “gato”; que reduzimos a conta de água ou de luz, colocando um desvio no relógio; que compramos um recibo de dentista ou de médico para reduzir o IR; que colocamos o valor do imóvel adquirido abaixo do valor real na escritura para sonegar o ITBI; que compramos produtos piratas; que fazemos caixa dois em nossa empresa; que registramos a empregada com valor menor do que pagamos; que furamos fila; que tentamos subornar guarda para evitar multa; que apresentamos atestado médico falso; que batemos ponto pelo colega de trabalho etc.
Sempre atenta ao direito do outro de pensar diferente, entendo ser sagrado o direito de contestar contra os abusos, mas precisamos nos educar antes de tudo. Quem pratica ato de corrupção (pequeno pode?) não tem o direito de exigir lisura do outro, nem mesmo dos seus representantes políticos. Presenciei pessoa que não paga seus impostos – eu sei, pois tem uma empresa e já me confessou o uso do caixa dois – participando do panelaço. Não tem moral.
A palavra, no meu entender, está com Leon Denis:

O estado social não sendo, em seu conjunto, senão o resultado dos valores individuais; importa antes de tudo de obstinar-nos nessa luta contra nossos defeitos, nossas paixões, nossos interesses egoístas.
O estudo do ser humano nos leva, pois, a reconhecer que as instituições, as leis de um povo, são a reprodução, a imagem fiel de seu estado de espírito e de consciência e demonstram o grau de civilização ao qual ele chegou. Em todas as tentativas de reformas sociais é preciso falar ao coração do povo ao mesmo tempo que à sua inteligência e à sua razão.
A sociedade não é senão um agrupamento de almas. Para melhorar o todo, é preciso melhorar cada célula social, isto é, cada indivíduo (o grifo é meu).
  
Um grande educador escreve para a eternidade.
Faço minhas as suas palavras, Eminente Professor.



Jacira Jacinto da Silva, juíza de Direito em São Paulo, membro do CPDoc, da CEPABrasil e cofundadora da Fundação Porta Aberta. É autora do livro Criminalidade: Educar ou Punir? que você pode adiquirir aqui no ICKS, através do email: ickardecista1@terra.com.br


terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Como Conviver com a Barbarie? - Alexandre Cardia Machado

Nos últimos anos, quando já pensávamos que a humanidade havia passado o limite da barbárie, alguns conflitos com base religiosa teimam em nos provar ao contrário, nos obrigando a comentar e tomar partido.
Nos anos 90, o desmanche da Iugoslávia, nos mostrou cenas absurdas de extermínios causados por cristãos sobre muçulmanos, que resultou com a intervenção da OTAN, para evitar o pior.
Cenas como estas repetem-se ainda hoje em alguns países africanos, como por exemplo o Sudão que dividido por lutas religiosas em dois países, continuam matando e causando terror nas populações interioranas. Na década de 80, também do século passado no Camboja, tivemos, quem sabe o pior dos piores regimes liderado pelo Kmer Vermelho, que recrutava crianças para seu exército.
Vemos com muita preocupação o que se passa no Oriente Médio, protagonizado pelo  chamado ISIS ou Estado Islâmico – grupo formado por muçulmanos sunitas, que pretendem estabelecer um califado na região onde hoje existem a Síria e o Iraque.
Esta região foi dividida, não por povos ou facções muçulmanas, mas sim pela queda do domínio  colonial europeu, criando uma geopolítica já com um grande potencial de litígio, some-se a isto todos os interesses relacionados ao fator petróleo.
Todas as semanas recebemos notícias de que o Estado Islâmico decapitou alguns homens aqui,  algumas mulheres lá – provocando pânico nas populações, usando da mesma formula que tantos outros grupos fizeram no passado, como já citado, ao lutar contra governos poderosos. Hoje toda esta problemática se multiplica pela instantâneadade que a internet possibiliza, cenas de decapitação ao vivo, para provocar o medo não apenas localmente, mas globalmente.
A reação do ocidente, desta vez apoiado por vários governos islâmicos locais não poderia ser outra, segue-se o protocolo, leva-se o problema ao Conselho de segurança da ONU e inicia-se um bombardeio aéreo. O mundo civilizado, estabelece regras mínimas de ética a ser aplicada em situações de guerra, é a chamada Convenção de Genebra, que evidentemente estes grupos não se submetem.
Allan Kardec, na questão 749 do Livro dos Espíritos, nos oferece o esclarecimento dado pelos Espíritos, em 1858 com relação à validade desta prática odiosa.

 749. Tem o homem culpa dos assassínios que pratica durante a guerra?

“Não, quando constrangido pela força; mas é culpado das crueldades que cometa, sendo-lhe também levado em conta o sentimento de humanidade com que proceda.”

Não existe, sob esta ótica, justificativa para execução sumária, sem julgamente e amplo direito de defesa, de prisioneiros de guerra, ou de qualquer outro tipo de execução por discordância de pensamento.
Segundo o diretor da entidade oposicionista - Observatório Sírio de Direitos Humanos -  Rami Abdulrahman, disse  que, na última semana de setembro que cinco combatentes curdos que lutavam contra o Estado Islâmico, incluindo três mulheres, e mais quatro rebeldes árabes sírios foram capturados e decapitados na terça-feira em um local 14 quilômetros a oeste de Kobani, uma cidade curda cercada pelo Estado Islâmico, nas proximidades da fronteira turca.
"Não sei por que foram presos e decapitados. Somente o Estado Islâmico sabe o por quê. Eles querem assustar as pessoas", disse ele.

Não há como concordar com isto e ao não concordar, infelizmente somos obrigados a apoiar a intervenção militar, apesar de todos os problemas e perdas de vida que a mesma provoca.
Texto Originalmente publicado como Editorial no Jorna Abertura em Outubro de 2014.

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domingo, 11 de janeiro de 2015

Je suis Charlie - ABERTURA



E você?

Somos parte de uma organização cultural e nossa arma é a razão em suas várias expressões. Não podemos jamais concordar com atos terroristas, vivemos e defendemos a liberdade e os direitos fundamentais do Espírito.

O Jornal Abertura, o ICKS e seu blog demonstram claramente seu desagrado com o ocorrido em Paris, é preciso caminhar na direção do entendimento e da fraternidade.

Dê a sua opinião espírita sobre o ocorrido.

Alexandre Machado

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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Rolezinho - por Gisela Régis

ROLEZINHO....A reportagem "Eu não quero ir no seu shopping" (Veja - 22 de janeiro") suscitou comentário de um leitor que achei muito pertinente e o qual reproduzo aqui: "A reportagem me chamou a atenção por revelar detalhes que vão além do preconceito ou da desigualdade social, como pregam os simpatizantes de causas sociais. Por trás de cada rolezinho estão pais sem autoridade, que abrem mão de seus pequenos salários, conquistados com trabalho árduo e dignidade, para alimentar os desejos consumistas de seus filhos, jovens que creem cegamente que roupas e acessórios absurdamente caros ditam o caráter e os valores de um individuo. São pais que não sabem dizer não e que, por inúmeros motivos, não conseguiram ensinar valores como respeito e dignidade a seus filhos. Os rolezinhos servem para esfregar na cara da sociedade que a defasagem da educação no Brasil não somente é um mal que acomete as escolas como denuncia que elas devem ser repensadas desde o nascimento pelos pais. Infelizmente a sociedade e o governo populista que só quer angariar votos enxergam no fenômeno somente o preconceito e a desigualdade social, fazendo a maioria pensar que a culpa de os rolezinhos existirem é da suposta classe média consumista e ostentadora que trabalha para sustentar os governantes e seus projetos pseudossociais." - Stefanie Veras de Oliveira

LIVRO DOS ESPIRITOS - Da Lei do Progresso - capitulo VIII
Pergunta 785. Qual o maior obstáculo ao progresso?
"O orgulho e o egoísmo. Refiro-me ao progresso moral, porquanto o intelectual se efetua sempre. A primeira vista, parece mesmo que o progresso  intelectual reduplica a atividade daqueles vícios, desenvolvendo a ambição  e o gosto das riquezas....Curta, porem, é a duração desse estado de coisas, que mudará a proporção que o homem compreender melhor que, além da que o gozo dos bens terrenos proporciona uma felicidade existe maior e infinitamente mais duradoura."
E você? qual a sua opinião sobre esse assunto?

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Opinião em Tópicos: Justiça não é vingança - Milton Medran Moreira

Justiça não é vingança



Em tempos de discussão sobre a redução da maioridade penal, chamou atenção depoimento com o título acima, publicado na Folha de São Paulo (28/4). Sua autora: a jornalista Luiza Pastor, 56. Ela foi estuprada quando tinha 19 anos por um menor com alentada folha policial que já fora detido várias vezes por fatos semelhantes. Levada por terceiros à delegacia, reconheceu o garoto delinquente, identificado como PS, e conheceu sua história: filho de uma prostituta, era criado pela avó, evangélica,“que tentara salvar-lhe a alma à custa de muitas surras”. A conversa que ouviu dos policiais foi de que não adiantava mantê-lo preso, coisa que, aliás, não fora pedida por ela. “Esse é dos tais que a gente prende e o juiz solta”, disseram, acrescentando: “O melhor mesmo é deixar ele escapar e mandar logo um tiro”. Não concordando com a solução, Luiza foi chamada de covarde e ainda teve de ouvir: “Se está com pena dele, vai ver que gostou!”.

Um destino implacável


Traumatiza com o fato, Luiza foi embora do país. Retornou depois de muitos anos. Agora, sempre que ouve falar em redução da maioridade penal recorda a história de PS, de quem nunca mais soube. Renova, então, a crença de que se o Estado não investir fortemente em educação dirigida a milhares de jovens em idênticas condições daquele, “teremos criminosos cada vez mais cruéis, formados e pós-graduados nas cadeias e ‘febens’ da vida”.

Se PS ainda vivesse, teria uns 50 anos, hoje. Mas, é quase certo que não vive mais. No Brasil, dificilmente alguém com seu perfil passa dos 30 anos. Morre antes, por doenças contraídas na cadeia, quando não abatido pela polícia ou em disputa com outros delinquentes.

A teoria e a prática


Teórica e tecnicamente, a redução da maioridade penal seria defensável. Um garoto de 15, 16 ou 17 anos, hoje, tem plena capacidade de entender o caráter criminoso de seus atos. Mas, na prática, de nada vai adiantar encarcerá-lo e submetê-lo às péssimas condições de nossos presídios, onde inevitavelmente se fará refém de bandos de experientes criminosos que comandam o ambiente prisional e coordenam, além de seus muros, a violência da qual todo o país se tornou igualmente refém. Sem qualquer possibilidade de aquisição de valores positivos que só o trabalho e a educação, desenvolvidos em ambiente minimante humanizado, poderiam lhes oferecer, esses garotos, que nem lar tiveram, simplesmente não têm chance de recuperação. A sociedade e o sistema os fizeram irrecuperáveis. E pena que não recupera é inócua. É vingança que nega a justiça.

Criminalidade e reencarnação


Numa concepção imediatista e materialista, a solução de “mandar logo um tiro”, sugerida pelo policial, poderia se justificar. À luz de um humanismo espiritualista, entretanto, estamos todos comprometidos uns com os outros. Criminalidade é doença da alma. E é contagiosa. O egoísmo de alguns, a injustiça social, o orgulho e a arrogância de tantos, a falta de solidariedade, são agentes desencadeadores do crime cujos efeitos atingem “culpados” e “inocentes”. Numa perspectiva imortalista e reencarnacionista, a ausência de políticas pedagógicas e de justiça social, no presente, assim como o exercício da vingança privada ou social, no lugar de uma justiça recuperadora, constituem-se em políticas a repercutirem negativamente nas sociedades do futuro. Adiar significa agravar. E já adiamos demasiadamente.

Artigo publicado em Maio no Jornal Abertura de Santos e no Jornal Opinião de Porto Alegre.