quinta-feira, 19 de abril de 2012

A Ecologia à Luz do Espiritismo por Junior da Costa e Oliveira


Este artigo foi originalmente publicado no Jornal Abertura de agosto de 2011.
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ECOLOGIA À LUZ DO ESPIRITISMO

Junior Costa Oliveira

A ecologia é, atualmente, um dos temas mais discutidos pela sociedade em geral. Iniciaremos nosso estudo analisando o termo “Ecologia” em oikos (casa, lugar onde se vive) e logos (estudo de); e a sua definição como a ciência das inter-relações entre os organismos vivos e o meio ambiente.

Os estudiosos da matéria comentam que, desde cedo, o homem tem se interessado pela Ecologia e, já nos primeiros tempos, para sobreviver, precisava ter conhecimento definido do seu meio, procurando compreender as forças da Natureza em seus diferentes reinos (mineral, animal e vegetal). No início, o homem primitivo observava o céu, os ventos, a chuva, as variações das temperaturas, percebendo que estes eventos influenciavam o meio em que habitava, porém com o passar dos milênios, tem usurpado o seu meio ambiente, provocando uma série de eventos danosos.

O ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, em seu livro de 1992 “O equilíbrio da Terra”, mencionou que não surpreende que o homem tenha se tornado tão desconcertado com o mundo natural. O homem tinha uma ideia de um mundo sem futuro e, hoje, começa a entender através de experiências que, obrigatoriamente, a procura é pelo equilíbrio saudável dos elementos da natureza, com o equilíbrio saudável das forças dos sistemas políticos.

O Espiritismo tem dado a sua contribuição como ciência que se preocupa com o meio ambiente e suas repercussões, já que a natureza é um dos pontos que os espíritos (encarnados) utilizam para desenvolver suas habilidades, buscando atingir o progresso como ser imortal.

O Livro dos Espíritos, no capítulo V, Lei de Conservação, menciona que “a Terra produziria sempre o necessário, se com o necessário o homem contentar-se. Se o que nela produz não lhe basta a todas as suas necessidades, é que ele emprega no supérfluo, o que poderia ser empregado no necessário”. Entenda-se que o materialismo exacerbado é a causa de todos os eventos da natureza, pois o modelo econômico imposto à sociedade atual é fruto de produção de bens de consumo mais caros e sofisticados, produzindo além do necessário. Surge então uma nova questão nos dias de hoje: “Você já parou para pensar como é a nossa relação com o meio ambiente atual? Quais são as nossas responsabilidades perante a emissão de carbono na atmosfera, o aquecimento global, a produção cada vez maior de lixo e o possível esgotamento dos recursos naturais da Terra?” Emmanuel coloca no livro “O Consolador” que devemos entender a Natureza como elemento importante para o progresso espiritual do homem, pois ela é a própria essência de Deus, e o meio ambiente influencia de maneira decisiva a existência do espírito, pois afetará a sua personalidade, o seu progresso e a sua transformação como ser, buscando novas condições materiais e morais.

André Trigueiro, jornalista da Rede Globo, com pós-graduação em Gestão do Meio Ambiente, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, autor do livro “Mundo Sustentável” acredita que o Movimento Espírita tem que absorver e contextualizar, à luz da Doutrina, os sucessivos relatórios científicos que denunciam a destruição dos recursos naturais não renováveis. A preocupação com os atuais meios de produção e consumo precipitarou a humanidade na direção de impasse civilizatório, onde o lucro justifica os meios, além de atentarmos pelo uso insustentável dos mananciais de água e os seus efeitos (a desertificação do solo), o aquecimento global, a monumental produção de lixo e, finalmente, os efeitos colaterais de um modelo de desenvolvimento ecologicamente predatório, perverso e injusto.

A pergunta 799 do Livro dos Espíritos questiona “de que maneira o Espiritismo pode contribuir para o Progresso?” A resposta afirma que ‘destruindo o materialismo’, que é um ponto das chagas da sociedade, levando-nos a discutir e entender o que é necessário e o que é supérfluo. E, este ponto, passa pela questão moral, pois o espírita deve entender que quando o planeta adoece, o projeto evolutivo fica comprometido, e deve acreditar que não podemos ficar inertes. Alguns, em atitudes comodistas diante deste cenário, pensam que tudo se resolverá quando se completar o ciclo da Terra. Puro engano. Precisamos ficar em alerta e agir imediatamente, pois resta-nos esperanças de mudar este quadro, hoje, nada favorável.

A correção do rumo do desenvolvimento sustentável é possível, pois já temos vários diagnósticos que nos ajudariam a resolver o problema da água, mas nada está sendo feito e, segundo a ONU, sua escassez já atinge dois bilhões de pessoas. Existem tecnologia e vários pequenos projetos no mundo, de dessalinização da água dos mares, que poderiam ser multiplicados. André Trigueiro diz que a ciência ecológica oferece um amplo espectro de observação, interligando sistemas que variam do micro ao macrocosmo. O Espiritismo desdobra este olhar na direção do plano invisível, alargando enormemente o campo de investigação, pois a Ciência Espírita e a Ecologia são afins há pelos menos 150 anos, já que ambas têm a mesma visão sistêmica para a defesa da biodiversidade, o uso sustentável dos recursos naturais, o consumo consciente e primam pelos projetos coletivos sem detrimento dos individuais.

E, finalizando, o Movimento Espírita deveria “acordar” para as oportunidades que o mundo oferece e contribuir com o vasto conhecimento sobre a vida material e espiritual que a teoria dispõe, a fim de que a evolução do espírito pudesse acontecer em um mundo auto-sustentável.

Portanto, espírita, sua participação é fundamental, mas para isso tem que haver ação efetiva, opinião pois, afinal, somos todos responsáveis pelo que fazemos ou deixamos de fazer. Mãos à obra!

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